INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, ENSINADA EM PORTUGAL E NO BRASIL.
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Nós, brasileiros, aprendemos na escola sobre como ocorreu a Independência do Brasil em relação a Portugal.
Dom Pedro I, ao voltar de Santos/SP para o Rio de Janeiro, foi encontrado pelo carteiro Paulo Bregara que conduzia uma Carta de dona Maria Leopoldina (esposa de D. Pedro I), assinada também por José Bonifácio de Andrade e Silva, na qual Leopoldina contava os últimos fatos ocorridos com o recebimento de uma Carta enviada das Cortes portuguesas exigindo a volta de D. Pedro e, o imediato retorno do Brasil à condição novamente de Colônia de Portugal.
Então, ocorreu aquela história do brado de D. Pedro, no dia 7 de Setembro de 1822: “Independência ou Morte” !!!! (se bem que esta história não foi bem assim, nem o cavalo branco estava naquela cena que se vê na pintura do quadro “Independência ou Morte”, de autoria de Pedro Américo). A Independência aconteceu em 1822 e o quadro foi pintado entre 1886 e 1888, ou seja, 66 anos depois do fato ocorrido.
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Já para os portugueses, a história é esta:
D. João VI (6º), pai de D. Pedro I, voltou para Portugal depois das Cortes Portuguesas exigirem que todos os membros da realeza que estavam no Brasil, voltassem para Portugal. D. João VI, partiu do Rio de Janeiro em 1821 e deixou em seu lugar o filho, o príncipe dom Pedro.
Não satisfeitas, as Cortes portuguesas passaram a exigir que o príncipe D. Pedro, que havia ficado no Brasil, também voltasse para Portugal. Ele não concordou e aconteceu o “Grito do Ipiranga” (o tal grito de “Independência ou Morte”), proclamado às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo.
O Brasil ficou independente e D. Pedro de Alcântara se tornou D. Pedro I do Brasil.
No dia10 de março de 1826, D. João VI morreu em Portugal e, como uma das consequências, o D. Pedro I do Brasil foi aclamado como D. Pedro IV (4º) de Portugal.
Como os dois países não desejavam ter o mesmo monarca, D. Pedro IV (no caso, o nosso D. Pedro I do Brasil) abdicou o trono a favor da filha (que estava em Portugal), D. Maria da Glória. Na época, a menina tinha quinze anos. E, mesmo assim, ela já estava prometida em casamento ao seu tio Dom Miguel. Ele tinha a pretensão de casar com sua sobrinha e ficar no controle do Reino até maioridade de D (Dona) Maria.
Passado pouco tempo, D. Miguel usurpou o trono e se fez rei. Como primeiro ato, dissolveu o Parlamento e se tornou absoluto e ditador, o que provocou o conflito com seu irmão D. Pedro (que estava no Brasil)
Em 1831, D. Pedro abdicou o trono brasileiro e retornou a Portugal e, lá se envolveu na Guerra Civil Portuguesa. Esse conflito foi resultado da crise de sucessão que estourou no país até 1834, entre os partidários dos dois irmãos.
D. Pedro saiu vitorioso do conflito e assegurou a coroa para a filha, Maria da Glória, que se tornou a rainha Maria II (2ª) de Portugal, em 1834.
Maria da Glória era brasileira, nascida no Rio de Janeiro no dia 04/04/1819. Em 1826, deixou o Brasil com destino a Viena, na Áustria, onde foi educada pela Corte. Ela faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 15/11/1853, aos 34 anos de idade.
D. Pedro I nasceu em Lisboa no dia 12/10/1798, e onde faleceu no dia 24/09/1834, aos 36 anos de idade.
Quanto ao irmão, Dom Miguel, este nasceu em 1802, e após o conflito com D. Pedro, foi expulso de Portugal e passou o resto da vida no exílio. Morreu na Alemanha em 1866.
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O QUADRO “INDEPENDÊNCIA OU MORTE” !!!
A imagem de D. Pedro I às margens do Ipiranga, montado num cavalo, segurando uma espada e gritando “Independência ou morte!”, em meio a uma enorme comitiva, é conhecida por quase todos os brasileiros que estudam um pouco da história do país. Mas nem todos sabem que essa cena foi, na verdade, criada por um homem: Pedro Américo, o pintor do quadro “Independência ou Morte”, hoje exposto no Museu Paulista (mais conhecido como Museu do Ipiranga), em São Paulo.
A imagem que consagrou o “7 de Setembro” é verossímil, mas não relata com exatidão o ocorrido no Dia da Independência. “Foi uma cena produzida pela imaginação do pintor. O próprio Pedro Américo reconheceu que seria impossível fazer uma relação entre a pintura e o episódio. Não apenas porque havia uma grande diferença de tempo (a tela foi pintada em 1888, e a Independência ocorreu em 1822), mas também porque não seria possível reconstituir minuciosamente o acontecido, pois faltavam relatos”, disse a historiadora e professora da USP Cecília Helena de Salles, coautora do livro “O Brado do Ipiranga”.
No quadro, pintado por Pedro Américo, diz a professora Cecília, “as diferenças entre realidade e imaginação, são significativas. Primeiro: não era comum usar cavalos, mas sim mulas, para fazer o trajeto da Serra do Mar (entre o Rio de Janeiro e São Pauylo). Os uniformes também eram galantes demais para o tipo de viagem que D. Pedro I estava fazendo. Sua comitiva também nem era tão numerosa – no máximo levava 14 pessoas. “A pintura histórica retrata o episódio de maneira grandiosa, e Pedro Américo criou toda uma situação na tela para ressaltar esse aspecto”.
Concluindo: ”D. Pedro I estava voltando a São Paulo quando recebeu documentos vindos de Portugal e, depois de os ler, declarou o Brasil independente”, finalizou a professora Cecília.
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PEDRO AMÉRICO, autor da pintura do Quadro “Independência ou Morte”!!!,
Pedro Américo era paraibano, nascido em 29 de abril de 1843 (1843-1905) na atual cidade de Areia, na época uma vila chamada Brejo d’Areia. Desde a infância, apresentava vocação para a pintura, tendo aos dez anos, participado como desenhista da flora e da fauna em uma expedição científica pelo nordeste do Brasil, feita pelo naturalista francês Louis Jacques Brunet. Com cerca de treze anos, ingressou na Academia Imperial de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro. Seu desempenho na Academia o tornou conhecido até pelo imperador D. Pedro II, que patrocinou uma viagem a Paris e os estudos do pintor na Escola Nacional Superior de Belas Artes, onde o artista aperfeiçoou seu estilo, principalmente em pintura histórica.
Pedro Américo foi também historiador,
filósofo, escritor, romancista e poeta. Mas, sem dúvida, seu grande destaque foi como pintor.
Em 1886, o conselheiro imperial Joaquim Inácio Ramalho, então presidente da Comissão do Monumento do Ipiranga, firmou um contrato com Pedro Américo, pelo qual o artista se comprometia a pintar, em três anos, um “quadro histórico comemorativo da proclamação da independência pelo príncipe regente D. Pedro nos campos do Ypiranga”.
O prazo para a elaboração da tela seria de três anos, e seria pago a Pedro Américo o valor de trinta contos de réis (o dinheiro à época), além dos seis contos que o artista recebeu ao assinar o contrato, dinheiro destinado aos primeiros estudos e atividades preparatórias para a obra.
Inteiramente pintada em Florença, a obra “Independência ou Morte”, foi concluída um ano antes do prazo, e apresentada pela primeira vez na Academia de Belas Artes de Florença, na Itália, em 8 de abril de 1888.
Sofrendo desde a infância com beribéri, Pedro Américo praticamente ficou cego, além de empobrecido com a crise nacional no começo da República (1890). Faleceu no dia 7 de outubro de 1905 e foi provisoriamente sepultado no Rio de Janeiro. Somente mais tarde seu corpo foi transferido para sua cidade natal, Areia, na Paraíba.
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A título de informação, eis o nome completo de D. Pedro I: “Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon”.