No susto e no medo
Até pensei em escrever algo ameno, neste fim de semana, para servir de reflexão ou mesmo descontrair diante dos fatos negativos que vêm ocorrendo não só em Roraima, mas em todo país. Porém, a realidade é muito forte e exige uma posição para que as autoridades não pensem que está “tudo bem”. Não está nada bem em nosso Estado e não se vê movimentação para crer o contrário.
A todo momento, um susto e uma tragédia. Na manhã de quinta-feira, um preso foi esquartejado na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), seguido de um motim que resultou em presos baleados. Em resumo: mais um retrato do que é o sistema prisional roraimense, que foi alvo de uma CPI que apontou corrupção e de um secretário afastado sob acusação de não agir diante das constantes fugas de presidiários.
Na noite do mesmo dia, outra cena do nosso cotidiano: um rapaz foi executado a tiros no bairro Raiar do Sol, na zona oeste de Boa Vista. Para a segurança pública, mais um na estatística do acerto de contas no tráfico de drogas ou disputa entre facções criminosas. Para a população, a violência se expandido e chegando mais perto do cidadão de bem.
Embora sejam dois fatos distintos, um dentro do presídio e outro em um bairro periférico, eles têm ligações entre si. Afinal, é de dentro da Pamc que partem as ordens para as execuções motivadas por acerto de contas, tanto por dívida como por ponto de tráfico de droga, ou mesmo na disputa por espaço do crime organizado.
Se o governo não consegue ter o controle absoluto dentro do sistema prisional, é óbvio que não irá conseguir vencer ou amenizar a criminalidade em Boa Vista e nos municípios do interior. Os principais setores do Estado estão sendo mantidos na base do remendo, do paliativo. O motim da Pamc comprova que, por lá, não há nada sob controle do portão para dentro.
Quando a crise se agravou no sistema prisional, o governo se apressou para enviar tratores para fazer uma limpeza no terreno do presídio do Município de Rorainópolis, no sul do Estado, e anunciou que a obra teria sido retomada e que, “em breve”, seria concluída. Desde aquela encenação, nada mais se ouviu falar sobre o assunto.
E assim o cidadão roraimense vem sobrevivendo, na base do susto e do medo, quando as notícias sobre a criminalidade são compartilhadas nos grupos de WhatsApp e repercutidas pela imprensa. Com certeza, não faltarão notícias ruins neste fim de semana; não porque assim as desejamos, pois qualquer um pode ser vítima da criminalidade, mas porque essa é a rotina da crônica policial roraimense. A quem devemos recorrer?
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