AFONSO RODRIGUES

Não é covardia

“As injúrias não envergonham aos homens honestos, contra quem se dirigem e a cujos pés se desfazem”. (Rui Barbosa)

Antes de partir para a discussão pense bem. Quando nos aborrecemos e estouramos em respostas aos insultos de um idiota, estamos nos igualando a ele. Seja suficientemente forte para encarar, não os insultos, mas as críticas dos despreparados que irão considerar você como um covarde. E isso porque você não encarou o provocador. Afinal somos todos iguais nas diferenças. E cada um de nós é diferente do outro, mas não deve deixar de respeitar a diferença nele. Na política tenho dois elementos que sempre respeitei, tanto pela sua capacidade de encarar o adversário, sem arrufos, quanto pela sua simplicidade e honestidade. Os dois são o norte-americanos Abraham Lincoln, e o brasileiro é o Laudo Natel.

Do Lincoln guardo, com orgulho, sua atitude na sua resposta ao adversário no Senado, em 1860. Numa reunião no Senado, o adversário apontou para o Lincoln e falou:

– O senhor é um político de duas caras!

Sem nenhuma reação grosseira, o Lincoln respondeu, falando para o auditório:

– A resposta fica por conta dos presentes. Os senhores acham que se eu tivesse outra cara iria sair por aí com essa?

A resposta foi tão genial que provocou o riso nos presentes e jogou para o lixo o insulto do adversário. Porque isso é a política que se faz e não se discute. E isso porque o Lincoln, todos sabemos, era feinho pra dedéu.

Lauda Natel foi governador de São Paulo, em dois mandatos. Eu o conheci pessoalmente e sempre o respeitei pela sua simplicidade, sobretudo na família. Sempre admirei sua esposa, dona Zilda, uma mulher muito simples e que adorava seu fusquinha. Já falei por aqui, sobre o dia em que ela estava numa reunião no Palácio do Governo e precisou sair mais cedo. O Paulo Maluf levou-a até a saída do Palácio. Na saída tinha um fusquinha, e o Maluf, a seu modo, gritou para o cuidador dos carros:

-Tire essa sucata daqui, e traga o carro da Primeira-Dama!

– Dona Zilda cutucou o Maluf, com o cotovelo e falou:

– Paulo… esse é o meu carro!

Quando a dona Zilda faleceu, os filhos guardaram seu fusquinha na garagem, como lembrança da Dama, Primeira-Dama de São Paulo, mais simples que já conheci e me orgulho disso. Faça com que o orgulho não faça de você um tolo pensando que pé sabichão. Seja sempre uma pessoa simples, mas conhecedor ou conhecedora dos seus valores. E estes estão no que você é, e não no que você pensa que é. Viva o dia, hoje como você deve viver para ser feliz no que você realmente é. E você é dono ou dona da sua felicidade, que está em você. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460