Pelas últimas notícias na imprensa nesse fim de ano, é possível analisar sobre quais são os principais desafios para o Estado de Roraima: a criminalidade e a corrupção eleitoral. A Polícia Federal encerra o ano com novas operações sobre compra de votos nas eleições municipais e tráfico de droga envolvendo gente influente, enquanto mais um corpo com claros sinais de assassinato foi encontrado no bairro São Vicente, localizado em uma área onde há grandes concentrações de migrantes venezuelanos.
São estas informações que mais circularam nos últimos meses no Estado, inclusive 2024 se encerrará como o ano que não terminará na política roraimense, diante da situação do governador que seguirá para o próximo ano com quatro cassações que deverão ser analisadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2025, o que definirá os rumos da política local para os próximos anos.
Essas realidades se cruzam, pois não se pode pensar em política partidária sem deixar de fora a questão da corrupção eleitoral e a violência urbana, com destaque para esta região onde foi encontrado mais um corpo, pois ali a criminalidade é reflexo do crime organizado que se aproveita da realidade em que uma facção venezuelana, em conluio com faccionados brasileiros, comanda o tráfico de droga no triângulo formado pelos bairros São Vicente, 13 de Setembro e Pricumã, onde há grandes concentrações de venezuelanos em situação de rua e em abrigos.
A atual política não mostra controle sobre essa dura realidade, mesmo que na Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR) os deputados mais influentes sejam ligados à Segurança Pública, como policiais civis, militares e até policial penal, o que revela o distanciamento entre a realidade da política partidária e a realidade das ruas vividas pela população, acossada pelo crime organizado e pela corrupção eleitoral.
O fato a ser destacado é que não há como combater o crime organizado sem depurar a política partidária, em que a Polícia Federal tem feito operações não apenas para investigar corrupção eleitoral, mas também político com mandato envolvido com o narcotráfico, inclusive com apreensão de ouro que supunha ser de origem legal, da Terra Indígena Yanomami, o que significa sinais fortes do narcogarimpo atuando na política.
E isso sem contar com policiais militares investigados por crimes que incluem garimpo ilegal, assassinatos, crime organizado e corrupção eleitoral, revelando um fato ainda mais sombrio que requer uma depuração da política e das forças policiais para que Roraima não se torne um narcoestado ou uma localidade que não tem mais controle sobre o crime e a violência urbana, a exemplo do que se tornou Manaus (AM), capital de nosso Estado vizinho onde o terror impera.
Roraima entrará para o ano de 2025 com o grande desafio de se depurar, diante do silêncio de boa parte das autoridades e de uma população comandada pela indústria do contracheque, que só quer saber de pagamento em dia do funcionalismo público, enquanto os mais pobres são silenciados pela política da cesta básica.
*Colunista
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