Jessé Souza

O momento crucial da seguranca publica e a morte de um policial 13211

O momento crucial da segurança pública e a morte de um policial

Jessé Souza*

A morte a tiros de um sargento da reserva da Polícia Militar, que estava no balneário público Cauamé, o mais popular da Capital, durante um assalto praticado por quatro bandidos, na terça-feira, revela a situação de insegurança que vivemos depois de longos anos de experiência e experimentos fracassados na Segurança Pública.

Não poderia ser diferente esta preocupante realidade, uma vez que as seguidas administrações do Governo do Estado não construíram uma política de governo para a segurança, ficando o policiamento ostensivo, por alguns anos, nas mãos de um programa comprado de uma empresa de Manaus (AM), o “Ronda no Bairro”.

Enquanto o governo fazia experimentos e propaganda com um programa que sequer havia dado certo no Amazonas, os bandidos se organizavam em facções e chegaram inclusive a ter o sistema prisional nas mãos, de onde saíam não apenas as ordens da bandidagem, como os próprios bandidos em fugas quase diárias, fora os esquemas de corrupção.

Hoje, o sistema prisional está retomado pelo Estado, que por sua vez ainda tenta organizar a segurança pública por meio de um novo programa chamado de “Polícia na Rua”, instalado tardiamente às vésperas de virar o calendário para o ano eleitoral, o que leva o cidadão a desconfiar de alguma forma da continuidade do que está sendo implantado.

O assassinato do sargento da PM é um choque de realidade a mostrar o tamanho do desafio do Estado para que retome o controle da segurança exatamente em um momento crítico, quando facções de bandidos venezuelanos aterrorizam nos bairros, especialmente aqueles onde há abrigos de acolhimento de imigrantes.

Têm sido vistas algumas respostas das autoridades, a exemplo da prisão de um bandido venezuelano acusado de matar outros quatro compatriotas envolvivos na disputa pelo tráfico entre os bairros 13 de Setembro e Pricumã, os quais estão sob o comando de faccionados estrangeiros. Mas os seguidos anos de abandono da segurança pública impõem dificuldades extremas para devolver a tranqualidade à população roraimense.

A presença frequente de viaturas nas ruas da cidade sequer passa a sensação de segurança, pois implantar um programa de segurança pública demanda tempo para que comece a apresentar resultados positivos. E do jeito que a política é feita no Estado, é possível que tudo mude de uma hora para outra, especialmente em ano eleitoral, quando os interesses partidiários dos políticos ficam acima de qualquer direito dos cidadãos.

Em ano eleitoral, é sabido qua máquina administrativa começa a trabalhar em favor do grupo que está no comando, inclusive muitos órgãos públicos passam a atuar como verdadeiros comitês eleitorais. A Segurança Pública não está imune a isso, especialmente quando as polícias se tornaram uma arena de disputa política entre seus membros.

É por isso que a sociedade precisa estar atenta para evitar que órgãos públicos se tornem negociadores de votos, com servidores transformados em cabos eleitorais, inclusive indo bandeirar nos semáforos no horário de expediente. Especialmente na Segurança Pública, para que as polícias não sejam retiradas de seu papel, com prejuízo nesta missão importante de devolver a segurança à população.

Este é o grande desafio da segurança pública. Não se pode admitir uma descontinuidade das ações nesse momento crucial. Se algo der errado, por culpa da política partidária, o Estado perderá mais alguns anos para conseguir retomar o controle da segurança pública. E aí poderá ser tarde demais, pois as organizações criminosas não dão trégua, especialmente a que vem da Venezuela, que está em guerra para tentar se estabelecer definitivamente.

*Colunista