Jessé Souza
O be a ba e a be u bu 01 10 2014 95
Jessé Souza* Está aberta a temporada da “BU”, termo muito usando neste período eleitoral e chamado pela população como “Boca de Urna”. Nos bastidores das redes sociais, tem muita gente fazendo listas que exigem nome completo e cópia da Carteira de Identidade e do Título de Eleitor. As pessoas listadas e cadastradas têm a promessa de receber uma certa importância com a obrigação de vestir a camisa de um candidato no dia da votação. Evidente que quem veste a camisa acaba votando nos candidatos que pagam a “BU”. Daí surgiu a cultura do eleitor que acha que tem de ganhar algo para votar. O “ganhar algo” significa o passe livre para vender o voto. Outros, para não dizer que estão simplesmente vendendo seu voto, afirmam que estão sendo restituídos do dinheiro que foi roubado dos cofres públicos. Tudo dentro da lógica de ter alguma vantagem para votar em determinados candidatos. Porém, há outra lógica nisso. O dinheiro que alimenta a corrupção eleitoral é o recurso que falta no hospital superlotado, sem estrutura, sem remédio e sem número de profissionais suficientes para atender a demanda. Sendo assim, em sua maioria, o eleitor roraimense merece o Hospital Geral que tem. Encerrado o pleito, os políticos que venceram a eleição não terão mais nenhum compromisso com o eleitor, pois compraram e pagaram, restando a eles assumirem ou reassumirem seus mandatos para recuperar o dinheiro investido na compra de votos e pagar seus financiadores ou agiotas. Esse dinheiro para pagar dívidas de campanha não brotará do galho das árvores no fundo do quintal; ele irá sair dos cofres públicos, o mesmo que deveria servir para manter os hospitais em condições, escolas com estrutura e polícias aparelhadas para enfrentar e reduzir a criminalidade. É por este motivo que os políticos se matam ou vendem a vovozinha deles para conseguirem um mandato, pois eles sabem que os cofres públicos esvaziam, mas logo estarão cheios de novo, principalmente por causa do dinheiro enviado pelo Governo Federal, que não é pouco. A cada dinheiro que o eleitor recebe da “BU” significa a manutenção do sistema que só penaliza o cidadão comum, que não tem condições de bancar segurança privada, pagar planos de saúde ou manter escola particular para seus filhos. Enquanto o eleitor que recebeu dinheiro da “BU” fica com a desassistência do serviço público, pois o dinheiro é desviado para canalizar esses e outros esquemas, os políticos ficam no bem-bom, recebendo bons salários e gordos benefícios, têm direito à segurança policial e um jatinho para recorrer aos melhores hospitais do país, caso precisem. E, depois, o mesmo eleitor que vendeu seu voto ainda se acha injustiçado pelos políticos. Mas a verdade é que quem planta, colhe; e quem se vende não tem respaldo para reclamar. *Jornalista [email protected]