AFONSO RODRIGUES

No caminho da escola

“Não cursa uma verdadeira escola quem dela sai para a vida sem saber pensar, argumentar e discernir”. (Lya Luft)

A coisa vem me preocupando há muito tempo. Não sei o que aconteceu com ele, mas ele sumiu. Foi na década dos anos sessentas. Eu morava no Tatuapé, em São Paulo. Eu trabalhava na Empresa Coldex e morava, por exigência da empresa, bem próximo. Todos os dias, quando eu chegava à casa para o almoço, ligava o rádio e assistia a um programa de entrevistas. Naquele dia surpreendi-me com o cidadão entrevistado. Era um intelectual, que apresentava, para mim, um assunto no mínimo espalhafatoso. Ele sugeria que se mudasse a letra do Hino Nacional Brasileiro. E o argumento era que a letra do Hino era muito clássica e os jovens não a entendiam. O assunto foi discutido, não sei se por mais alguns dias, mas não tive coragem de assistir. E como estávamos no início do conhecido “Regime Militar”, acredito que o cara deve ter sumido. Mas acho que não, porque muitos absurdos aconteceram no descaso à nossa educação, que continuam, até hoje, nos pisoteando no descaso. O hasteamento da Bandeira Nacional nas escolas, por exemplo, foi abolido. E o argumento para o absurdo foi que os jovens se sentiam encabulados no evento.

A Educação Moral e Cívica, por exemplo, foi retirada do ensino escolar, talvez porque a moral incomodasse os educadores. Sei lá. E tantas outras coisas foram retiradas da nossa educação sem nenhuma justificativa. Mesmo porque não há justificativa no injustificável. Mas vamos dar uma paradinha no absurdo que continua sendo absurdo. O mundo muda a todo instante e nós não mudamos, embora pensemos que estamos mudando. As crianças de hoje estão apenas mostrando ao mundo o que nós, criança de temos passados não tivemos oportunidade para mostrar o que tínhamos. Não devemos nos escudar na época da palmatória, claro. Mas não devemos ignorar que embora ridícula, foi uma época importante para a época. E o que passou, passou, mas nos deixou ensinamentos que devemos analisar como caminhada para o futuro que é hoje.

Vamos cuidar mais de nossa Educação para que ela mereça o E maiúsculo. E embora tenhamos sofrido o prejuízo nas perdas de matérias importantíssimas, estamos vivendo uma época que exige aprimoramento para a aceitação. Então vamos nos preparar. E devemos entender, em vez de criticar, que a educação nasce no lar. Que a criança quando vai para a escola está levando com ela, a educação que recebeu no lar. Só quando entendermos isso não mandaremos jovens mal-educados para as escolas. Porque na escola eles vão aprender o que a escola ensina. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460