O que há por trás da chacina Mais uma possível chacina na área de garimpo em Roraima virou notícia internacional, possivelmente resultado de disputa entre garimpeiros que ocupam ilegalmente a Terra Indígena Yanomami, que se prolonga entre Roraima e Amazonas. Outros conflitos vêm sendo registrados ao longo dos anos, pausados por uma ou outra operação de retirada de garimpeiros.
O que fica implícito é a incompetência dos órgãos fiscalizadores, da Polícia Federal e do próprio Exército não só em se fazer esporádicas operações de retirada de garimpeiros, mas de manter uma ação de vigilância e proteção a fim de evitar a exploração predatória de minério.
Há várias vítimas dentro desse contexto, como os próprios garimpeiros, que na verdade são pais e mães desempregados que são cooptados pelos agenciadores de garimpo, que nada mais são do que gerentes dos empresários que bancam toda a estrutura, como transporte de avião ou de barco, alimentação, maquinários, combustível e outros serviços.
Depois têm os índios que estão largados à própria sorte em suas áreas, sem apoio e assistência por parte da União, os quais ficam submetidos à garimpagem que também os coopta, além de destruir os recursos naturais, poluir os mananciais e de levar doenças para os indígenas. Sem falar da violência gerada pelos conflitos em uma terra sem lei em que se torna uma área de garimpo.
Na ponta estamos nós, a população das cidades, abastecida de água potável pelos rios cujos afluentes, localizados nas terras indígenas, estão sendo contaminados pelo mercúrio, assoreados pelas máquinas que sugam tudo do subsolo e que têm sua vegetação de proteção destruída pelo avanço da ação garimpeira cada vez mais voraz em busca de lucro e retorno do alto investimento.
Todo esse cenário só é possível graças à inércia dos órgãos fiscalizadores e das instituições federais e militares responsáveis por impedir a ação dos garimpeiros. A chacina, que ora é assunto internacional, é apenas uma das questões envolvidas. Como já foi registrado aqui, o Estado de Roraima sofre sérios riscos devido à grave ameaça aos seus mananciais e reservatório de água potável.
Além disso, existem as atividades econômicas de produtores e ribeirinhos atingidas pela degradação do meio ambiente, sem contar com a evasão de divisas devido ao contrabando do minério extraído dos garimpos. Então, ou as autoridades tomam uma atitude agora, ou o garimpo predatório irá provocar mais prejuízos incalculáveis e irreversíveis para o Estado e para o país.
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