Na encruzilhada da política partidária com as investigações da PF
Jessé Souza*
O Estado amanheceu estupefato, nesta terça-feira, com mais uma operação da Polícia Federal, intitulada Tânatos, que investiga uma suposta associação criminosa atuando no tráfico interestadual de drogas, cujo caso acaba se cruzando com a política partidária na Capital. Não se trata de uma situação inédita, pois, na legislatura passada, um vereador cumpriu parte de seu mandato na prisão.
Neste caso, o então vereador Wagner Feitosa foi acusado, em 2017, de usar um membro de facção criminosa para ameaçar servidores do seu gabinete para devolver parte do salário e até o valor integral, em um crime conhecido como “rachadinha”. Após perder as eleições e não conseguir se reeleger, em 2020, ele foi condenado a 11 anos de prisão por corrupção ativa.
A atual legislatura, em abril do ano passado, já tinha sido registrado o caso do vereador Kleber Siqueira (SD), o qual foi preso em flagrante por porte ilegal de uma arma de fogo durante operação da PF que o investiga por compra de votos nas eleições passadas. O parlamentar é réu no caso que investiga desvios de recursos destinados para o fornecimento de marmitas no sistema penitenciário e já havia sido preso antes de ter sido eleito vereador.
Para quem não lembra, este é o mesmo caso em que levou o então recém-eleito deputado Renan Filho (PRB) a ser preso em 2018, antes de ser diplomado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR). O parlamentar também é investigado por suspeita de crime eleitoral nas eleições 2018, como desdobramento do “caso das marmitas”, acusação pela qual ele foi cassado e está recorrendo no mandato.
Agora surge este novo episódio, em que a PF, por meio da Operação Tânatos (na mitologia grega era a personificação da morte), investiga a suposta participação do vereador Genilson Costa (SD), presidente da Câmara de Vereadores de Boa Vista. Agora, a sociedade aguarda as apurações dos fatos para que haja um desfecho final.
Porém, na política partidária, mais precisamente na Assembleia Legislativa de Roraima, o tratamento a envolvidos em escândalos tem sido outro, a exemplo do então deputado Jalser Renier (SD) que foi cassado e escorraçado da presidência da Casa, sob acusação de quebra de decoro parlamentar no caso em que ele ainda sequer foi condenado pela Justiça, após o grupo governista se colocar como “novos”arautos da Justiça e da moralidade na política”.
Então, se for por essa medida, está na hora de dar continuidade a essa faxina moral tanto na Assembleia quanto na Câmara de Boa Vista. Os casos estão aí e não há justificativa para haver dois pesos e duas medidas, pois a cassação de Renier, colocado como um “fato histórico”, ocorreu em um caso que ainda tramita sem a decisão final da Justiça.
Mãos à obra?!
*Colunista