Basta um piscar de olhos da mãe que a sua criança bem pequena já está escalando a estante da sala, entrando em espaços que nunca viu como se fosse a dona do lugar e, se em um ambiente como um parquinho de praça encontrar outras crianças, imediatamente começará a interagir com elas como se fossem amigas de longa data.
Esse comportamento, apesar de arriscado em alguns momentos, permite que ela descubra o mundo ao seu redor enquanto desenvolve suas habilidades, potencialidades e principalmente seus limites, que inicialmente para ela não existem.
Posso subir onde eu quiser!
Posso falar e interagir com quem eu quiser!
Posso ir e fazer o que eu quiser!
Até que durante o processo de crescimento, um adulto lhe diz:
Não, não pode!
Esse processo, além de natural, é importante para que possamos nos ajustar ao mundo e ao convívio social. Contudo, à medida que crescemos, outros “nãos” são apresentados para nós.
Você não consegue!
Isso não é para você!
Você não é bom o suficiente!
Na época e situação em que foram ditos, eles tinham a intenção de nos proteger, nos poupar ou mesmo nos mostrar que ainda não estávamos preparados.
Mas com o passar do tempo somos obrigados a tomar nossas próprias decisões, e, com isso, a voz externa que nos dizia o que fazer passa a ser substituída pela interna que nos diz o que podemos ou não fazer ou se somos capazes de realizar algo.
Nesse processo, algumas vezes tomamos decisões erradas que nos geram consequências negativas, dando origem ao medo.
O medo é uma emoção que originalmente tem a função de nos proteger, pois está relacionada a uma possível ameaça de dano físico ou psicológico, o que é muito importante para nossa sobrevivência. Contudo, em algumas situações nossa percepção dos fatos pode estar distorcida, causando um julgamento inadequado da situação e gerando medo de algo que não nos oferece nenhum tipo de ameaça real. Nessas situações ficamos paralisados, ou evitamos a situação ou fugimos.
Quantas vezes você deixou de ir a um lugar novo pelo medo do que poderia encontrar?
Quantas vezes deixou de tentar algo, pelo medo de não conseguir?
Quantos amigos você deixou de fazer por medo de dizer “Oi” e não ser correspondido?
Quantas oportunidades de trabalho você já perdeu pelo medo de não ser bom o suficiente?
Será que isso teve um custo na sua vida? Um custo de oportunidades perdidas?
O custo de oportunidade é um termo usado em Economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, por exemplo deixar de comprar um imóvel em determinado momento. Mas esse custo nem sempre é financeiro, ele também pode ser social e afetivo.
Você se identificou?
Da próxima vez que sentir medo de algo, pergunte a si mesmo:
Tenho todas as informações necessárias sobre isso?
Esse medo tem uma base lógica?
Quais benefícios eu poderia ter se eu tentasse? Quais prejuízos emocionais/sociais eu teria por deixar de tentar?
Minha história de vida ou minhas emoções podem estar afetando meu julgamento? Se mesmo assim o medo continuar causando prejuízo demasiado em sua vida, busque apoio profissional.
Um grande abraço!
Marcelo Tito Costa de Brito Psicólogo Clínico Especialista em Dor CRP – 20/09545