Francisco Cândido – “ Resgatando a memória para preservar a História”
O senhor Cupertino Leandro de Oliveira nasceu no dia 17/02/1927 na cidade de Barreiras, na região oeste do Estado da Bahia e, no início de 1950 foi para Anápolis/Goiás onde instalou um comércio de vendas de gêneros alimentícios. Depois se empregou como Tratorista na empresa Paranapanema de terraplanagem, e veio em 1963 para Boa Vista.
Nesta época, o Território Federal de Roraima estava recomeçando a atividade garimpeira nas regiões do Tepequém, Paapiú, Suapi e Mutum, o que fez ressurgir o fluxo de migrantes para Boa Vista. O Baiano, então, deixou o emprego de Tratorista e instalou um comércio na localidade do Mutum por onde passavam os garimpeiros que iam e vinham das localidades próximas ao rio Maú, na fronteira do Brasil com a Guiana.
Com o passar do tempo, outras áreas foram exploradas, os garimpeiros se mudaram e o Baiano resolveu retornar prá Boa Vista onde instalou um comércio na Avenida Major Williams, no Bairro São Francisco. Depois, mudou-se para a Avenida Mário Homem de Melo, em frente ao IML. E, por fim, montou um Bar na Avenida Ataíde Teive, esquina com a Rua Guilherme Brito.
No auge da atividade garimpeira (1988 a 1990) a cidade de Boa Vista recebeu mais de 30 mil pessoas, vindas das mais diferentes regiões do País. E, circulou tanto Diamante, Ouro e dinheiro que a Rua Araujo Filho, no Centro da cidade, foi chamada de a “Rua do Ouro”, devido às dezenas de casas comerciais instaladas com o propósito de compra e venda.
O Aeroporto de Boa Vista chegou a registrar diariamente mais de 200 voos de pequenos aviões tipo Cesna e até helicópteros envolvidos no transporte de pessoas e materiais, incluindo “rancho” e maquinários de garimpo.
O Baiano ampliou o Bar, transformando-o na “Boate do Baiano”, concorrendo com outras à época: Minéia, Privê, a Boate Julio Iglesias, a Boate “Dos Amores”, a Conceição, o Zero Grau, a Lilita, a Boate da Acreana e dezenas de outras, fervilhando as noites boa-vistenses.
Mas, tudo tem começo, meio e fim. Em 1991 o Presidente da República Fernando Collor de Mello assinou o Decreto nº 022/1991, concedendo plenos poderes à Funai e a Polícia Federal para “limpar a área”, isto é, retirar os garimpeiros que trabalhavam na região. Estas operações incluíam dinamitar pistas de pousos, apreender aeronaves e prender quem continuasse a praticar garimpagem. Os garimpeiros foram embora, as Boates fecharam e só restou como lembrança o “Monumento do Garimpeiro” na Praça do Centro Cívico. E, mesmo sendo apenas uma estátua, o representante da Funai em Boa Vista a acusou de “incitar o crime ambiental”. O povo se manifestou contrário e o Monumento do Garimpeiro continua até hoje lá na Praça.
Quanto ao Baiano (Cupertino Leandro de Oliveira), encerrou suas atividades comerciais, fechou a Boate (na Avenida Ataide Teive, esquina com a Rua Guilherme Brito), alugou os quartos para moradia de famílias e mora na casa ao lado. Ele foi casado com a senhora Valdevina Lopes de Oliveira. O casal tem os filhos: Jurandir, Ataídes, Carmelita e Milton. Depois, casou-se com a senhora Maridete Araújo da Silva, e com ela tem as filhas: Renata, Vânia e Vanessa. Hoje o Baiano tem 12 netos e está com 88 anos de idade.
Jornalista e Radialista Reg. 060-DRT/RR [email protected] 01/09/2006