A questão da violência urbana em Roraima tem sua raiz no sistema prisional falido. Mas que ninguém pense que a alternativa será construir mais presídios ou reformar os que estão caindo aos pedaços. Para atacar o problema é preciso investir (de verdade) na educação das crianças e na profissionalização dos jovens, os fazendo sair da ociosidade.
Mas, ao que parece, Roraima caminha na contramão de tudo. As escolas deixaram de ser local agradável para crianças e adolescentes para se tornarem lugares feios, caindo aos pedaços, desinteressante e que não acolhe mais a comunidade.
Além de subirem os muros e colocarem cercas elétricas, estão fechando escolas. Por longo cinco anos, os prédios das unidades escolares foram largados ao descaso, obrigando a atual administração a fazer uma verdadeira reconstrução com obras de reforma e revitalização. Como iremos formar novos cidadãos se a escola deixou de ser local de investimento e de acolhimento de crianças e adolescentes?
Além de abandonarem as escolas, os governantes largaram o sistema prisional. Aqui, parou-se o investimento tanto nas escolas quanto em presídios. E o resultado foi que o sistema prisional acabou se tornando “universidades dos crimes”, onde jovens entram como maconheiros e saem como integrantes de facções criminosas.
Mas pode piorar ainda mais, pois estão querendo reduzir a maioridade penal para 16 anos, o que significa que, se a educação formal não conseguir formar adolescentes e inserir os jovens no mercado do trabalho, a “universidade do crime” vai acolher os adolescentes em conflito com a lei para profissionalizá-los cada vez mais cedo na bandidagem.
Se os governantes não constroem creches, fecham escolas e largam os presídios ao descaso, obviamente que não há como combater o crime, o que significa que as polícias vão somente correr atrás de bandidos sem realmente reduzir a criminalidade – o que já está acontecendo há tempos. E não adiantará mais procurar foragidos, porque não haverá mais onde colocá-los.
Os presságios não são nada bons para Roraima, principalmente porque as seguidas gestões que assumem os governos costumam jogar culpas e responsabilidades para administrações passadas. Como não temos neve, a bola que rola de serra abaixo é a da incompetência e do desmando, que sucateiam os setores mais essenciais.
Estamos vivenciando situações de remendos de problemas crônicos, capitaneada pela sanha da corrupção, os quais não permitem olhar o nosso futuro com nenhuma perspectiva positiva. Em resumo: quando as escolas falham com a educação formal, os presídios passam a se tornar “universidades” que organizam o crime em um Estado desorganizado. *[email protected]