JESSÉ SOUZA

Nova operação envolvendo PMs e a necessidade de sérias e urgentes providências

Em menos de uma semana, uma nova operação tem como alvo policiais militares de elite sob suspeita de crimes (Foto: Divulgação)

Está mais que evidente que a Polícia Militar de Roraima precisa passar por uma criteriosa reestruturação o mais urgente possível. O desenrolar da quarta fase da Operação Janus, nesta segunda-feira, 03, em que mais três policiais militares do grupo de elite da Corporação, o Batalhão de Operações Especiais (Bope), foram alvos é só mais um motivo diante do que vem ocorrendo nas seguidas operações da Polícia Civil e da Polícia Federal.

Desta vez, três PMs são investigados sob a acusação de simularem confronto para executar um rapaz, em setembro de 2023, além de um deles ter ficado com o celular da vítima. Em menos de uma semana, em 29 do janeiro, foram quatro PMs presos sob acusação de se apropriarem de parte de um carregamento de droga apreendido em novembro passado. O que chama a atenção é que o policial acusado de se apropriar do celular também foi um dos presos no caso do desvio de drogas.

Evidente que as investigações estão desenrolando satisfatoriamente, o que demonstra que as autoridades estão agindo. No entanto, desde o ano passado vem ocorrendo uma sequência de fatos gravíssimos envolvendo não apenas policiais militares de baixa batente, acusados de vários crimes, mas também de membros do Alto Comando da Polícia Militar sob sérias suspeitas apontadas em investigações.

Aos fatos: o próprio comandante da PM, coronel Miramilton Goiano, é investigado junto com seu filho sob suspeita de venderem armas e munições ilegalmente. O então subcomandante da PM, coronel Francisco Lisboa, foi preso durante a Operação Martellus, que investiga crimes eleitorais relacionados à compra de votos financiada supostamente pelo tráfico de drogas. Ao perdeu o cargo após ser solto, chegou até ser anunciado nas redes sociais como novo comandante do Comando de Policiamento do Interior (CPI), o que foi desmentido em seguida pelo governo.

Não menos importante é o rumoroso caso envolvendo o ex-coordenador de segurança do governador, capitão Helton John Silva de Souza, que chegou a ser preso acusado de envolvimento na morte do casal Flávia Guilarducci e Jânio Bonfim de Souza, crime suspostamente ligado à grilagem de terras no Município do Cantá, em abril do ano passado. O capitão da PM confessou que estava presente no momento dos assassinatos, sem ter agido ao presenciar as execuções, se tornou a principal testemunha do caso.

Um parêntese sobre este fato: o principal acusado de ter matado o casal a tiros, Caio de Medeiros Porto, continua foragido, sob um silêncio preocupante neste rumoroso caso envolvendo um militar que ocupava um cargo importante no Palácio Senador Hélio Campos. É preocupante que as investigações não conseguem chegar ao atirador, uma vez que o crime ocorreu sob denúncias de um esquema de grilagem de terras dentro do órgão fundiário do Estado.

Como está evidenciado diante de todas as operações e investigações envolvendo policiais militares, é crível que a PM de Roraima não pode passar inerte aos fatos, não só porque coloca sua histórica credibilidade em xeque, mas com sérios riscos de manter uma “banda podre” que pode avançar para um poder paralelo que ficará difícil de ser extirpado diante do cenário de criminalidade que se avoluma em Roraima com o crime organizado e facções venezuelanas.

*Colunista

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