O desafio em tempos de mentiras
A Folha de Boa Vista comemora, neste 21 de outubro, 34 anos de circulação ininterrupta em Roraima, um feito na imprensa roraimense considerando que muitos jornais impressos abriram e fecharam as portas na velocidade das campanhas eleitorais ou de mandatos de governo. Dessas cerca de três décadas, completei 20 anos de carteira assinada na empresa no dia 1º de agosto.
Cheguei à empresa quando a Redação do jornal era movida pelo barulho ensurdecedor das máquinas de datilografia, misturado à fumaça dos cigarros de colegas mais nervosos, pois duas décadas atrás ainda era permitido fumar em ambientes fechados.
De lá para cá, a realidade mudou de forma drástica, com a linotipo sendo aposentada definitivamente, o laboratório de fotografia substituído pelas máquinas de fotografia digitais e o barulho charmoso do teclado dos computadores assumindo de vez a inspiração na criação dos textos, parecendo poesia aos ouvidos de quem veio do passado ou tormento para alguns “focas” (repórteres em início de carreira) querendo sobreviver na missão de informar.
O cheiro do papel com tinta fresca resiste e ainda terá muita sobrevida pela frente, mas a internet veio trazer uma nova realidade, como um arauto anunciando que o futuro reserva um jornalismo muito diferente do que se concebia há três décadas. Porém, só existe uma certeza: a de manter a mesma linha pensada pelo grupo de idealista que criou a Folha, em 1983, que é a de manter um jornalismo independente.
Seja qual for a plataforma futura ou atual, o desafio de independência não só se mantém como aumentou a responsabilidade do jornalismo de perseguir a luz da verdade diante do campo livre para a mentira que se instalou na internet a partir das redes sociais com seu imediatismo cheio de armadilhas.
As transformações pelas quais a Folha impressa vem passando e sobrevivendo ao longo dos anos sempre vieram acompanhadas da luta de vários profissionais que passaram pela Redação, como se fosse uma escola de vida cujo teste era diário, principalmente quando o celular não existia e a internet era impensável.
Estamos em um caminho de transformações rápidas, cujo futuro não sabemos precisar, mas a missão do jornalismo apenas se renova, recaindo sobre essa nova fase o importante papel de ser o “carimbador da verdade” frente ao “fake news”, ou seja, da mentira como matéria-prima de confundir e ludibriar a opinião pública.
E o “Jornal Necessário” apenas renova seu compromisso de continuar mantendo o espírito cultivado desde sua criação, o de independência e, agora, o de buscar sempre a verdade dos fatos. Esse é o legado da Folha de qualquer época e em qualquer plataforma.
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