AFONSO RODRIGUES

Nem sempre estamos tão certos

“Uma condição necessária ao pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas”. (Paulo Freire)

A Universidade do Asfalto nos ensina que nem sempre somos o que pensamos que somos. Já sabemos que somos o que somos, mas nem sempre somos o que pensamos que somos. E quando sabemos disso estamos alertas no que pensamos. Simples pra dedéu. O mundo é uma onda gigante em constante movimento. E nós, coitados de nós, estamos sempre à mercê de trancos causados pela onda gigante. Mas já sabemos, também, que são os vendavais que fortalecem as árvores. E todos nós somos meras árvores necessitando de ventos fortes para nos fortalecer. E o mais importante é que não nos curvemos aos vendavais. É só enfrentá-los, mas sem arrufos nem briguinhas comadrescas. Vá refletindo um pouco sobre isso e você estará se preparando para enfrentar os trancos sem se machucar.

Conheci um garoto, lá pelos anos de quarentas e sei lá quantos, e ele tem um zilhão de exemplos de como encarar os trancos. Ele hoje está com noventão de idade, mas continua chutando os baldes. Pelas tolices que ele já fez, aprendeu a aprender com os erros. E por isso ele não repete os erros, só comete outros para poder aprender com eles. Um dia ele preparou-se para ir ao velório do pai de um dos seus coleguinhas de escola. E naquela época você tinha que se vestir elegantemente até mesmo para um velório. E lá se foi o garotinho, bem vestido e bem calçado. Só que lá na frente, ele encontrou um desses galões-de-tinta, vazio e jogado ao chão. O garotinho não pensou no vacilo e vacilou. Ele se preparou, avançou e chutou o galão. E o galão nem se mexeu, porque estava cheio de cimento. Com a dor infernal, o garotinho caiu sentado e quase chorando. Voltou para casa arrastando os pés, por causa da dor infernal. Quando ele entrou em casa, sua mãe correu assustada, e teve dificuldade em tirar o sapato do garotinho, porque seu pé já estava inchado.

Puxa vida, o garotinho perdeu a oportunidade de se despedir do pai do seu colega. Mas, ainda hoje, quando ele se lembra da besteira que fez, não deixa de sorrir. E o melhor é que ele aprendeu com o chute e nunca mais chutou uma lata por menor que ela seja. Cuidado quando alguém lhe disser pra você chutar o balde. Taí uma orientação que ninguém precisa lhe dar. Tenho certeza que você já chutou algo que não deveria ter chutado. Mas se chutou, chutou e fim de papo. O importante e que você aprenda com os erros que comete, porque nunca deixaremos de cometê-los, mas de forma diferente, claro. Tenha um bom fim de semana e seja feliz porque você merece. Pense nisso.

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