Falando de Negócios

O olhar para os detalhes 14191

O olhar para os detalhes

Tem gente que se perde ao observar um cenário como um todo e na tomada de decisões estratégicas decide que no banquete vai economizar com o cafezinho

Tem gente que vive a vida toda olhando o mundo superficialmente e até acredito que em determinado momento da vida, possamos chegar à conclusão de que, às vezes, é melhor ser cego do que ver muita coisa absurda que vem acontecendo. Mas no mundo corporativo isso é bem diferente. Nos negócios não tem espaço para cegos, muito menos para quem não se atenta aos detalhes.

Estamos nos acostumando a definir prioridades de forma equivocada, que nos levam a trilhar os caminhos que definiram o sucesso ou o fracasso em nossas vidas e negócios. Os projetos que definimos como prioritários devem ter a ciência de que investimentos terão que ser realizados e os resultados serão mensurados a partir do momento que soubermos distinguir o que é investimento do que é despesa. Não adianta ficar discutindo “sexo dos anjos” enquanto as oportunidades passam na nossa frente e não temos coragem de agarrá-las, confirmando a nossa presença na zona de conforto e a falta de atitudes de pessoas e gestores.

Vivemos executando tarefas e que possuem benefícios a curto ou longo prazo. Imagine que você precisa verificar seus emails, depois planejar suas atividades, em seguida começar a executar essas atividades. Em seguida executará as tarefas de forma rotineira, fazendo parte de um planejamento global em busca de objetivos claros e resultados positivos.

Na prática isso nada mais é do que olhar para os cenários com as várias percepções possíveis e respeitar a opinião do outro, porém garantindo o foco na defesa de suas convicções. As pessoas tendem a olhar os cenários de uma forma ampla e esquecem que os diferenciais estão nos detalhes, por exemplo: um evento com toda pompa, realizado em um espaço interessante, pode ter sido todo planejado, organizado e preparado para que as pessoas se sintam bem ao adentrar o ambiente, mas em alguma parte do processo, alguém esqueceu de prever a reposição de papel higiênico e sanitizantes nas toaletes. Pode parecer a menor das preocupações, mas não é. As pessoas, mesmo que não aparentam e não pratiquem a cultura do detalhe, estão esperando ser surpreendidas por quem realizou o evento. Isso mesmo, elas estão pagando pelo espetáculo e não simplesmente pelo evento em si.

E o que o papel higiênico tem a ver com isso? Tudo e vou mais além. Não é só o papel higiênico, mas o tipo de papel, o de melhor qualidade. Não é apenas um sanitizante no banheiro, mas aquele que causará uma melhor sensação no olfato dos participantes, ou seja, não é só que vemos, mas o que a cabeça das pessoas percebe e sente.

Outro exemplo é a realização de grandes eventos e shows. Tudo organizado, atração principal contratada, espaço bonito e amplo, ingressos disponíveis de forma acessível e rápida, tudo pensado. Será? Mas ao chegar no evento você se depara com a falta de lixeiras para colocação dos resíduos que normalmente surgem em um evento, como copos, garrafas, latinhas e tantas outras coisas. Você notará que os presentes podem estar satisfeitos com o evento, mas algo faltou. Faltou mais um detalhe e nesse caso, algo simples, não tão oneroso e que faria a diferença, as lixeiras.

William Shakespeare disse: “Perde-se a vida quando a pretendemos resgatar à custa de demasiadas preocupações”. Quando falamos da saúde mental, do excesso de preocupação a citação cabe como uma luva, porém quando trazemos para o mundo dos negócios, vemos que a negligência em relação aos detalhes pode prejudicar uma marca empresarial ou pessoal. Muitas vezes creditarmos a “falta de tempo” ou a sensação de que os dias parecem curtos para cumprir todas as suas obrigações, como grande pano de fundo para não olharmos as preocupações pelo prisma dos detalhes. Com certeza falta praticar a administração do tempo, o que melhoria significativamente a produtividade e os resultados.

Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido defendia que tínhamos que deixar que as nossas preocupações antecipadas se transformassem em pensamento e planeamento antecipados. Essa frase deixa claro o quanto é importante planejar ação a ação e não ser apanhado por surpresas indesejáveis e que poderiam ser evitadas.

Quando não conseguimos nos fazer entender sobre a importância dos detalhes, nos transformamos em homens e mulheres velhos que mergulham em muitas preocupações — mas na sua maioria nunca aconteceram porque você nunca chegou ao cerne do problema.

A preocupação excessiva, sem ação, nos gera um incomodo porque estamos fazendo um exercício vazio. A preocupação com os detalhes deve existir sempre na cabeça das pessoas que trabalham por resultados e acreditam na meritocracia como o caminho do crescimento. Esse tipo de preocupação pode ser chamada de “preocupação inteligente” já que ela garante o resultado que tanto esperamos, que é a satisfação plena das pessoas.

Mas a satisfação plena existe? Pode até ainda não ter sido alcançada, mas ela existe e deve ser perseguida pelas pessoas e organizações que pensam e praticam a empatia. As pessoas que buscam essa satisfação plena são aquelas que antecipam mentalmente fatos concretos. Isso nos leva a atitudes de melhor preparo, no presente, garantindo um futuro bom para quem pensa, para quem executa e para quem avalia os retornos dos investimentos realizados.

Então, nas várias fases do planejamento de suas ações, devemos nos preocupar de forma inteligente e saber lidar com suas inquietações. A partir daí avalie — com honestidade — o que sua preocupação está sugerindo. Ela pode sugerir diversas coisas, entre elas:

  • É algo que está no seu controle?
  • Há um aprendizado sendo requisitado?
  • Implica em alguma mudança que v
    ocê pode, objetivamente, realizar?

Se a resposta for “sim” para as questões, significa que a preocupação tem uma finalidade. É um pensamento funcional, que cuida da sobrevivência e bem-estar como pessoa e organização.

Mas, se a resposta for “não”, toda a aflição servirá apenas para alimentar pensamentos negativos e catastróficos, que se perdem de soluções e fogem ao seu controle, ou seja, puro desperdício de tempo, energia e saúde.

Podemos destacar algumas razões que nos fazem persistir em manter o foco na ação e no resultado, também tratado em nosso texto como “preocupações”. Podemos elencar algumas:

  • Manifestar preocupação inteligente é equivalente a mostrar que nos importamos com uma situação ou com uma pessoa.
  • A preocupação inteligente nos protege de imprevistos.
  • Associar preocupação inteligente à busca de soluções.
  • A preocupação inteligente é como um artifício que nos impede de cometer erros.

É importante destacar que não há nada de errado em pensar em situações que podem acontecer e comprometer os resultados, mas mais importante do que isso é buscar se prevenir de problemas, ou mesmo dedicar um tempo para considerar possíveis consequências de uma determinada atitude. Isso nada mais é do que se preocupar com os detalhes.

A preocupação pura e simples pode ser considerada muito positiva, desde que haja a ação, caso contrário, acumularemos um estresse que será espelhado em nosso corpo com o surgimentos de doenças.

Mas a preocupação pode se tornar tóxica, um grande entrave quando se resume à ruminação de pensamentos negativos, onde surgem os Cavaleiros do Apocalipse mais uma vez. Isso nos paralisa e nos sobrecarrega com medos irracionais e nos leva a perda de tempo e saúde mais uma vez.

Por isso, não deixe de se preocupar com os detalhes, eles irão compor sua imagem ou da sua organização frente as pessoas e ao mercado. Mas se preocupar de forma egoísta o tornará uma pessoa desmotivada, sem força para agir e o principal, uma pessoa negativista que não ajudará em nada nos rumos do sucesso desejado.

Por: Weber Negreiros