Ter conhecimento é sem dúvida uma das mais nobres conquistas humanas, mesmo que com o tempo, coloquemos em questionamento e duvidamos dos resultados alcançados com esse mesmo conhecimento, o que vem gerando o confronto entre criação e criador. A busca incessante pelo saber tem impulsionado a humanidade a evoluir, transformar e redefinir as possibilidades de sua existência. No entanto, o acúmulo de conhecimento, por si só, não é garantia de sabedoria ou sucesso. É possível saber muito, acumular experiências, teorias e informações, mas muitos ainda estão confusos sobre como aplicar esse conhecimento de maneira eficiente, eficaz e benéfica a sociedade. Este paradoxo revela uma verdade inconveniente sobre a natureza humana: o conhecimento, quando não acompanhado de compreensão, empatia e humildade, pode se tornar uma fonte de arrogância, prepotência e dar vazão aos famosos “Professores de Deus”.
A arrogância intelectual é um fenômeno curioso e paradoxal. Indivíduos que se veem como detentores de grande conhecimento podem, em alguns casos, desenvolver uma sensação exagerada de superioridade sobre aqueles que se consideram menos informados ou educados. Essa atitude não apenas os isola, mas também os impede de reconhecer e valorizar as contribuições e perspectivas dos outros. A prepotência surge como uma extensão dessa arrogância, manifestando-se na crença de que saber mais confere o direito de menosprezar, desconsiderar e até mesmo impor opiniões e decisões sem o devido respeito pela autonomia, técnica e pela visão alheia.
O conhecimento sem a humildade necessária para reconhecer suas próprias limitações e falhas se torna uma arma muito perigosa, uma faca de dois gumes. Por um lado, o indivíduo pode se sentir onipotente e invulnerável em sua torre de sabedoria; por outro, essa percepção distorcida da realidade o deixa cego para novas aprendizagens e para o crescimento pessoal. A verdadeira sabedoria reside na compreensão de que o conhecimento é infinito e que, não importa quão vasta seja nossa erudição, sempre haverá espaço para aprender, descobrir e entender. Essa humildade intelectual é o que diferencia o sábio do simplesmente erudito.
O desafio de possuir grande conhecimento e não saber o que fazer com ele é uma questão intrínseca de aplicabilidade e relevância. Muitas vezes, acumulamos informações sem um propósito claro, sem um objetivo que oriente como esse conhecimento pode ser usado para contribuir com a sociedade ou mesmo para nosso crescimento pessoal. Sem essa direção, o conhecimento se torna um fim em si mesmo, um tesouro guardado que nunca é compartilhado, utilizado ou valorizado de maneira significativa que deveria. A verdadeira potência do conhecimento reside na sua aplicação consciente, na capacidade de transformar teorias em práticas, informações em ações que promovam o bem-estar comum e a melhoria contínua do nosso mundo.
A arrogância e a prepotência surgem, portanto, não apenas como um obstáculo à aprendizagem e ao crescimento pessoal, mas também como barreiras à inovação e ao progresso coletivo. Quando nos fechamos na crença de que já sabemos tudo o que é necessário, perdemos a oportunidade de explorar novas ideias, abordagens e soluções. A falta de humildade nos impede de questionar, de duvidar e, consequentemente, de evoluir. Além disso, a arrogância deteriora as relações interpessoais, gerando conflitos, mal-entendidos e uma desconexão prejudicial as relações entre as pessoas.
Em um mundo cada vez mais conectado, interconectado e dependente da colaboração e do compartilhamento de conhecimento, a capacidade de reconhecer e valorizar a contribuição dos outros é essencial. A diversidade de pensamento, a troca de experiências e a aprendizagem mútua são fundamentais para enfrentar os desafios complexos da atualidade. A arrogância, ao contrário, cria silos de pensamento, inibe a colaboração e limita nossa capacidade de inovar e adaptar.
Assim, o que fazer quando o conhecimento adquirido se torna uma questão de responsabilidade pessoal e social? É essencial que busquemos constantemente aplicar nosso saber de maneira construtiva, ética e humilde. Isso significa estar abertos a novas ideias; estar dispostos a aprender com o mundo; olhar para os cenários de forma holística; concentrar-se no detalhe sem deixar que as oportunidades passem; colocar o ser humano com agente central do processo de mudança e evolução; ter a crença da humildade e empatia e admitir que nascemos sem saber nada e morreremos sem saber tudo.
Não é uma tarefa simples ter a humildade de aprender com a vida. É desafiador, mas ao mesmo tempo é garantir o nosso lugar na hierarquia da vida, onde não precisamos brincar de deuses, muito menos de se achar professores Dele. Precisamos aprender a entender nossos limites, superar as dificuldades, olhar para o retrovisor da vida como fonte de aprendizado e não como limitador de crescimento. Olha fixamente para a frente, buscando o norte traçado como plano de vida, mas deixando os olhos flexíveis para identificar as oportunidades que acontecem no nosso entorno e, muitas vezes, aos estarmos mergulhando ou debruçados sobre os problemas, esquecemos que a solução pode estar mais próxima do que imaginamos.
Não temos como negar que o mundo teve avanços ao longo da sua história, porém estamos cada vez mais distantes do SER para nos preocupar, única e exclusivamente com o TER. Estamos deixando de valorizar as PESSOAS, para endeusar COISAS. Estamos nos distanciando de nossas origens e por isso deixando para trás valores inegociáveis e que representam a nossa diferença como ser humano em uma sociedade que busca se moldar a modelos pré-concebidos, quadrados e artificiais demais.
A mais nova área descoberta pelo conhecimento é algo que sempre existiu, o famoso ACHAR que deu origem ao ACHOLOGISMO, muito presente nas redes sociais onde as pessoas vendem cenários ideias, mas jamais vividos por eles; vendem experiências nunca experimentadas e “influenciam” as pessoas com receitas de bolo que estão mais para purgantes do que para um alimento gostoso.
A diferença na capacidade de aprender ou aceitar a ignorância está simplesmente na arte de se permitir, apenas isso!
Por: Weber Negreiros
CEO da WN Treinamento, Consultoria e Planejamento
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