Bom dia,

Hoje é quinta-feira (03.12). O Fundo Monetário Internacional (FMI), para quem felizmente o Brasil não deve mais, é um instituição ouvida pelo chamado mercado. Investidores, em aplicação no mercado financeiro e no de capital, além de empreendedores no mercado real; ouvem com bastante atenção o que dizem os economistas daquela instituição, nascida dos escombros da Segunda Guerra Mundial, para dar sustentação ao capitalismo. Esta semana, informado de que os casos de mortes e de infecção pela Covid19 no Brasil estão crescendo novamente, o FMI diz que na ocorrência de uma segunda onda da pandemia , o governo brasileiro deverá recriar a ajuda emergencial para as pessoas mais pobres para não ver a miséria grassar no país. O FMI diz também da necessidade do governo Bolsonaro criar um programa permanente de transferência de renda.

O problema é que, apesar de do presidente da República estar convencido de que politicamente ganhou popularidade, quando da adoção do primeiro programa emergencial; ele enfrenta uma montoeira de dificuldade para torná-lo permanente. A primeira resistência vem do interior do próprio governo a partir do seu ministro da Economia, Paulo Guerra, que não aceita aumento do endividamento da União, e muito menos da quebra do teto das despesas, uma norma fixada constitucionalmente. Guerra diz, com todas as letras, que não tem de onde tirar grana para financiar o programa  Renda Brasil – e parece que venceu a batalha interna no governo-, tanto que o Palácio do Planalto já anunciou a desistência de criar um novo programa de transferência de renda, preferindo continuar com o Bolsa Família.

Bolsonaro, apesar de ter trazido o Centrão para dentro de seu governo, enfrenta igualmente, forte resistência no Congresso Nacional. Os técnicos do governo sabem do populismo e da irresponsabilidade vigente entre os parlamentares de direta, que contam com a ajuda de deputados e senadores da oposição sempre que for para criar dificuldades ao governo. Nesse sentido, esses técnicos temem que o Congresso Nacional venha aprovar um valor para qualquer programa de transferência de renda muito acima das possibilidades financeiras/orçamentárias do governo. E sabem também que se Bolsonaro vetar essa proposta inexequível, senadores e deputados derrubam o veto.

E assim, entre idas e vindas, impulsionadas pelo modelo de governança instituído pela Constituição Federal de 1988, o Brasil vai empurrando com a barriga a resolução de seus mais graves problemas, entre os quais a falta de emprego e o bolsão de miséria que deveria envergonhar todos nós. Enquanto isso, grande parte da agenda dos parlamentares federais (senadores e deputados) está sendo ocupada para tentar instituir a reeleição das Mesas Diretoras do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; o que é claramente vetada pela Constituição. Que coisa, hein?

ESVAZIADA

Faz mais de um mês, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) anunciou que assumiria por completo a gestão da Área de Proteção e Cuidado (APC), da Operação Acolhida, do Exército Brasileiro. Esta unidade hospitalar foi fundamental para superar a fase mais aguda da pandemia da Covid19 no estado, mas suspendeu da internação de pacientes contaminados pelo vírus desde o final do mês de outubro. Ontem, quem passou pela frente da APC pode ver que o estacionamento da unidade hospitalar estava literalmente vazio, denotando que seu funcionamento era quase inexistente. E enquanto o número de casos e de mortes pela Covid19 aumenta em Roraima, parece que só agora as autoridades militares e do governo começam a discutir a transferência de gestão da APC.

FISIOLOGISMO 1

Em qualquer democracia do mundo quem comanda os poderes, executivo ou legislativo, são os vencedores da eleição. Aqui em Boa Vista o resultado da eleição municipal mostra que as forças políticas/partidárias que elegeram o maior número de vereadores estão situadas no espectro da oposição ao candidato vencedor Arthur Henriques (MDB). Por isso, a expectativa criada até agora era a de que a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV) seria presidida por uma vereador/vereadora do campo da oposição, para inclusive dar maior condições do legislativo mirim de Boa Vista de exercer um papel para além de simples instituição homologatória das decisões do executivo, como tem sido nos últimos anos.

FISIOLOGISMO 2

As mais recentes informações vinda dos bastidores e das conversas entre vereadores/vereadoras eleitos e reeleitos dão conta de que o nome favorito na disputa pela presidência da CMBV é o do vereador Idázio da Perfil (MDB), um dos três vereadores eleitos na coligação que apoiou a eleição de Arthur Henrique. Se este favoritismo vingar de verdade, resta bem claro que o fisiologismo atávico dos políticos locais venceu a lógica democrática. E sinaliza que os eleitores que votaram pensando em mudança -menos de um terço dos atuais vereadores foram reeleitos-, fizeram na verdade trocar seis por meia dúzia. Quem viver, verá.

ACUSAÇÃO

Ontem, quarta-feira (02.12), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que está em isolamento por conta da Covid19, acusou frontalmente o Congresso Nacional de bicotar as ações do governo Bolsonaro na direção de abrir a competição no setor de transporte rodoviário nacional. Em chamada telefônica, com vídeo, feita pelo presidente da República, em frente ao Palácio da Alvorada, o ministro dava satisfação a pequenos empresários de afretamento de ônibus. Bolsonaro mandou que Tarcísio mandasse alguém conversar ainda ontem com ele para resolver a questão. Caramba!