O início da campanha eleitoral e os desafios que estão em pauta
Jessé Souza*
A campanha eleitoral começa oficialmente hoje e, na disputa majoritária, está bem claro quais são os desafios para a próxima administração do Governo do Estado: saúde, educação, segurança pública e estradas. São esses os principais problemas enfrentados pela população nos últimos governos e que persistem até hoje, os quais precisam ser lembrados especialmente por quem mora no interior de Roraima.
A questão da segurança pública é bem mais complexa, pois os problemas não são simples e não se resolvem somente colocando mais efetivo e mais viaturas nas ruas. Porque a criminalidade está diretamente relacionada à nova geografia do crime organizado transfronteiriço e que inclui a ação do garimpo ilegal tanto do lado brasileiro quanto venezuelano, que tem exportado faccionados que se estabeleceram no Estado.
Então, será necessária uma ampla ação de governos para organizar a fronteira, combater o crime organizado, inibir o garimpo ilegal e o narcotráfico, a partir de uma ação de estadista para conduzir a ações que possam combater as causas, e não somente os efeitos da criminalidade. E a próxima administração deve saber conduzir esse processo, inclusive dialogando com o Município para enfrentar os desafios da insegurança.
Nos demais setores, os problemas são históricos e não são difíceis de serem encarados se houver vontade política, principalmente na questão das estradas, em que prefeituras não assumem suas responsabilidades e costumam empurrar a culpa para o governo estadual. E o governo não pode mais se esquivar disso e precisa assumir a responsabilidade definitivamente para reverter esse triste quadro que se vê a cada inverno, enquanto nada se faz durante o verão.
E isso se faz diante de uma ampla mobilização em que os parlamentares precisam fazer sua parte também, fiscalizando e cobrando. A completa deterioração da BR-174 é o exemplo do descaso de todos, governos e bancada federal, que simplesmente fecharam os olhos. E as obras de restauração simplesmente não andam porque ninguém fiscaliza. É por isso que o governo precisa assumir essa grande responsabilidade de conduzir uma nova realidade em relação às estradas.
Igualmente históricos são os problemas na saúde e educação, os quais são sentidos na pele pela população que depende dos serviços públicos, das inadmissíveis goteiras no teto de hospitais à vergonhosa falta de transporte escolar que se repete a cada ano letivo. Até hoje se vê licitação pública para transporte escolar mesmo depois de dois anos de escolas fechadas. Assim como não se consegue consertar tetos de hospitais.
Isso só para citar os problemas mais básicos nesses dois importantes setores, os quais sempre foram rifados para aliados políticos em troca de apoio. Nunca a corrupção e o descaso serão combatidos quando saúde e educação forem tratadas como moeda de troca. E isso vem de longe e precisa acabar se quisermos um Estado que possa garantir o bem-estar coletivo, respeitando o dinheiro do contribuinte.
O eleitor precisa ter tudo isso em mente na hora de cobrar os candidatos, pois promessas são feitas, requentadas e geralmente nunca cumpridas. Não se pode mais permitir que os pesadelos se repitam, enquanto a amnésia domina o cenário político na hora de pedir o voto do eleitor, beneficiando os políticos que sempre estão dispostos a privilegiar seus interesses ou de seus grupos, enquanto a sociedade padece dos mesmos problemas desde a instituição do Estado.
*Colunista