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DOUTOR FRANCISCO ELESBÃO

Pronto Socorro – o médico do povo

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            Poderia começar este texto com a frase: “Médicos que salvam vidas”, e estaria correto ao escrever tal assertiva. E, não só os médicos, em si, mas toda a equipe multidisciplinar que compõe o apoio à saúde do roraimense (enfermeiras, técnicas auxiliares e tantos outros) merece o nosso reconhecimento e gratidão.

Hoje a doença que causa pavor e morte é causada pelo Coronavírus (o Covid-19), o vírus que surgiu na China e se espalhou pelo mundo. O Covid-19 é uma doença altamente contagiosa provocada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2).

Em Roraima, de acordo com o Boletim Epidemiológico publicado pela Secretaria Estadual da Saúde, datado de 19 de outubro de 2020 (www.saude.rr.gov.br e no Portal “roraimacontraocorona.rr.gov.br), a nova atualização informa que o Estado contabiliza até o momento 686 óbitos.

Antigamente, a tuberculose era uma doença tão estigmatizada, quanto a AIDS, já foi um dia e matava tanta gente quanto mata hoje o Coronavírus. Havia um forte preconceito sobre quem fosse portador da turbeculose. Os doentes eram isolados em quartos separados e depois enviados para os “Sanatórios”, como eram chamados os hospitais adaptados para receber os pacientes. A tuberculose, tal qual o coronavírus, ataca diretamente os pulmões. A expectativa de vida do doente era curta.

Hoje, a Tuberculose tem cura por meio da associação de medicamentos quimioterápicos. O tratamento (de seis meses) é gratuito e oferecido pelo SUS.

O personagem de hoje, o Dr. Francisco Elesbão da Silva, era um médico especialista no tratamento da Tuberculose e de outras doenças pulmonares. Ele dedicou muitos anos de sua experiência médica em cuidar da saúde das pessoas, de forma gratuita, principalmente àquelas que não tinham condição financeira de pagar por um tratamento numa clínica particular. Aliás, ele nunca teve e nunca quis trabalhar numa clínica particular. Todo o seu atendimento se dava nos hospitais públicos. Era um médico do povo a serviço do povo.

            Francisco Elesbão da Silva, médico baiano, filho de família pobre, seu pai era um pescador. Com sacrifício financeiro conseguiu formar-se em Medicina e especializou-se em Tisiologia, que é um ramo da medicina responsável pelo estudo das causas, prevenção e tratamento da Tuberculose. Esta doença transmissível é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido por bacilo de Koch, que afeta os pulmões, mas também pode atingir outros órgãos e sistemas (provocando a tuberculose extrapulmonar).

             Elesbão formou-se em 1950 e começou a trabalhar como médico na Companhia de Navegação da Bahia, onde atendia diariamente os trabalhadores da empresa. Em 1952, recebeu um convite do médico, também baiano, Dr. Reinaldo Neves, que já estava em Boa Vista e trabalhava na Divisão de Saúde do Governo do Território Federal do Rio Branco. O convite foi transmitido pelo pai do Dr. Reinaldo Neves, o senhor Antônio Branquinho.

            Francisco Elesbão, ao chegar a Boa Vista, foi contratado para trabalhar na Divisão de Saúde, situada è época numa casa na Praça Fábio Barreto Leite (próxima a hoje Orla Taumanan). No final de novembro de 1952, a Divisão de Saúde foi transferida para uma das salas do prédio onde hoje está o Tribunal de Justiça (prédio azul) ao lado da Assembleia Legislativa. Na Divisão de Saúde funcionava também o primeiro Laboratório público de Análises Clínicas, sob a supervisão do técnico em enfermagem Oscar Martins dos Santos.

            Os médicos Francisco Elesbão e Sylvio Lofêgo Botelho formaram uma eficiente parceria no atendimento público. Eles atuaram no Hospital Nossa Senhora de Fátima, Coronel Mota e na DAMI – Divisão de Assistência à Maternidade e à Infância (onde hoje está Secretaria Estadual de Planejamento – Seplan) na Rua Coronel Pinto, Centro. Eles faziam quase tudo, desde a realização de Partos e outras cirurgias mais complexas, até mesmo atendimento nas residências (e, sem cobrar nada).

            Esta parceria profissional e de forte laço de amizade, resultou na dupla política: “Café com Leite”, o Elesbão, negro; e o Silvio Botelho, branco. Assim, em 1965 houve eleição para deputado federal, e venceu o Dr. Elesbão, pelo PSD, eleito com 2.871 votos. Elesbão foi Deputado Federal no período de junho de 1965 a janeiro de 1967.

 E, em 1970 o médico Sylvio Lofêgo Botelho foi eleito deputado federal.

Após o término do seu mandato, permaneceu em Brasília onde foi convidado para trabalhar como médico no Ministério de Minas e Energia e, depois, por mais de 15 anos trabalhou no Hospital Regional do Gama, que é referência nacional no tratamento de Tuberculose. Foi nesta época, e graças à equipe médica do Hospital do Gama, a Tuberculose, como epidemia, foi erradicada do Brasil. Hoje, aparecem casos isolados e, imediatamente curados com quimioterapia. O Dr. Elesbão também trabalhou no Centro de Saúde – Unidade Mista da Asa Sul, em Brasília.

O Dr. Francisco Elesbão casou em 1954 com a roraimense Manoelina de Jesus Lima (“dona Santinha”). O casal teve os filhos: Antônio Elesbão, Francisco, Alzira, Eurico, Paulo, Petrus, e Mário Elesbão (todos com sobrenome “Lima da Silva”). Deles descendem 12 netos. 

Já doente, o Dr. Elesbão resolveu vir morar em definitivo em Boa Vista, na sua antiga residência na Rua Alfredo Cruz, esquina com a Avenida Getúlio Vargas.

O Dr. Elesbão foi homenageado ainda em vida pelo então Governador Ottomar de Sousa Pinto, que denominou o prédio onde se presta os primeiros socorros em casos de acidentes e de outras ocorrências, com o nome de: “Pronto Socorro Estadual Dr. Francisco Elesbão” (situado ao lado do Hospital Geral-HGR). Um ano depois o Dr. Francisco Elesbão da Silva faleceu em Boa Vista (às 12h20 do dia 12/09/2001, aos 79 anos de idade). O seu corpo foi velado na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo.

Em 2010, a Assembleia Legislativa o homenageou “in memoriam” com o Título de: “Orgulho de Roraima”.