Jessé Souza

Nem 8 nem 80 2947

Nem 8 nem 80Assistir ao Horário Eleitoral Gratuito serve como um exercício para uma reflexão sobre nossa cidadania e como está a política partidária em nossa cidade. Dependendo da posição dos candidatos, poderemos ver os dois lados da moeda, isso se o eleitor não se deixar levar pela aparência e pelos discursos, deixando de enxergar um pouco da realidade.

Diante do que vemos, o fato é que Boa Vista avançou nesses últimos anos, mas isso não significa que nos tornamos a melhor cidade do mundo. Nem também somos a pior delas. Somos, isso sim, um município que vem sendo alvo constante de ataques de corrupção que a impediram de se tornar uma Capital exemplar para o Brasil há certo tempo.

Temos retalhos de uma cidade que se desenvolveu cercado pela verdadeira cidade que parou no tempo. As praças reformadas e ruas asfaltadas, drenadas e iluminadas assemelham-se a oásis aos olhos de quem a enxerga superficialmente. E todas as benfeitorias chegaram com muito atraso e a um custo elevado para o contribuinte.

Esse oásis se desmonta quando um cidadão procura por uma creche perto de sua casa para deixar seus filhos enquanto trabalha. Ou quando uma pessoa doente busca atendimento médico nos postos de saúde, inclusive para um simples curativo, trabalho este negado nas unidades. E todos os doentes correm para o Pronto Atendimento, entupindo o que já está ruim.

Dirigir no trânsito caótico também é um choque de realidade, com uma cidade com poucos semáforos, com avenidas precisando de readequações no tráfego, falta de sinalização, sem agentes de trânsito ajudando a organizar o fluxo em horários de pico. Sendo assim, as ciclovias tornam-se outro oásis em meio a uma confusão de carros, motos e bicicletas.

Obviamente que tudo isso não é difícil organizar, mas os administradores que lá estiveram e que lá estão, sem exceção, não tiveram pressa nem vontade política para realizar as obras e serviços com antecedência. E tudo é feito em ano eleitoral, em cima da hora, para que as imagens dos oásis prevaleçam no meio da cidade que ficou para trás.

Apesar de todos esses problemas, há condições de arrumar os problemas enquanto há tempo, pois tudo está por fazer. Temos uma cidade boa para se viver, mas se os administradores públicos continuarem com suas fachadas e não encararem os principais problemas, não tardará para nos tornarmos o caos apocalíptico que muitos ampliam no horário eleitoral.

Nem oito nem oitenta. Não somos esse paraíso que está aparecendo na campanha eleitoral, a não ser alguns oásis no meio do deserto, mas também não somos esse caos completo que estão pregando. Estamos tudo por fazer, com alguns avanços, principalmente na estética, mas com problemas que exigem pressa, vontade política e menos corrupção.

*JornalistaAcesse: www.roraimadefato.com/main