ARTHUR BARRADAS. Diamantário e empresário – um humanista acima de tudo.
Arthur Gomes Barradas foi um homem além do seu tempo. Tinha perspectiva apurada de como Roraima iria se desenvolver economicamente nos anos vindouros e investiu neste sonho que se realizou. Roraima hoje, independente do que outros possam pensar o contrário, é um celeiro de oportunidades de investimentos, principalmente na construção civil e no agronegócio – que é a sua matriz econômica.
Barradas atuou em muitos anos como Diamantário e, como tal, foi classificador de diamantes para exportação, a serviço do Departamento de Compras do Governo dos Estados Unidos. A experiência foi adquirida quando ele trabalhava para a empresa belga “J. Szlzsinger & Riglhaupp”, sediada no Rio de Janeiro e, cujo proprietário Jacks Szlzsinger (Jaques Zilezinger), havia deixado o seu país, por causa da guerra (2ª Guerra Mundial, 1939-1945) e veio para o Brasil, em busca de refúgio. O pai do Arthur Barradas, o português Acássio da Silva Barradas, trabalhava como Contador nesta empresa e, à época, o jovem Arthur iniciou como Auxiliar de Escritório.
Em 1957, o empresário J. Szlzsinger soube da existência de diamantes na Serra do Tepequém aqui em Roraima, quando ainda era o Território Federal do Rio Branco. Szlzsinger Adquiriu da firma “Mineração Tepequém”, de Adolpho (Adolfo) Brasil, o direito da exploração e enviou para gerenciar a empresa, o Arthur Barradas e o engenheiro Nazareno Davedoff Lessa. A partir dai o Arthur Barradas se tornou um especialista em classificar, comprar e vender diamantes no Brasil e em outros países.
Neste resumo aqui escrito, não dá pra dimensionar as dificuldades que tiveram para chegar à Serra do Tepequém. A começar pela cidade de Boa Vista, onde pouco havia de mercadorias ou equipamentos para garimpo. Em termos de transporte, havia apenas dois Jipes, um do governo e outro particular.
Arthur Barradas e o engenheiro Davedoff Lessa, alugaram um Jeep e contrataram um guia, João Bento. Partiram até a “Fazenda Verçosa”, do senhor Bernandino Dias (Gaúcho Dias), no Amajari e, lá, alugaram cavalos e seguiram viagem até a comunidade São João da Roça. Depois cavalgaram durante dois dias até a fazenda do capitão Celino. E, ainda mais um dia de viagem, chegaram ao Tepequém.
Já na área do garimpo, Arthur Barradas contratou um grupo de trabalhadores e passaram a explorar a área comprada pela empresa J. Szlzsinger & Riglhaupp. Após 15 dias de trabalho, Arthur voltou ao Rio de Janeiro, apresentou relatório e sugeriu novas explorações de Diamante na Serra. Foi autorizado a continuar o trabalho.
No retorno à Boa Vista, passou por Manaus, onde comprou dois aviões pequenos, tipo Cessna, e com eles, por meio de pilotos contratados, abastecia com mercadorias o local de trabalho na exploração na Serra do Tepequém. Chegava-se a fazer por dia, 2 a 3 voos, de Boa Vista ao Tepequém, e vice-versa.
Para cuidar da saúde dos trabalhadores, foi contratado o médico Reinaldo Fernando Neves e, para realizar casamentos e batizados, levava-se um Padre.
Foram 06 anos administrando a “Mineradora Tepequém”. Após a exploração dos diamantes, Arthur Barradas os levava para ser vendidos no Rio de Janeiro.
Tempos depois, com a ordem governamental para desativação de garimpos em Roraima, Arthur Barradas foi para a Venezuela em 1963 e passou a comprar e vender diamante de boa qualidade. Formou uma sociedade empresarial com os amigos Rubens Lima e José Alves, e dai nasceu a empresa “Exportadora Barral Ltda”, com exportação de diamantes para o Brasil e a outros países. A empresa operou até 1996.
Arthur Barradas deixou marcas de seu trabalho em Roraima. Além da compra e venda de diamantes, também eram de sua propriedade alguns comércios varejistas em Boa Vista, em sociedade com amigos, a exemplo de posto de gasolina, comércio de material de construção, representação da Cerveja Antártica, a farmácia Drogafarma – na Avenida Benjamin Constant, entre outros empreendimentos.
Arthur Barradas também investiu em compras de terras e lotes para construção de casas em Boa Vista. A primeira área comprada foi onde hoje está o Bairro Caçari. Depois, o Jardim Floresta, Caranã, Cauamé, Bom Futuro I e II, Bairros Aeroporto e Caimbé. Além disto, adquiriu fazendas, uma delas na região do Murupu.
Arthur Barradas nasceu em Itapemirim, no Espírito Santo, em 19/05/1922. Era filho do casal português Acássio da Silva Barradas e Palmira Gomes Barradas. Ao todo, eram 8 irmãos, dentre eles o advogado Jael da Silva Barradas, conhecido em Boa Vista e que por muitos anos cuidou juridicamente dos negócios do seu irmão Arthur. No Bairro Cauamé, as ruas têm nomes de países, mas, há uma que o homenageia: a Avenida Jael Barradas, além de um centro de educação infantil, a Escola Municipal Jael da Silva Barradas – na Rua Uruguai, 481 – também no Bairro Cauamé.
Arthur Barradas, o nosso personagem central de hoje nesta reportagem, era casado com a senhora Minerva Matos Barradas. São filhos: Arthur Barradas Matos e Sauany Barradas. E, netos: Sérgio Victor Barradas, Isabella e Arthur Rafael.
Arthur Gomes Barradas nasceu em 19/05/1922 e faleceu em 16/11/2019.