Jessé Souza

O carimbador dos fatos 08 04 2015 838

O carimbador dos fatos – Jessé Souza* A forma de se comunicar está mudando radicalmente com a incorporação das novas tecnologias que se renovam em uma velocidade surpreendente. Embora os cavaleiros do apocalipse tenham dito que a profissão de jornalista estava ameaçada e que o jornalismo tradicional iria chegar ao fim, isso jamais vai acontecer. Ao contrário do que se pensou, quando a internet se popularizou, o jornalista tornou-se uma peça fundamental nos tempos de mentira de redes sociais e de montagens de vídeos cada vez mais perfeitas sobre os mais variados assuntos. Diante disso, o jornalista tornou-se o carimbador de fatos, o profissional que vai fazer do jornalismo o divisor do que é verdade do que é mentira de internet na divulgação da informação. Ontem foi celebrado o Dia do Jornalista, quase nunca bem visto pelos poderosos de plantão porque não interessa a eles manter profissionais comprometidos com a verdade – e a verdade para eles não interessa. Mediante esses novos tempos, o jornalismo não precisa tão somente se reinventar para absorver as novas mídias. Ele tornou-se fundamental para a sociedade na medida em que passou a ser responsável por separar o que joio e o que é trigo na internet, para que a opinião pública não fique refém de mentiras e de sofismas que visam confundir, omitir, ocultar ou mesmo disfarçar interesses escusos. Daí a importância fundamental do jornalista neste processo de manter a sociedade democrática por meio da informação, já que um cidadão bem informado torna-se capaz de exercitar seu papel não apenas como sujeito que tem direitos, mas também deveres a cumprir em favor da coletividade. O jornalista comprometido com sua profissão sabe que os desafios são enormes e as barreiras muitas vezes perto de intransponíveis. Mas ele também sabe que as recompensas não estão apenas na boa remuneração, nem muito menos no reconhecimento por parte do poder, e sim no retorno que a informação proporciona à sociedade, com a opinião pública habilitada a exercer sua cidadania e no reconhecimento por parte do leitor/ouvinte/telespectador. Os dias de sono, de momentos importantes longe da família, de ausência nas festas de amigos e de intenso trabalho em feriados e fins de semana, enquanto muitos descansam, fazem parte do desafio da profissão. Quem não está disposto a dedicar boa parte de sua vida a estes desafios, então que procure outra profissão, pois o jornalismo exige comprometimento do corpo e da alma. Sem este ato de amor ao papel de bem informar é impossível olhar para trás e se sentir completo como profissional. Não há jornalista sem amor ao que faz. Se alguém não se sentir bem doando parte de sua vida a este ofício, então aí estará uma pessoa frustrada para o resto de sua existência. E este nunca poderá dizer, no futuro, que fez o bom combate como um verdadeiro jornalista. *Jornalista [email protected]