Era para ser uma audiência para debater o Projeto de Lei nº 167/2024, de autoria do Executivo, que pretende estender por mais 10 anos a proibição da pesca comercial e amadora do tucunaré nos rios da Região do Baixo Rio Branco, no Sul do Estado. No entanto, uma briga política que envolve o tema chamou a atenção de todos.
A deputada Joilma Teodora (Podemos) teve um impressionante surto de sinceridade, durante sua fala, chamando a atenção de todos naquela reunião realizada com a presença de pescadores artesanais, no dia 7 passado, no plenário da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).
É preciso que o eleitor não esqueça do discurso, muito menos a Justiça Eleitoral, que ainda irá julgar casos de compra de voto nas últimas eleições. Como se estivesse inebriada por um “chá da verdade”, ao sair em defesa da proposta do governo, Joilma foi ao extremo ao confidenciar que políticos compram voto e que não querem que o Estado se desenvolva.
A parlamentar não escondeu qual foi o principal motivo que a levou a se eleger deputada, que é defender os interesses dos empresários, especialmente do setor madeireiro, setor do qual ela fazia parte em 2016, exatamente no Sul do Estado, mais precisamente em Nova Colina, no Município de Rorainópolis.
Em defesa dos empresários de pesca esportiva do Baixo Rio Branco, atividade explorada por pessoas com influência, por isso ganha prioridade máxima no setor de turismo do governo estadual, Joilma afirmou que os deputados não querem que o Estado cresça. Ela ainda frisou que os pescadores presentes à audiência estavam sendo “usados para uma briga política”.
A parlamentar falou com todas as letras que os políticos querem que as pessoas passem fome para que possa existir a “boca de urna” (termo que denota compra de voto) e para que não tenham independência nem emprego. E se incluiu na fala: “A gente quer entrar na casa de vocês e comprar os votos para passar mais quatro anos”, afirmou Joilma.
Na sequência, ela questionou qual político foi no Baixo Rio Branco para saber da situação dos moradores de lá, acrescentando que o político não quer ver o Estado crescendo, quer que as pessoas dependam dos políticos e não quer ver o empresário crescer. No entanto, ela mesma admitiu que não destinou emenda para o Baixo Rio Branco, situação que ele disse sentir vergonha por ter esquecido dos moradores.
Mas não se trata apenas de vergonha, e sim de omissão e conivência com o que ocorre por lá, pois Joima lembrou que já foi vice-prefeita de Rorainópolis e que conhece a realidade da região, onde as famílias passam fome, a população não tem atendimento de saúde e as crianças sofrem estupro de vulnerável.
Joilmo falou muito mais. No entanto, há várias camadas nessa fala. A questão da compra de votos, a atuação de políticos para que o Estado não se desenvolva, o desprezo com a população ribeirinha e a omissão com os graves casos que ocorrem no Baixo Rio Branco não podem ser esquecidos. Esse surto de verdade e “mea culpa” não podem passar em branco, como se nada tivesse ocorrido naquela audiência.
*Colunista