Minha Rua Fala

MINHA RUA FALA 10267

RUA PADRE CALLERI

Morto à flechada pelos índios Waimiri-Atroari em 1968

Bairro São Francisco

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Era o dia 31/10/1968 — (…)Hoje de madrugada, um de nossos melhores homens abando­nou a expedição. Tudo indica que, se faltarem orações, às flechas não tarda­rão a voar“. (última mensagem do Padre Giovanni Calleri).

O padre Callerinasceu no dia 15 de abril de 1934, na cidade de Carrú, na Itália. Foi ordenado sacerdote no dia 26 de junho de 1957 e, por cinco anos, exerceu o ministério sacerdotal na diocese de Mondovi, Itália.

No ano de 1962 pediu e recebeu a licença de entrar no Instituto Missões Consolata. Emitiu a primeira profissão religiosa no dia 12 de janeiro de 1965 e um mês depois foi destinado à missão da Prelazia de Roraima, onde desenvolveu uma intensa e original atividade missionária entre os Yanomami, dando o melhor de si.

Em junho de 1968 aceitou ser o guia – o chefe de uma perigosa expedição como pacificador entre os Indígenas Wamiri-Atroari, os quais se opunham à construção da estrada (BR-174), que atravessava a sua região e ligava Manaus a Venezuela.

O Padre Calleri era um homem de caráter forte e tinha profunda dedicação aos índios, e, por eles, foi sacrificado. Morreu na floresta no dia 01 de novembro de 1968, sendo sepultado em Boa Vista.

Os Waimiri-Atroari vivem na região do rio Alalaú, divisor de águas que separa Roraima do Estado do Amazonas. O grupo se espalha numa região compreendida pelos rios Jauaperi, Camanau, Uatumã, Santo Antonio do Abonari, Alalaú e seus afluentes, todos à margem esquerda do rio Negro.

As primeiras notícias desses índios datam do século XVII. Os Waimiris-Atroaris, eram também conhecidos como: Aroaquis, Crichanás, Tarumás, Caripunas, Cericunás, Alalaus, Jauperi e Wautemiri. O relacionamento com a sociedade ´´branca“, manteve-se em paz até no início do século XIX, quando o comércio e a exploração dos castanhais, em suas terras, passaram a ser atividades lucrativas.

Às margens do Rio Negro foram criadas várias comunidades e outros pequenos vilarejos, como por exemplo a Vila de Moura (no dia 12 de janeiro de 1879, essa Vila foi atacada pelos Waimiris-Atroaris).

Boa Vista, enquanto lugarejo, pertenceu à Vila de Moura, até a criação do município de Boa Vista do Rio Branco (09/07/1890).

Muitas missões tentaram conquistar os índios dando-lhes presentes na tentativa de pacificá-los, mas todas tentativas foram em vão. Em apenas vinte anos de história, 40 brancos e 150 silvícolas foram mortos nessas tentativas de aproximação mútua. Até que o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem –DNER-, coordenando o DER do Amazonas, recebeu a missão de continuar as investidas de aproximação dos índios Waimiris, na esperança de que eles permitissem a construção da BR-174 através da reserva.

Foi convidado o Padre Calleri para realizar a missão de contactar os índios, não a serviço do DNER, mas na condição de mensageiro da Paz. Sua expedição era composta de 07 homens e 02 mulheres que devia contactar os que moravam no lugar.

 “Acabamos de fazer, juntamente com os índios a segunda e última viagem de transporte de material do acampamento Abonari. Nosso sistema, nessa expedição preliminar é o seguinte: primeiro, mostramos que somos trabalhadores e não aventureiros; segundo, queremos que o índio participe de nossa atividade, para que a aprecie e não destrua. Devemos usar com eles o critério de uma justa recompensa, e não o sistema de doação. O primeiro objetivo estamos alcançando com sucesso”

Noutro trecho de sua narrativa, Calleri escreveu:

“Ontem à noite, fomos obrigados a estudar um meio para comprar, com objetos, todas as armas do grupo que nos acompanha, para podermos viajar mais sossegados. Com extrema facilidade, passam da calma à violência”. (essa foi a sua última mensagem).

Toda a missão Calleri foi encontrada morta a flechadas. Era o dia 01 de novembro de 1968.

Quando da chegada dos corpos em Boa Vista, a comoção tomou conta do povo. Lágrimas e aplausos de louvor pela coragem da Missão.

Em homenagem a esse feito, a Câmara Municipal denominou uma rua no bairro São Francisco com o nome de Rua Padre Calleri. Esta rua nasce na Avenida Major Williams e termina na Rua Adolfo Brasil.

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