JESSÉ SOUZA

Novo ano será definitivo para a consolidação do turismo na Serra do Tepequém

Obra de construção de um calçadão está em fase final de conclusão na principal avenida da Vila Tepequem

O ano de 2025 será definitivo para a consolidação do principal ponto turístico de Roraima, a Serra do Tepequém, que é um distrito do Município de Amajari, localizado na região Norte de Roraima. Localidade surgida a partir da exploração de diamantes na década de 1940, atualmente ainda se recupera das degradações ambientais deixadas pela mineração durante quase seis décadas.

Embora tenha se tornado um ponto turístico que passou a ser conhecido em outros estados e tenha se tornado uma vitrine devido à grande visitação pública nos fins de semana e feriados, Tepequem sofre com desprezo governamental, apesar das obras que começaram a ser realizadas este ano e que serão responsáveis pelo salto turístico definitivo.

Um dos símbolos dessa transformação é a construção de um calçadão que se estende por boa parte da avenida principal da sede, conhecida como Vila do Paiva. A obra é realizada pela Prefeitura do Amajari, ao valor de R$ 2,1 milhões, e entrou em sua fase final de conclusão, que proporcionará um ponto de lazer e encontro da comunidade, além de mais um espaço para os visitantes.

O Governo do Estado também está com três importantes obras em andamento neste ano de 2024, as quais integram um complexo turístico que está orçado em R$ 11.376.241,34, cujo prazo de execução era de seis meses, vencido em junho, mas que deverão ser entregues nesse novo ano que bate à porta. Estão sendo erguidos o Centro de Atendimento ao Turista (CAT), dentro do espaço da praça da vila, o Mirante da Cachoeira do Paiva e o Pórtico de Entrada de Tepequém.

Com toda essa estrutura turística sendo preparada, será necessário que o poder público concentre sua atenção a fim de garantir infraestrutura para o grande fluxo turístico que será intensificado em Tepequém. A começar pelas condições da estrada de acesso, a RR-203, cuja obra de asfaltamento sob responsabilidade do Governo do Estado começou em 2020 e nunca terminou, obrigando a Prefeitura a realizar consertos paliativos para tapar buracos com barro.

Como se trata de uma rodovia estadual, as pontes de madeira precisam de atenção prioritária por parte do governo, pois o tráfico intenso de veículos pesados deterioram a estrutura em pouco espaço tempo, o que tem levado a constantes riscos de acidentes. Não se pode esquecer o episódio do desabamento de uma ponte na divisa dos estados de Rondônia e Tocantins, uma tragédia anunciada que ganhou repercussão nacional este mês.

Tepequém também precisa de esgoto, ordenação urbana e regularização fundiária, oferta de serviço de telefonia, melhoria do serviço de abastecimento de água, brigada de incêndio, serviço efetivo do Corpo de Bombeiros e outras questões importantes para melhor oferta de serviços turísticos e ordenação turística a fim de evitar complicações futuras, especialmente no que diz respeito à proteção ambiental.

Atualmente, só tem a presença da Polícia Militar porque a comunidade reivindicou e se viu obrigada a fazer mutirão para reformar o prédio do destacamento. Inclusive, apesar de terem sido os moradores que reformaram o prédio, o governo estadual fez a solenidade de inauguração como se fosse ele o responsável pela obra.

Enfim, são tantas deficiências que precisam ser sanadas diante da iminente conclusão das obras do complexo turístico que contrastam com a ausência governamental. Para se ter uma ideia, o órgão de turismo do governo sequer se interessou em proporcionar treinamento para condutores locais, enquanto anunciou o lançamento de roteiros turísticos na vizinha Venezuela durante a Exposição Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr) deste ano.

Essa é a preocupante realidade do principal ponto turístico de Roraima, que está prestes a ganhar mais responsabilidades sem que haja infraestrutura nem apoio necessários. Até aqui, o turismo só se consolidou em Tepequém graças ao esforço da comunidade e dos empresários. Que em 2025 o poder público assuma suas responsabilidades, além de construir obras para depois dar as costas, como normalmente ocorre em outros empreendimentos.

*Colunista

[email protected]