Jessé Souza

O inconfidente 22 04 2015 895

O inconfidente – Jessé Souza* Achei que o feriado de ontem seria um dia daqueles, morno, quase um tédio, como qualquer outro quando os órgãos públicos fecham as portas e muitos desaparecem da cidade. Mas a mesmice do dia foi quebrada por um convite que recebi para participar do “Programa 30 minutos”, da jornalista e radialista Consuelo Oliveira, na Tropical FM, no horário do almoço. Fui até lá achando que seria mais uma entrevista para cumprir a rotina. Mas não foi. Consuelo fez um passeio histórico sobre fatos e datas. E lá estava o 21 de abril, Dia de Tiradentes. Somente o fato histórico desse herói brasileiro seria suficiente para uma reflexão. Mas a produção do programa foi mais longe e lembrou a instalação de Brasília, a Capital Federal, com música da Legião Urbana e Capital Inicial, duas bandas que fizeram parte da construção da consciência crítica de quem viveu a década de 80, perído de transição da ditadura para a democracia. A história de Tiradentes e de Brasília, mesmo sem contextualização, nos remete a momentos importantes de nossas vidas como cidadãos que ainda aprendem até hoje a construir uma democracia após anos de colônia portuguesa e, mais tarde, de ditadura militar. Contextualizando, a opressão do poder é muito semelhante ao esquartejamento de Tiradentes. De Brasília, cantada por Legião Urbana e Capital Inicial, soam os ecos exclamando “Que país é este!” e das mentiras que os políticos nos jogam na cara todos os dias, em rede nacional. O espírito do inconfidente mineiro fica entalado no peito daqueles que lutam pela desratização do Brasil. Quem ouviu o programa de Consuelo Oliveira pôde exercitar essa reflexão com a narrativa dos fatos históricos e das brilhantes tiradas da apresentadora. E fui brindado por estar ali, naquela aula de História, e ainda poder falar um pouco sobre o jornalismo e sua essência. Um feriado para ficar marcado com o espírito de “União, Amor e Independência” dos mineiros. Vivemos um momento delicado na política brasileira, com escândalos que envergonham qualquer espírito de Liberdade que restou da história de Tiradentes. É por isso que se torna necessário cultuar nossos heróis, para que seus ideais estejam sempre presentes em nossas vidas como cidadãos brasileiros. O que Joaquim José da Silva Xavier enfrentou é para ficar gravado a ferro e a fogo na nossa História. A forma como ele morreu, por si só, já é motivo de reflexão. Do grupo de inconfidentes, ele foi o único punido com a morte. Como narra a história, provavelmente por ser o inconfidente de posição social mais baixa, uma vez que todos os demais eram mais ricos ou detinham patente militar superior. Tiradentes também era o único que não era tido como maçom. Enfim, um brasileiro na essência, que morreu para que chegássemos até aqui, um país que ainda busca manter a democracia e o combate às injustiças. *Jornalista [email protected]