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FAMÍLIA SOUZA CRUZ – PARTE 2

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Na semana passada, escrevi a primeira parte (PARTE 1) da História da Família Souza Cruz; a origem (em 1787, na cidade de Setúbal, em Portugal, com o nascimento de Horácio de Souza Cruz, casado com Ana Maria Venâncio); a vinda para o Brasil (Belém do Pará e depois para Boa Vista-Roraima); os filhos do casal; a chegada em Boa Vista; os casamentos dos filhos e netos; E, me ative a um destes filhos, o major Alfredo Venâncio de Souza Cruz, que veio servir como oficial no Forte de São Joaquim.

Para quem não sabe, Alfredo Venâncio de Souza Cruz foi o segundo prefeito de Boa Vista, quando substituiu Mário Homem de Melo, em 1946, na época em que aqui era o Território Federal do Rio Branco. Há em sua homenagem a “Rua Alfredo Cruz”.

Na edição passada, escrevi a história de Armando de Souza Cruz (1929 – 2010), filho do casal Salomão Matroniano e Vitória Mota Cruz. O Armando Cruz era neto do major Alfredo Venâncio de Souza Cruz (Alfredo Cruz).

Hoje, nesta reportagem, em destaque, um dos filhos do major Alfredo Cruz, o senhor Jesus Nazareno de Souza Cruz.

Era a noite de 25 de dezembro de 1897, o major Alfredo Cruz estava a passeio na cidade de Óbidos, no Pará, com a esposa Francisca Mardel Lopes de Magalhães. Nessa noite nasceu o filho do casal. Como era Natal deram-lhe o nome de Jesus Nazareno, acrescentando-lhe o sobrenome Souza Cruz. Passado poucos dias, o casal retornou para Boa Vista. Dois anos depois a senhora Francisca Mardel, faleceu.

Quanto ao major Alfredo Venâncio de Souza Cruz, dedicou-se ainda mais aos filhos e aos negócios da família. Ao falecer, recebeu a patente de Tenente-Coronel e deixou como herança várias fazendas e mais de 12 mil cabeças de gado.

O filho Jesus Nazareno foi para Manaus estudar em colégio interno e, depois retornou à Boa Vista, onde passou a trabalhar na fazenda “Sant’ana” (Santa Ana) do seu irmão Homero Sapará de Souza Cruz. E, nessa parceria, conseguiu ganhar dinheiro e comprar gado suficiente para montar a sua própria fazenda, a “Fazenda Jerusalém”, na região do Uraricoera, até hoje pertencente à família.

Jesus Nazareno Cruz foi contratado pela firma J.G. Rosas de Araújo (de Homero Cruz e J. G. de Araújo), que tinha um comércio com o nome de “Filial”, na Rua Floriano Peixoto, esquina com a Avenida Jaime Brasil, centro.

Jesus Cruz foi administrador das fazendas: “Nova Olinda”, “Santa Maria”, “São Salvador”, “Jacitara”, “Caranã”, “Santa Rosa”, e “Tucumã”, pertencentes à firma J.G.Araujo.

Em 1943, Jesus Cruz se firmou como fazendeiro e, assim, na região do Uraricoera, fundou as fazendas Jerusalém e Santa Rita. E, comprou a fazenda “Monte Cristo” (que um dia pertencera à sua avó Liberata Mardel de Magalhães).

Jesus Cruz casou com a senhora Dila Mota D’Oliveira Cruz. Ela era filha de Genaro D’Oliveira e de Raimunda Motta D’Oliveira – filha do coronel Mota. Com esse matrimônio consolidou-se o entrelaçamento das famílias Motta, Souza Cruz e Magalhães. O casal teve 7 filhos: Bernadete, Ovídia, Odílio, Marcos, Stélio, Edílio e a professora Maria da Conceição de Souza Cruz Nascimento (“Concié”).

Anos depois, ao ficar viúvo, Jesus Nazareno casou-se com a jovem Lires Mota de Magalhães, irmã da sua falecida esposa Dila. O casal teve 14 filhos: Janecy, Maria das Graças, Alfredo, Jelir, Roraima, Raimunda, Jacenir, Jacy, Janice, Stélio Baré, Getúlio, Janir, Janilda, Suely, Sandra, Jesus Filho e Soraia.

Jesus Cruz não se interessou muito pela política, não obstante, atendendo a reiterados convites aceitou o cargo de presidente do antigo M.D.B – Movimento Democrático Brasileiro. A sua posse no cargo foi prestigiada pelo próprio dirigente nacional do partido o Deputado Ulisses Guimarães.

Jesus Nazareno gostava de Futebol. Era torcedor do Fluminense e sócio fundador do Baré Esporte Clube, de quem se tornou o seu maior incentivador.

Já na idade mais avançada dedicou-se a um de seus hobbys preferidos: o artesanato em madeira, couro, e em outras matérias primas.

Jesus Nazareno nasceu no dia 25/12/1897 e faleceu no dia 27/12/1980.

Em virtude de haver prestigiado o ensino nesse ex-Território; de haver construído a primeira escolinha na região Monte Cristo; por haver, pessoalmente, contribuído com algumas escolas da capital e do interior, foi lhe homenageado com seu nome em duas escolas neste Estado. Uma no Município de Caroebe, propriamente na Vicinal 48 – Km 07 – BR-210. E, outra, no bairro Caranã, inaugurada no dia 28 de setembro de 1990. Além de uma importante rua no bairro da Liberdade.

A denominação de “Rua Jesus Cruz” foi de autoria do ex-vereador José Alves Tabosa, através da Indicação n.º 07, de 02 de abril de 1981.

Quanto à esposa, Lires Mota de Magalhães Cruz, nasceu em Boa Vista em 4 de maio de 1920. Ela era filha de Coronel Mota, primeiro Superintendente/prefeito da cidade. Casou aos 16 anos com Jesus Nazareno de Souza Cruz, que já possuía quatro filhos. Foi mãe de mais 17 filhos e adotou os outros quatro como filhos legítimos. Conhecida como Tia Lili, faleceu no dia 4 de maio de 2006.

Em sua homenagem, o Governo do Estado criou através do Decreto nº. 027/E, de 25 de fevereiro de 2010, o Diploma de “Honra ao Mérito Lires Mota de Magalhães Cruz”, a ser concedido sempre no dia 8 de março, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, e refere-se à contribuição destas mulheres ao município de Boa Vista e ao Estado de Roraima. Na primeira edição (em 2010), foram homenageadas 38 mulheres.