No calor da opinião pública
Se foi feita sem aviso prévio ou não a remoção dos venezuelanos que estavam acampados por toda a área externa da Rodoviária Internacional de Boa Vista, é irrelevante nesse momento crítico da migração em massa dos estrangeiros para Roraima. O condenável seria uma truculência ou qualquer tipo de força desnecessária. Mas algo precisava ser feito.
Era preciso tomar uma decisão urgente para evitar que aquele ponto da cidade não se tornasse uma favela definitiva, onde viver em condições precárias era o principal fator negativo. O problema é que as decisões por aqui são tomadas de maneira tardia e sem os estudos necessários, no calor da opinião pública, quando os problemas já ganharam uma dimensão maior, fora do controle.
Ali havia se tornado um “campo de refugiados” compulsório que só aumentava, pois os venezuelanos sabiam que as ações sociais chegariam pelas mãos de quem pratica ações humanitárias. E a situação já fugia do controle, prejudicando inclusive o comércio que gera emprego e renda em um momento de crise pelo qual passa o país e o Estado.
Enquanto isso, os governos locais dispõem de vários prédios abandonados que poderiam servir de abrigo provisório para acolher os estrangeiros que chegam ao Estado em busca de comida e trabalho. Mas é necessário dar todas as condições necessárias e estrutura adequada. Essa sugestão vinha sendo apontada desde o princípio, como alternativa imediata para essa crise sem precedentes.
Mas nada do que for feito irá abrandar a situação se não houver um controle de imigração rigoroso na fronteira, com identificação de todos, inclusive com serviços de acolhimento àqueles com formação e que vêm em busca de emprego, evitando que criminosos encontrem um caminho livre para piorar o quadro de violência já instalado no Estado pelo crime organizado.
Não se trata de fechar a fronteira para o acolhimento dos estrangeiros diante da crise humanitária vivida na Venezuela, mas fazer valer as leis e resguardar a soberania do país (que nada tem a ver com o nacionalismo doentio que leva à xenofobia). Nenhum país sério deixa sua fronteira escancarada, como tem sido no extremo Norte do Brasil.
No entanto, o Governo Federal mostra-se inerte diante do problema para ajudar o governo local e as entidades que atuam no acolhimento aos imigrantes. Se não houver ações integradas em todos os níveis de governo, a tendência é piorar. E isso é ruim para todos e só complicará o quadro que já está perto da calamidade.
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