JESSÉ SOUZA

No dia do Turismo, fogo destrói a paisagem do principal ponto turístico roraimense

Morro do Jabuti é um dos locais buscados pelo turista para tirar foto da visão panorâmica de Tepequém
Morro do Jabuti é um dos locais buscados pelo turista para tirar foto da visão panorâmica de Tepequém
Morro do Jabuti é um dos locais buscados pelo turista para tirar foto da visão panorâmica de Tepequém

O Dia Mundial do Turismo foi comemorado ontem, dia 27 de setembro, com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) anunciando o crescimento do volume de receitas do turismo este ano, com faturamento real de R$ 458 bilhões, um avanço de 8,8% em relação a 2022. Uma boa notícia depois de dois anos de pandemia que castigaram severamente o nível de atividade do turismo brasileiro. Mas, e em Roraima?

Por aqui, nada se falou sobre o assunto, especialmente o Governo de Roraima, que tem em suas mãos um potencial inestimável para a exploração turística, mas se fecha no discurso do agronegócio e no ataque às políticas de proteção ambiental. Pior: enquanto o país registra números promissores no turismo, o principal ponto turístico roraimense, a Serra do Tepequém, no Município do Ajamari, está em chamas que destroem a vegetação e todo o bioma já bastante agredidos desde o auge da exploração do garimpo de diamantes, a partir da década de 1940.

Além do severo dano ambiental, os incêndios mudam completamente a exuberante paisagem de morros e serras que compõem o cenário dos atrativos turísticos de Tepequém. Infelizmente, está se confirmando o que esta Coluna vem alertando desde o ano passado, a respeito do desprezo das autoridades para enfrentar a forte estiagem que estava por vir – e que finalmente chegou ao Estado, especialmente na região Norte de Roraima. O Amajari está ardendo em fogo e não há estrutura do Estado, muito menos do município, para enfrentar a gravidade do problema.

Foram quatro anos sem um período de seca, com chuvas abundantes que contribuíram para impedir que queimadas descontroladas e incêndios criminosos avançassem durante as poucas estiagens que ocorreram naquele período. Apesar de todo esse tempo para se preparar para a chegada da forte seca, nada foi feito. Nenhuma estratégia montada, a exemplo da falta de brigadas e de logística do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Amajari para atender à grande demanda de incêndios que geralmente ocorrem nos verões roraimenses de chuvas escassas.

Da mesma forma que não há uma ação planejada e permanente para se preparar as fortes chuvas, também inexistem planos estratégicos para serem colocados em ação assim que o período de estiagem começar. O que está ocorrendo no Amajari é exemplar: bombeiros e agentes municipais da Defesa Civil são enviados para combater incêndios em determinada região, enquanto outras regiões ficam descobertas, a exemplo do que vem ocorrendo na Serra do Tepequém.

Em nível estadual, não houve preocupação em montar estratégias para o Corpo de Bombeiros e ações de fiscalizações por parte dos órgãos ambientais, nem vontade política para formar novas brigadas e estruturar as que por ventura já existiam. Nos municípios, não existiu qualquer preocupação em realizar um trabalho educativo e preventivo. Foram quatro anos de ociosidade, sem se preocupar com nada, tendo agora o Estado que pagar o preço dos danos ambientais e prejuízos econômicos que o fogo provoca, a exemplo do turismo no Tepequém.

Falta de aviso não foi. Mais uma vez, é a população que vai pagar pela incompetência e falta de vontade política de nossos governantes. E o verão roraimense está apenas começando. Vem mais tragédia anunciada por aí…

*Colunista

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