O peão e o rei
Existem pessoas que se acham a última bolacha do pacote. Mas no final de um jogo de xadrez todas as peças vão para a mesma caixinha, ou seja, a força das peças independe ao final do jogo.
Vamos reforçar um fato que virou rotina em nossos dias e que nos causam cada vez mais constrangimento e abominação em relação as pessoas que se acham a “última bolacha do pacote” ou que seu cargo se reflita em status e que lhe dê o direito de se intitular “professor de Deus”.
Esse tipo de pessoa é mais comum do que a gente imagina e acaba sendo identificado facilmente em cima de uma citação muito comum: “Dê poder e dinheiro a uma pessoa e você saberá exatamente quem ele é de verdade”. Mas também tem aqueles que não tem nem dinheiro e nem poder e se sustentam em cima da sua própria arrogância para desrespeitar o outro.
Precisamos em primeiro lugar redefinir o conceito ou aplicação do termo “PODER” e vamos tratá-lo como a condição dada a um treinador frente ao seu time. Vamos pegar o exemplo do treinador de um time de futebol que na preleção faz de tudo para motivar a sua equipe antes do jogo e ao lado do campo, nos 90 minutos, fica um misto de cuidador e agressor. Em alguns momentos, palavrões impublicáveis, em outros o “valeu”, “muito bem”, “show de bola”, enfim gatilhos para que a equipe se mantenha atenta e motivada. Onde está o erro do treinador ser em determinado momento ríspido demais e em outros extremamente paternal? Não existe erro nessa condução, são momentos trazidos pelo emocional do treinador que conhece a sua equipe e sabe o momento certo de disparar os gatilhos para o seu time. O que não pode acontecer é o “PODER” ser confundido como o autoritarismo, ou seja, o treinador passar a se achar o “único dono da verdade”, o único “conhecedor dos fatos”, a pessoa que traz consigo traumas, conceitos e pré-conceitos e faz de tudo para que todos comecem a pensar do mesmo jeito que ele.
O resultado do comportamento autoritário que normalmente caracteriza os CHEFES e passa longe dos LÍDERES, é a formação de ilhas dentro do time e a transformação do time em EQUIPE. Uma equipe pode ter pensamentos diversos, objetivos incomuns, sabotagem como regra de grupo, redução da produtividade e a busca incansável pela inviabilização de quem comanda. No futebol brasileiro isso vemos como muita frequência.
Quando trazemos isso para o nosso dia a dia, começamos a lembrar de frases que nos causam náuseas, como por exemplo: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” ou “Quem manda aqui sou eu e pronto”. As duas frases são dois grandes gatilhos, mas gatilhos negativos e que acabam tolhendo a criatividade e a produtividade do seu time.
Em ambientes contaminados pelo autoritarismo ou mesmo pelo comando pela força, formam grandes sabotadores de marcas e pessoas. Isso mesmo, sabotadores, porque as pessoas começam a ver no comando com base na força, uma grande oportunidade de se medir força e quando as pessoas que fazem parte da sua equipe ou time não têm maturidade suficiente, acabam atrapalhando todo um projeto. A cena que mais caracteriza esse ambiente é a falta de estímulos para comemorar as conquistas.
Não existe conquista sem que ela tenha o gosto do compartilhamento e da gratidão a quem ajudou a sua construção.
Volto aqui nesse texto, o que faço questão de diretamente ou indiretamente trazer em tudo que faço. A humildade é o que coloca as pessoas em pé de igualdade. Não são cargos ou fortunas que irão fazer alguém melhor do que o outro, pois o TER sempre será menor do que o SER. As pessoas não lembrarão de você pelo que você tem, mas sim do que você fez de bom com o que tem e pela forma como você tratou o outro. Jamais de vemos esquecer que quem menos tem é quem mais dá e quem menos sabe é quem mais ensina.
A segunda regra de vida que trago é o RESPEITO, a forma como você trata as pessoas e as valoriza do jeito que são. O respeito é condição básica para a formação de um time. As pessoas possuem impressões digitais únicas e problemas também únicos. Ninguém sabe o peso de um problema que está acontecendo com o próximo, para nós pode ser algo completamente superável para o outro pode ser algo que ele não veja saída. Por isso o RESPEITO é tão necessário. Já está comprovado, todos precisam e dependem dos seus salários ou rendas inconstantes como os autônomos, mas todo mundo precisa ser reconhecido pelo seu esforço, pelo seu trabalho e pela sua dedicação. Isso também é RESPEITO pelo RECONHECIMENTO.
E o reconhecimento nada mais é do que uma das formas de GRATIDÃO, outra regra de vida que trago comigo. A gratidão te credencia a ser visto como uma pessoa que não está passando por um determinado lugar, cargo, posto ou momento sem observar os movimentos das pessoas. Ser grato e garantir que os fracassos são ensinamentos e o sucesso uma consequência. Ser grato é devolver ao próximo um pouco do que Deus nos deu. Ser grato é ter o coração aberto para usar uma palavra tão difícil de ser dita: OBRIGADO.
Mas começamos falando de time de futebol e enveredamos por outros rumos? Não, não foi isso, apenas resolvemos ilustrar atributos que compõe uma liderança nata. O treinador de sucesso é aquele que tem a HUMILDADE de pedir desculpas, assumir erros e motivar seu time. O treinados de sucesso é aquele que RESPEITA a individualidade de todos, sabendo que ninguém é igual a ninguém, mas que todos tem potencial para ser descoberto e usado em prol de todos. O treinado de sucesso é aquele que sabe AGRADECER, aquele que na derrota chama a todos é agradece o esforço e os impulsiona para um futuro de vitórias. É aquele que sabe chamar no canto para advertir e não criar nenhum constrangimento em grupo. É aquele onde o OBRIGADO é uma das palavras mais usuais.
O futebol serviu como exemplo para o uso do comando sem força na busca dos resultados, mas vou usar uma outra modalidade para mostrar a mais importante lição do nosso texto dessa semana, vou usar o XADREZ.
O jogo de xadrez é baseado em regras, estratégias e o poder das peças. O tabuleiro é composto de oito peões, duas torres, dois cavalos, dois bispos, uma rainha e um rei. Cada peça tem sua particularidade no modo de movimentar-se sobre o tabuleiro. Vamos atalhar e dar XEQUE-MATE. E aí o que acontece? Todas as peças, independente do REI ou do PEÃO vão para a mesma caixa, aonde o grande poder ou a falta dele, não fara diferença alguma. Então deixe sua arrogância de lado, pois no fim todos acabam no mesmo lugar, enterrados a um metro e meio da superfície para apodrecermos do mesmo jeito, nem mais cheirosos e nem menos c
heirosos do que ninguém, nem a roupa de grife que colocaram em você no seu enterro será poupada, terá o mesmo destino de uma roupa simples e barata. Todos terminam iguais mais uma vez, afinal de contas, “nascemos sem saber nada e morremos sem saber tudo”, portanto, sem precisar se achar melhor do que ninguém.
Por: Weber Negreiros