JESSÉ SOUZA

Não se pode pensar em desenvolvimento se não houver uma desratização

As seguidas operações policiais desencadeadas em Roraima mostram o amplo poder do crime  (Foto: Divulgação)
As seguidas operações policiais desencadeadas em Roraima mostram o amplo poder do crime (Foto: Divulgação)
As seguidas operações policiais desencadeadas em Roraima mostram o amplo poder do crime (Foto: Divulgação)

Há um forte significado na Operação Strong Link, executada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) nesta quinta-feira, 21. A finalidade foi desarticular a cúpula local de uma organização criminosa com ramificações não só na Capital e interior de Roraima, mas também na cidade paulista de Osasco. E o principal deles é que, apesar do movimento paquidérmico do poder público, o recado dado é que existe uma ação de enfrentamento ao crime organizado.

Não pode reinar, em Roraima, nenhum tipo de sensação de impunidade, pois é preciso que os poderes constituídos deem respostas o mais rápido possível a fim de evitar o avanço de um poder paralelo que se desenha há tempos, a partir das articulações criminosas que envolvem todo tipo de bandidagem, do garimpo ilegal ao tráfico de drogas, das facções criminosas à corrupção em todas as instâncias de governo.

Para se ter uma ideia da grande conexão, existe até um vereador investigado pela Polícia Federal por tráfico interestadual, o qual foi alvo da Operação Tânatos em abril de 2022. E um deputado sob suspeita de ser o dono de uma fazenda usada pelo narcotráfico no Sul do Estado, cujo fato ainda promete desdobramentos em um futuro não distante.

E não se pode esquecer dos policiais envolvidos no roubo de um avião, em setembro do ano passado, cujo caso foi alvo da Operação Íkaro, em fevereiro deste ano, que investiga uma milícia privada envolvendo três policiais militares, um policial penal, um policial civil e um ex-militar do Exército Brasileiro. Trata-se do mesmo caso de um policial militar morreu durante o assalto.

As últimas operações realizadas pela Polícia Federal também são revestidas do grande significado de que o Estado precisa ser desratizado para que possa seguir, finalmente, o trilho de desenvolvimento, o qual povoa o discurso dos políticos do presente e do passado, além do imaginário da população desde os tempos de Território Federal. Não é uma missão fácil, mas essas operações acabam servindo como um alento.

Assim como se enche de significado a condenação de um venezuelano que matou covardemente um comerciante no Município de Pacaraima, em novembro de 2021, crime que provocou revolta nos moradores brasileiros que expulsaram venezuelanos que moravam em acampamentos improvisados no meio da rua.  Ainda que tardia, a Justiça precisa também punir exemplarmente, assim como tem feito com membros do crime organizado que mataram e decapitaram jovens nos bairros da Capital e do interior.

Não se pode subestimar a dura realidade. Os dados da Operação Strong Link servem para mostrar o poder do crime, com bandidos articulados em Boa Vista, Mucajaí e Normandia, os quais estão linkados com São Paulo. Todos envolvidos em diversos crimes, como homicídio, tráfico de drogas, lesão corporal, ameaça, furto e outros. Não se pode pensar um Estado de Roraima com um futuro promissor sem antes acertar as contas com esse presente sombrio a que chegamos.  

*Colunista

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