Personagem VIVA da nossa HistóriaCecy Lya Brasil – Presidente da Academia Roraimense de Letras
A família Brasil é originária do Município de Mombaça, interior do Estado do Ceará. O sobrenome “BRASIL” foi adotado nos idos de 1824, logo após a “Confederação do Equador” – movimento de revolta popular ocorrido nos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, pretendendo implantar a República no Brasil.
O Imperador D. Pedro I, ao tomar ciência desta revolta, enviou uma numerosa tropa militar comandada pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva, por terra, e pelo almirante britânico Lord Thomas Cochrane, por mar, que se deslocaram do Rio de Janeiro para Pernambuco, invadindo e tomando Recife em 12/09/1824. Os principais líderes revolucionários foram presos, enquanto outros foram mortos, como o líder maçom e frade católico o Frei Caneca (Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca).
No deslocamento, fugindo das tropas imperiais, os líderes do movimento no Estado do Ceará fizeram um pacto para que adotassem um sobrenome de origem regional. Assim, os irmãos Bento Ferreira Marques e Leonardo Ferreira Marques, adotaram o sobrenome “Brasil”. Eis aqui, portanto, a origem da família Brasil.
Com a abdicação do Imperador D. Pedro I (em 1831) e a implantação da Regência (1831-1840), os líderes da “Confederação do Equador” foram anistiados, dentre eles os dois irmãos, já com os novos sobrenomes: Bento Brasil e Leonardo Brasil, e ingressaram na vida militar em 1840.
No mesmo ano Bento Brasil tornou-se Alferes (Aspirante-a-Oficial), depois tenente e, em 1850, após a participação em combates no Uruguai e na Argentina, foi promovido a Capitão. Seu irmão Leonardo Ferreira Marques Brasil, pelas mesmas razões, foi agraciado com o título de “Barão de São Leonardo”.
Após a Guerra, o Leonardo veio para Manaus onde se tornou Presidente da Província do Amazonas (Governador). E, em 1868, com o início do ciclo da borracha, implantou a iluminação da cidade de Manaus, construiu o Palácio residencial, o Colégio Liceu e o Jardim Botânico do Amazonas.
Quanto ao Capitão Bento Ferreira Marques Brasil, foi para a região de Jaguarão no Rio Grande do Sul, onde se casou com Cecília Correia Ruiz. Em 1855 apresentou-se em Manaus para comandar o contingente das Guarnições da Província do Amazonas. E, em abril do mesmo ano, veio para o vale do rio Branco (Roraima) comandar o Forte de São Joaquim.
O capitão Bento Brasil, quando terminou seu tempo de serviço miliar, fundou a fazenda São Pedro à margem esquerda do rio Branco. Da união de Bento Marques Brasil com Cecília Ruiz, nasceram vários filhos. Dentre eles Theodoro Bento – pai de Adolpho Brasil.
Theodoro Bento recebeu as insígnias de coronel da Guarda Nacional, passando a ser conhecido como “Coronel Bento Brasil”. E, como político, foi quatro vezes Deputado Estadual representando o município de Boa Vista do Rio Branco na Assembleia Estadual do Amazonas. Depois, foi eleito Senador, quando teve seu mandato cassado por atos revolucionários dos que assumiram o poder na época.
Seus três filhos: Jaime Brasil, Adolpho e Aluísio, assim como o seu neto Olavo foram prefeitos de Boa Vista. Aluísio, posteriormente, foi prefeito de Manaus.
Adolpho Brasil casou-se em primeiras núpcias com Ester Mota e, em segundo casamento, com Thereza Lopes de Magalhães (dessa união nasceram os filhos: Oder, Maria das Dores Brasil, Maria Thereza, Amazonas, Riobranco, Parimé, Aníbal Tepequém, Adolfo Filho, Petita (Luiza Carmem) e Cecy Lya Brasil).
Adolfo Brasil nasceu na fazenda Santa Cecília (28/10/1889); diamantário, foi proprietário do Tepequém; dono de inúmeras fazendas e de embarcações; foi também um dos fundadores da Grande Loja Maçônica de Roraima; Político; foi presidente da Arena e Prefeito de Boa Vista (1934), quando instalou a primeira usina de energia elétrica na cidade. Adolpho faleceu no dia 15/03/1974. E, a sua esposa Thereza Magalhães, no dia 27/07/2003.
E, aqui está a 21ª (vigésima primeira) filha do casal Adolpho e Thereza Magalhães Brasil: a Presidente da Academia de Letras do Estado de Roraima, Cecy Lya Brasil, nascida no dia 27/05/1948. Cecy é uma genuína boa-vistense que ama a terra onde nasceu e a descreve em livros e poesias. É autora da Coleção Ajuri (1987) – livros com 06 (seis) Lendas roraimenses: O Ajuri, Pedra Pintada, Macunaima, Cruviana, Tupã-Quem e Canaimé. Também publicou o Livro: “História, Lendas e Mitos de Roraima” (1997), escrito em três idiomas: português, espanhol e inglês. Também é de sua autoria os “Históricos dos desfiles alegóricos nas datas cívicas” comemoradas à época do Território Federal (07 de Setembro e 13 de Setembro). Recentemente publicou o “Calendário” – com fotos e históricos das matriarcas das famílias tradicionais de Boa Vista, edições nos anos 2015/16 e 2017.
Cecy Lya Brasil já trabalhou no Garimpo. No período de 1983 a 1986 adentrou a região do rio Quinô, montou uma equipe de mais de 10 homens, comprou maquinário e balsa e se instalou na área garimpeira. O nome ela escolheu: “Garimpo Areia Branca”, e o seu barracaão: “Cinco Satélites”. Comandava todos, mas também fazia o trabalho árduo que todos faziam e, por isto, era admirada e respeitada pelo grupo.
De volta a Boa Vista, passou a ser fornecedora de alimentação para os detentos do sistema prisional, inclusive implantou a primeira horta comunitária, instituiu salários para os apenados que participava do serviço na cozinha, na feitura dos alimentos, além do trabalho social com músicas, alfabetização de 52 detentos, e apresentação teatral (com ajuda do ator Chacon). Este seu trabalho foi elogiado pela Comissão da Polícia do Canadá, vinda de Quebec, quando esteve em Boa Vista em visita ao sistema prisional de Roraima.
Cecy Lya Brasil casou-se em 1966 com o comerciante de ouro e diamante o cearense José Audir Teixeira e, desta união, nasceram 06 filhos: Andréia, Gizelle, Marcelle, Adolpho Brasil Teixeira e os gêmeos Marcelo e o Junior (José Audir Teixeira Junior).
Cecy é servidora pública federal desde 1979, quando iniciou na antiga Aster/RR, e continua ativa até hoje, atualmente no Departamento do Patrimônio Histórico de Roraima, instalado numa das salas do Palácio da Cultura “Nenê Macaggi”, no Centro Cívico.