JESSÉ SOUZA

Não se pode normalizar a longa fila em busca de consulta médica

O primeiro dia dia do mês de março foi marcado por longa fila em frente ao Coronel Mota para agendar consulta (Imagem: Reprodução)

Entra governo e sai governo, mas ninguém consegue solucionar o problema de longas e humilhantes filas para marcar consulta na Clínica Médica Especializada Coronel Mota, popularmente conhecido como Hospital Coronel Mota, localizado no Centro de Boa Vista. Nem mesmo a mudança no atendimento, no ano passado, conseguiu aliviar o sofrimento das pessoas.

Antes, os agendamentos para consultas eram feitos somente no primeiro dia útil de cada mês. A partir de abril de 2023, passaram a ser durante toda semana, de segunda a sábado. No entanto, a primeira semana de março deste ano começou na sexta-feira, levando uma multidão para a fila. Para garantir atendimento, muitos dormiram no local e outros chegaram nas primeiras horas da madrugada.

O cenário não poderia ter sido diferente, uma vez que se formou uma extensa fila que se estendeu pela calçada em frente da unidade médica. Embora os agendamentos possam ser feitos durante toda esta semana, ninguém quer correr o mínimo risco de ficar sem consulta, provocando a correria registrada no dia 1º de março.

Como muitos do que precisam da saúde pública não têm dinheiro para comprar alimentação, somando ao cansaço da longa espera e às condições de uma saúde debilitada, alguns chegam a passar mal, precisando da solidariedade das outras pessoas, mostrando um cenário desesperador que se repete a cada primeira semana de cada mês.

Em tempos de avanço tecnológicos, algo precisa ser feito para humanizar a forma de marcar consultas médicas. Não se pode mais achar normal jogar as pessoas em dolorosas filas de espera, que por sua vez significam mais espera para aguardar o dia da consulta e resultados exames, o que pode custar o agravamento das doenças devido ao tempo de espera.

Os órgãos fiscalizadores também não podem normalizar tal situação. Saúde pública gratuita e de boa qualidade não se trata de uma expressão humanizada para enfeitar fala política, e sim de um direito constitucional que precisa ser garantido ao povo desde a hora de agendar uma consulta ou exame até o final do tratamento.

A prática do Coronel Mota de jogar as pessoas em aviltantes filas foge completamente ao texto constitucional desde longas datas. Enquanto houver essa cena de desespero em longas filas em busca de atendimento médico, significa que a saúde pública não recebe a prioridade exigida pela Constituição Federal. E isso é muito grave.

*Colunista

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