RUA RENATO TORRES E SILVA
Simpatia – o virtuoso do Cavaquinho – o Príncipe do Chorinho
Ex-Rua “B”` – Bairro Caçari.
A Rua Renato Torres e Silva, ex-Rua“B”, se situa entre as Ruas Delzuita Mutran Paracat e Araçazeiro, no Bairro Caçari. O Renato Torres foi imortalizado como “Simpatia” – devido ao seu sorriso espontâneo e a sua prestatividade em ajudar aos amigos, aos quais tratava a todos como “Simpatia”. Nasceu no dia 22 de junho de 1910, em Recife/PE.
Renato Torres, ainda muito jovem, como aluno militar no quartel de Tiro de Guerra nº 313, participou da Revolução de 1930, sendo um dos que integraram a tropa que tomou de assalto o Quartel do 21º Batalhão de Caçadores, em Recife, sob o comando de Carlos de Lima Cavalcante, o líder revolucionário de Pernambuco naquela época. Após esse embate, Renato Torres deixou o Exército e foi para o Rio de Janeiro em busca de novos horizontes profissionais. Como já tocava Bandolim, procurou o meio artístico e se especializou em instrumentos de corda (violão, bandolim, violino, cavaquinho, entre outros), mas também tocava piano.
Em 1945, Renato Torres participou de inúmeros programas na Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Mayrink Veiga e Tupi, criando um seleto grupo de amigos que eram artistas famosos à época, e que o convidavam sempre para apresentações.
Em 1950, o Governador do Território Federal do Rio Branco (Roraima), professor Jerocílio Gueiros, de passagem pelo Rio, convidou o mestre “Simpatria” para vir a conhecer Boa Vista. A ideia do governador era desenvolver aqui um projeto musical de estímulo ao meio artístico e cultural. Inicialmente foi oferecido ao Renato Torres, o cargo de Diretor da Seção de Material do Governo. Mas, o seu forte era a música, e, além de executar o projeto musical, fazia apresentações nas praças e no pequeno estúdio da famosa “Caixa D`água”, na Avenida Getúlio Vargas.
Em 1957, na gestão do governador José Maria Barbosa, o técnico em Rádio, Domingos Leitão, construiu um pequeno equipamento de Rádio e a este chamou de “Rádio Roraima”, e o Simpatia foi convidado para assumir a Direção Artística da emissora. Na inauguração, esteve presente o presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira que fez questão de ouvir vários números musicais interpretados no cavaquinho pelo mestre Simpatia.
Em 1958, com a nomeação do roraimense Hélio Araújo para Governador do Território, esse viabilizou a oportunidade para que Simpatia gravasse o seu primeiro disco. Aliás, ainda não havia os LPs (long Play – disco de vinil – chamado também de ´´bolachão“). Simpatia gravou então um disco em 78 rotações, e na capa do qual fez uma dedicatória à sua amada mulher ALVANETE PEREIRA TORRES E SILVA (Netinha): “A minha queridíssima esposa, filha, companheira inseparável, uma lembrança de quem lhe quer eternamente. Assinado: Renato Torres e Silva, Boa Vista, 05/10/1960. Depois disso Simpatia gravou mais 5 discos pela CBS (atual Sony music).
O Simpatia gostava tanto desta terra, que a maioria das músicas compostas por ele e tocadas com o seu inseparável instrumento musical, o Cavaquinho, era dedicadas à sua esposa e ao regionalismo de Roraima. São de sua autoria, por exemplo, as músicas: “Netinha deu sorte”`(em homenagem à sua esposa), “Garimpando em Suapi”, “Tacacá”, “Espinha de Tambaqui”, “Churrasco em Bom Intento”, “No pico de Roraima” (Monte) e tantas outras belíssimas composições, que são um enlevo para a alma.
Para os nostálgicos, sempre é bom lembrar a figura alegre do Simpatia, fazendo “malabarismo”, tocando o cavaquinho nas costas e por cima dos ombros. Fazia suas apresentações no palco da Rádio Roraima, quando esta emissora, inicialmente, funcionava dentro do prédio do Teatro Carlos Gomes (ao lado da Igreja de São Sebastião), no centro.
O Simpatia também fez apresentações em emissoras de televisão de outros estados, sendo elogiado na TV Marajoara, de Belém/PA, e em tantas outras pelo Brasil afora.
Em 1961, o Simpatia convidou o “rei do Baião”, Luiz Gonzaga (1912 – 1989), para vir à Boa Vista. Os dois fizeram várias apresentações em Boa Vista.
E, em homenagem ao Luiz Gonzaga e a uma das músicas que ele mais gostava de cantar: “Asa Branca”, foi denominado um bairro em Boa Vista com o nome de: “Bairro Asa Branca”. Quanto ao “Simpatia”, há em Boa Vista, uma rua em sua homenagem, a “Rua Renato Torres – Simpatia”.
Em 1964, Simpatia adoeceu e foi recomendado pelo médico a procurar uma outra cidade com um clima mais ameno e ele foi para Brasília, onde faleceu no dia 10/09/1977, de trombose cerebral, deixando um vácuo no meio musical e a presença marcante na história de Roraima.
A viúva Netinha ficou com os dois filhos: Renato Tadeu Pereira Torres,, empresário, casado com a senhora Débora Morais Torres – filha do Desembargador Elair de Morais; e Álvaro Felipe Pereira Torres, casado com a senhora Suelen Campos de Lima Torres.
O Projeto de Lei que denominou a Rua Renato Torres da Silva (Simpatia), no Bairro Caçari, é de autoria do vereador Alfonso Rodrigues do Vale, e após aprovado, foi sancionado pelo Prefeito, à época, Iradilson Sampaio, como Lei nº 865/06, de 21 de junho de 2006.