AFONSO RODRIGUES

O carnaval foi o mesmo

“Varre, varre vassourinha

Varre, varre a bandalheira

Que o povo já está cansado

De sofrer dessa maneira.

Jânio quadros trabalhando

Conquistou o eleitorado

E com Porfírio da Paz

Governará o nosso Estado.

E agora a vassourada vai ser geral

Com Auro Moura Andrade

No Senado Federal”.

Parece incrível, mas a população paulistana cantou muito esse embrulho, nas ruas de São Paulo, na candidatura do Jânio Quadros à Presidência de República. Já falei inúmeras vezes dos momentos de certa forma hilários, em campanhas eleitorais do Jânio. Desde de sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, como para Governador do Estado e à Presidência da República. E por isso não me surpreendi com a fanfarrice daquela “renúncia” com cara tolice. Não sei se você prestou atenção à curiosidade de sempre que alguém perguntava para o Jânio, qual o motivo de sua renúncia, ele sempre respondeu: “Foram forças ocultas”. Ocultas coisa nenhuma. O jornalista Tico-tico, que acompanhou o Jânio em todos os seus movimentos, falou sobre isso, pelo jornal.

Também já falei daquela tarde de um sábado, em que eu participei de mais um churrasco com o Jânio Quadros, na residência do Vereador paulistano, Tarcílio Bernardo. Eu estava na sala, conversando com a filha do Tarcílio, que era minha colega no curso. O Jânio Quadros bravejava, lá fora, com o pessoal, falando mal do Adhemar de Barros. Eles eram inimigos políticos acirrados. E foi naquele momento que o Deputado Emílio Carlos precisou se retirar, por questão de viagens. E foi aí que o Deputado, passando pela sala, parou, tocou no meu ombro e falou, referindo-se ao bate-boca do Jânio Quadros: “Afonso… São briguinhas comadrescas”. O que era uma característica do Jânio Quadros. E olha que conheci muito bem o cara, e todos os seus acompanhantes. Por isso não me surpreendi com sua renúncia, no mínimo, hilária.

Sempre que se aproximam as eleições fico pensando nos momentos que vivi, no âmbito da política no Brasil. E as fanfarrices continuam enquanto deveríamos já estar preparados para sermos mais respeitados. Mas de uma coisa eu sei: não seremos respeitados enquanto não nos respeitarmos. E só iremos nos livrar dessas amarras quando nos educarmos. Porque só quando formos educados entenderemos que ainda não somos cidadãos. Ainda não temos liberdade no voto. O que faz de nós, fantoches de uma política capenga. Comece sua educação pensando que você é responsável pelo político que você elegeu. O que faz que você mereça exatamente o que tem. Então pare de espernear e valorize-se para ser valorizado. Eduque-se para merecer o voto facultativo. Pense nisso.

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