TIRADENTES
– Herói da Pátria, Rua no Bairro São Francisco e nome do Conjunto Habitacional Cabos e Soldados, em Boa Vista – Roraima.
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Joaquim José da Silva Xavier (O Tiradentes) nasceu em 1746 na Fazenda do Pombal, entre São José e São João Del Rei (Minas Gerais/MG). Era filho de um pequeno fazendeiro. Ficou órfão de mãe aos nove anos e perdeu o pai aos 11. Não chegou a concluir o curso primário. Foi morar com seu padrinho, Sebastião Ferreira Dantas, um cirurgião que lhe deu ensinamentos de Medicina e Odontologia. Ainda jovem, ficou conhecido pela habilidade com que arrancava os dentes estragados das pessoas. Daí veio o apelido de “Tira-dentes”.
Em 1780, tornou-se um soldado e, um ano à frente, foi promovido a alferes (Aspirante-a-Oficial), no Regimento de Cavalaria Dragões de Minas Gerais. Nesta mesma época, envolveu-se na “Inconfidência Mineira” contra a Coroa portuguesa, que explorava o ouro encontrado em Minas Gerais. Tiradentes foi iniciado na Maçonaria pelo poeta e juiz Cruz e Silva, amigo de vários inconfidentes.
A Inconfidência Mineira foi uma revolta contra a dominação colonial ocorrida no final do século XVIII (18) em Minas Gerais. Em sua maioria, os inconfidentes eram membros da elite social e intelectual mineira.
Tributos – Nas últimas décadas do século XVIII, a mineração entrou em declínio com o esgotamento dos depósitos de aluvião e o peso dos quintos, tributação oficial correspondente à quinta parte de toda a produção. Desde 1740, essa cota estava fixada em 100 arrobas (1,5 mil quilos) de ouro anualmente, qualquer que fosse a produção, e isto empobreceu as vilas e o povo.
Em contrapartida, a sociedade mineira reagiu contrabandeando ouro e diamantes e promovendo conspirações para justificar o atraso no pagamento dos quintos. As autoridades da metrópole (Lisboa, capital de Portugal) aumentaram a vigilância nas estradas e a fiscalização na arrecadação e ameaçou executar a derrama, a cobrança forçada dos impostos atrasados.
Derrama – No início de 1789, o governador de Minas Gerais, visconde de Barbacena, anunciou a derrama para arrecadar 596 arrobas (8 940 quilos) de ouro. Esse anúncio revoltou um grupo de conspiradores que se reunia clandestinamente em Vila Rica para discutir o futuro do Brasil. Entre eles estavam intelectuais como José Álvares Maciel, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa, os padres Luís Vieira, Carlos Correa de Toledo e Melo e José da Silva Rolim, o tenente-coronel dos Dragões Francisco de Paula Freire de Andrade e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Também participam dos encontros os contratadores portugueses Joaquim Silvério dos Reis, Domingos de Abreu Vieira e João Rodrigues de Macedo. Inspirados nas ideias iluministas, liberais e republicanas, eles defendiam a Independência da colônia (Brasil). Além disso, pregavam a adoção de moeda própria, a livre circulação de diamantes, a instalação de indústrias e a fundação de universidades.
Traição – O anúncio da derrama (a cobrança do ouro) levou os conspiradores a acelerar os preparativos da revolta, dentro e fora da capitania de Minas Gerais. Mas o visconde de Barbacena soube da conspiração pelo português Joaquim Silvério dos Reis e outros, que traíram os companheiros em troca do perdão de suas dívidas fiscais. Como reação imediata, o governador de Minas suspendeu a cobrança geral e mandou prender os conjurados. Quase todos foram encontrados em Vila Rica. Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro, para onde foram enviados os outros envolvidos no processo judicial.
Punição exemplar – A devassa arrastou-se até 1792. No início daquele ano foram lidas as sentenças dos réus. Muitos foram condenados à morte, mas tiveram a pena comutada por prisão ou degredo na África. Tiradentes, no entanto, foi o único condenado à morte, sem direito à clemência ou perdão das autoridades portuguesas.
Diferentemente dos demais inconfidentes, ele era de origem pobre e tinha pouca instrução. Esses fatores, acrescidos a seu empenho em defender os ideais do grupo durante o julgamento, transformam-no em alvo preferido das autoridades coloniais. A execução ocorreu no Rio de Janeiro, no Largo da Lampadosa, em 21 de abril de 1792. Seu corpo foi levado do Rio de Janeiro de volta à Minas Gerais, onde foi esquartejado e a cabeça, exposta no alto de um poste na praça central da cidade de Vila Rica.
Tiradentes foi o primeiro líder popular da luta pela Independência do Brasil. Em 1822, Tiradentes foi reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira e, em 1865, proclamado “Patrono Cívico da nação brasileira”.
“Recentemente”, no dia 21 de abril de 1992, por ocasião do bicentenário de sua execução, o Tiradentes teve o nome inserido no ”Livro dos Heróis da Pátria” (Livro criado pela Lei nº 7.919, de 11 de dezembro de 1989).
Aqui em Boa Vista, capital do Estado de Roraima, seu nome denomina uma Rua no Bairro São Francisco – Centro. E, há também um Conjunto Habitacional, “Cabos e Soldados”, da Polícia Militar de Roraima, que o homenageia. O “Conjunto Tiradentes” foi assim denominado por meio de um Projeto de Lei do então vereador Vingtum Praxedes (Vantan Praxedes) e sancionada pela Prefeita Teresa Surita, como Lei municipal nº 309, de 04/10/1993, sendo publicada no Diário Oficial do Município de Boa Vista de nº 090, do dia 11/09/1993