JESSÉ SOUZA

O ano mal começou e estamos no olho de um furacão, sem previsão de como irá terminar

Operação em que quatro PMs do Bope foram presos realizada ontem pelo Ministério Público e Polícia Civil (Foto: PC-RR)

Vocês não estão entendendo ou não querem mesmo entender a respeito do que está ocorrendo em Roraima. Não se trata de querer saber quem vai ser candidato ou não nas próximas eleições. Quem está traindo quem na política. Ou qual fofoca é mais quentinha. Nem qual é o meme mais interessante do momento.

A realidade que se apresenta é de uma situação gravíssima dentro do contexto geral na política partidária e na vida da população. Está tudo aí, na cara. Nem precisa ficar ligando os pontos. Na Segurança Pública, por exemplo, estamos assistindo, mais uma vez, a policiais militares sendo alvos de operação policial sob seriíssimas acusações.

Não se tratam de quaisquer policiais. São quatro policiais da elite da Polícia Militar de Roraima, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), sendo presos na operação desencadeada ontem pelo Ministério Público de Roraima e Polícia Civil, sob a acusação de se apropriarem de parte de um carregamento de drogas apreendido em novembro do ano passado. Chegamos ao cúmulo de não saber mais quem é polícia e quem é bandido.

Por sua vez, o Governo do Estado finge que não está acontecendo nada, inclusive diante de membros da cúpula da PM sendo investigados por venda ilegal de armas e munições, além de compra de votos nas eleições municipais passadas. Sem contar com quase uma centena de PMs sob investigação dos mais variados crimes, como formação de milícia, simulação de execução e apoio ao garimpo ilegal, fora os assassinatos de pessoas inocentes por policiais fora de serviço e outros crimes.

Enquanto isso, o crime organizado avança no Estado, tanto na Capital quanto no interior, inclusive com faccionados venezuelanos tocando o terror em Boa Vista ao dominarem completamente setores da Capital e enterrando corpos em cemitério clandestino que já era de conhecimento da Polícia Civil há muito tempo, sem que nenhuma ação drástica fosse tomada.

Além da grave questão da Segurança Pública, na Assembleia Legislativa de Roraima as bombas lançadas no colo do cidadão foram desmontadas durante sessão extraordinária de terça-feira, 28. Os deputados enterraram o projeto do Governo do Estado que privatizava os serviços da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral de Roraima (HGR) em um momento em que denúncias começam a ressurgir na saúde pública.

Na mesma sessão extraordinária, os deputados também impediram a proposta de reajustar o preço da tarifa de água no Estado bem acima do aceitável, diante do serviço deficitário oferecido pela Companhia de Água e Esgoto de Roraima (Caer) na Capital e interior. E não esqueçamos que, a partir de sábado, dia 1º de fevereiro, o preço da gasolina vai aumentar graças à mudança, pelos governos estaduais, nos valores do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incidem sobre os combustíveis.

Lá mesmo, na ALE, no momento em que foi aprovado o projeto que reconhece a calamidade pública financeira em São Luiz do Anauá (município este que é o campeão de “emenda pix” no país, mas que vive em situação crítica), o ex-prefeito responsável por esta calamidade foi chamado de “criminoso travestido de prefeito”. É a revelação de como as emendas parlamentares são direcionadas para o duto da corrupção enquanto as cidades do interior vivem na penúria.

Na mesma intensidade que tudo isso ocorre, ao mesmo tempo e em uma velocidade surpreendente, quando mal começou o ano de 2025, tem deputado federal de recesso conclamando impeachment de Lula, como se fosse um factóide de distração política, enquanto o Estado de Roraima entra em uma espiral de turbulência diante de um governador quatro vezes cassado pela Justiça Eleitoral, sem mostrar nenhuma reação.

Será que não é possível entender a gravidade de tudo isso? Ou ainda será preciso desenhar com maçã ou laranja?

Detalhe: nem foi levado em consideração os constantes apagões de internet… porque ninguém se alarma mais e todo mundo fica calado!

*Colunista

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