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NAO SE COMPROMETA COM NINGUEM MAS SEJA CORTEJADO POR TODOS 15915

OS CONFLITOS ÉTICOS DAS 48 LEIS DO PODER

NÃO SE COMPROMETA COM NINGUÉM, MAS SEJA CORTEJADO POR TODOS

No seu reinado ou na sua vida, evite comprometer-se com alguém, a menos que esteja certo de que essa pessoa tem algo a oferecer que você não pode obter sozinho. Se possível, mantenha-se independente e autossuficiente, mas sem arrogância ou prepotência. Se você já estiver comprometido, não permita que a outra pessoa controle você ou o manipule. Mantenha sua liberdade e sua capacidade de escolha. Se necessário, seja capaz de romper o compromisso sem medo. A liberdade é a sua maior arma e a sua maior proteção.

No nosso artigo da semana vamos avaliar a lei que nos faz decidir entre ter o poder sendo livre e o risco de perder o poder ao se comprometer com causas ou partidos.

Deixar que as pessoas sintam que elas têm você de alguma forma, pode levar ao comprometimento ou redução do poder. Ao comprometer seus sentimentos e afetos você se tornará um alvo fácil para os aproveitadores de plantão, mas ao mantê-los intocáveis ou protegidos, todos buscaram um esforço maior para conquistá-lo

A rainha Elizabeth I subiu ao trono da Inglaterra em 1558 e era solteira, porém desejada por centenas e porque não dizer milhares de pretendentes, processo que se estendem por anos, sem sofrer uma negativa imediata, nenhuma discussão, mas deixando no ar sempre a dúvida, em relação ao comportamento da rainha virgem.

Mas a história provou que não era apenas o desejo de um casamento por parte da monarquia inglesa, mas sabiam que um casamento selaria a aliança entre a Inglaterra e uma outra nação. Por isso, a rainha sempre se preocupou em manter a razão como a condutora das suas ações, porém mantendo no ar um sentimento de dúvida, aumento de interesse e expectativa de poder.

Passados anos de seu reinado, a rainha Elizabeth I viveu como gostaria, gerando dúvidas, mantendo o poder e o controle e morreu como Rainha Virgem. Não deixou nenhum herdeiro, mas governou com incomparável paz e fertilidade cultural.

Veja o que diz a lei 20, do livro “As 48 leis do poder” de Robert Greene:

Lei nº 20 – Não se comprometa com ninguém, mas seja cortejado por todos: Tolo é quem se apressa em tomar um partido. Não se comprometa com partidos ou causas, só com você mesmo. Mantendo-se independente, você domina os outros – colocando as pessoas umas contra as outras, fazendo com que sigam você.

Essa lei serve para evidenciar mais um tema que já tratamos por aqui. Ao sermos “arroz de festa”, somos alvos fáceis e pouco valorizados. No momento em que todos têm acesso a você e que de alguma forma ouvirão de você respostas, posicionamentos e o SIM como quase que uma obrigatoriedade, você passará a ser referência pela presteza e educação no atendimento, mas ao seu valor, pouco será agregado, já que as pessoas se encantam com a dificuldade de acesso, a criação de ídolos e a visão de inferioridade em relação a quem você idolatra.

A Lei 20 enfatiza a importância da independência e da liberdade individual. O autor argumenta que é importante evitar comprometer-se com alguém, a menos que essa pessoa tenha algo a oferecer que não possa ser obtido sozinho. Essa abordagem pode ser útil em muitas situações, especialmente quando se trata de negociações ou mesmo em projetos de futuro.

No entanto, a aplicação dessa lei pode ser vista como egoísta ou individualista demais em relacionamentos pessoais ou profissionais mais próximos. Afinal, as relações significativas se baseiam em compromissos e comprometimento mútuo. Por isso, é importante avaliar cuidadosamente cada situação e considerar os impactos de nossas ações sobre os outros.

Além disso, a lei também destaca a importância de não permitir que outras pessoas controlem ou manipulem você. Isso é especialmente relevante em situações em que há uma assimetria de poder, como em relacionamentos abusivos ou em ambientes de trabalho tóxicos. Porém, é importante lembrar que a independência e a liberdade não são desculpas para se afastar de responsabilidades ou de compromissos que assumimos.

Uma frase que nos chama bastante a atenção e proferida pela Rainha Elizabeth I, diz o seguinte: “Prefiro ser mendiga e solteira a rainha e casada”. Essa frase evidenciou que em sua vida, entre flertes e recuos, Elizabeth I sempre dominou o país que governava, como também todos os homens que tentaram conquistá-la.

Trazendo esse pensamento para as nossas vidas, fica claro que recusar-se a se comprometer com alguém ou grupos lhe faz uma pessoa de maior visibilidade, pois os passionais têm um grande defeito, o de achar que seus gritos em favor dos seus ídolos são decisivos na percepção das pessoas e esquecem que na arte do relacionamento, muitos brigam pela manhã e a noite estão na mesma mesa tomando um bom whisky e na grande maioria das vezes, o passional não foi convidado.

Quando você se retrai, você não desperta sentimentos ruins nas pessoas, mas sim cativa respeito. As pessoas que vivem ou flertam com o poder têm uma característica ímpar, a de ser inatingível, ao invés de render-se a grandes rodas de relacionamento, onde você será apenas mais um.

Com o tempo a referência de poder e notoriedade só evolui. Quanto melhor a sua reputação, a imagem de independente, bom profissional, mais desejo você despertará, pois todos querem de algum forma ter a capacidade de influenciar você em algum momento. O desejo é realmente como um vírus, quanto mais desejo você desperta mais pessoas irão querer segui-lo.

Por isso tenham a clareza de que o poder ou a imagem dele, não combina como ser “arroz de festa”, pois ao comprometer-se, como a maioria faz, você perderá o encanto e, portanto, não despertará nenhum sentimento de admiração em quem lhe olha, ou seja você pode até ser visto, mas não percebido.

E para fecharmos o nosso artigo é importante dizer que as pessoas por natureza olharão para o outro com o estigma de criar um “imbecil útil”, uma pessoa que fique com o sentimento de dívida em relação ao outro e com isso, surge o risco de comprometer o seu poder. Você deve incentivar as atenções, estimular o interesse, mas jamais se comprometa ou se permita ser visto como o devedor de alguém. Aceite os favores, mas tenha o cuidado de se manter intimamente distante. Por essas observações que fiz algumas adaptações a lei, baseadas nos argumentos acima apresentados.

Não se comprometa com ninguém, mas seja cortejado por todos: Aceite todos os favores que a vida vai lhe oferecer, sem precisar se vender ou mesmo criar laços pouco éticos. Seja uma pessoa desejada e admirada por todos, sem a necessidade de tomar posições passionais e que num futuro breve possam ser usadas contra você. Lembre-se: ser independente não significa não ter compromisso com o momento que você escolheu em sua vida. Seja fiel aos seus princípios e valores e assim você poderá servir a todos, mantendo sua imagem inabalável.

Por: Weber Negreiros