Minha Rua Fala

Minha Rua Fala 12 09 2018 6907

UM VALE DE LÁGRIMAS NO VALE DO RIO BRANCO  Os Imigrantes

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É deveras preocupante a situação dos milhares de migrantes que estão adentrando o Estado de Roraima. E, não são só venezuelanos, mas também haitianos, peruanos, colombianos, angolanos, porto-riquenhos, guianenses e de outras nacionalidades.

Na Venezuela quando as lágrimas caem, respingam em Roraima, enchem os nossos olhos e molham o nosso rosto, haja vista que a maioria dos imigrantes daquele país, adentram o nosso território através do município de Pacaraima, na fronteira norte de Roraima.

De acordo com a Polícia Federal, 120 mil pessoas já entraram no país. Dessas, algumas voltaram para a Venezuela, outras foram para outras localidades. Aqueles que tem recursos financeiros, seguem viagem para outros Estados. Os demais ficam em Boa Vista, à procura de abrigo e de trabalho.

A chamada “interiorização” (envio de imigrantes para outros Estados – com a garantia de trabalho e moradia-), atendeu até hoje uma média de 900 pessoas. Isso, praticamente, corresponde a dois dias de entrada de venezuelanos, via Pacaraima.

Estes problemas começaram em Roraima, há pelo menos 10 anos. Na realidade é um somatório de negligência, inoperância, má vontade política para não resolver, e mais vontade política para que continue assim ou piore ainda mais. Há uma nefasta crença política de que um povo sem dinheiro e sem emprego, aceita qualquer migalha para saciar sua fome, mesmo que isto aniquile a sua autoestima.

Decerto que na Venezuela há sofrimento de um povo. O grito por socorro é abafado pelas lágrimas e os ouvidos dos países vizinhos estão moucos. O Brasil, mesmo solidariamente recebendo diariamente estes imigrantes, chegará num momento em que não suportará mais as despesas financeiras que acarretam desta ajuda humanitária.

O Governo de Roraima pediu ajuda ao Governo Federal para que envie suplemento financeiro a fim de custear parte das despesas que o Estado teve e tem todos os dias com os imigrantes, desde a instalação de abrigos, assistência médica, alimentação, entre outros suportes que requerem dinheiro e gastos que não estava previstos no orçamento do estado.

Governo federal recusa-se a atender por completo às reinvindicações formuladas pela governadora de Roraima, alegando que já enviou o suficiente. Por sua vez, o governo de Roraima diz que não procede esta informação. E, assim, no meio de tudo, está o imigrante – que não entende nada do que se está discutindo. Enfim, o puxa-encolhe continua até que se resolva de vez, a situação atual. Do jeito que está não pode ficar.

O imigrante venezuelano tem deixado o seu país diante da grave crise econômica, política e social, com inflação alta e desabastecimento de produtos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,8 milhão de migrantes entraram em toda a União Europeia em quatro anos, enquanto 2,3 milhões de venezuelanos deixaram o país em dois anos. 

Governo estadual tem recebido apoio do Exército, da Aeronáutica e da ONU Brasil, para transferir parte dos imigrantes venezuelanos que estão em Boa Vista. Nesta semana, estão sendo transferidos para outras seis cidades brasileiras, mais de 270 imigrantes. Deste total, 189 serão levados para Manaus (63), 71 pra João Pessoa (na Paraíba) e 55 para São Paulo, segundo informou o governo de Roraima. Está é a 6ª etapa do processo de interiorização e que vai continuar amanhã, quinta-feira (dia 30), com a transferência de 60 pessoas para Goioerê, no Paraná, 25 para o Rio de Janeiro e quatro para Brasília.

A meta, de acordo com informações do Governo de Roraima, será a transferência de 400 imigrantes semanalmente durante o próximo mês de setembro. De abril até julho, 820 venezuelanos foram levados para outros estados brasileiros. 

Enquanto isto, para aqueles que não conseguiram a transferência, o Governo Federal enviou de Brasília, para Boa Vista, profissionais da área da saúde que darão assistência médica-humanitária nos abrigos onde os imigrantes estão alojados provisoriamente, até que haja outro processo de transferência. 

Interiorização é uma iniciativa do Governo Federal criada para ajudar venezuelanos em situação de vulnerabilidade social a encontrar melhores condições de vida em outros estados brasileiros. Por se tratar de um processo voluntário, o número de pessoas a serem transportadas pode sofrer alterações até o momento do embarque. Ou seja, qualquer um pode desistir de viajar e, permanecer em solo boa-vistense.

A ação conta com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da Agência da ONU para as Migrações (OIM), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

É importante frisar que os imigrantes demandam muitos serviços públicos: hospitais,  vacinações, escolas e limpeza pública. Eles procuram os serviços assim como os brasileiros. Quando chegam aos postos de saúde, por exemplo, vão entrar na fila com os brasileiros.

Neste contexto, nota-se que os brasileiros hoje são minoria e se sentem perdendo seus direitos. Por exemplo: vão esperar mais tempo na fila, as escolas estão lotadas e, se continuar nesse ritmo, haverá um déficit em todo o sistema governamental em 2019. O que não é bom pra ninguém. Por isto, urge uma resposta adequada a esta situação que vem se arrastando há muito tempo.