Bom dia,

Hoje é segunda-feira (16.11). Para o bem, ou para o mal, as urnas falaram. Uma observação superficial sobre o resultado eleitoral, especialmente nas capitais dos estados brasileiros, mostrou que cada eleição é diferente quanto ao cenário em que é disputada. Faz pouco menos de dois anos, as eleições gerais foram marcadas por um desejo bem marcante da população por mudanças, tendo como pano de fundo um sentimento aparentemente grande de ver diminuída no Brasil a corrupção endêmica que marcou as últimas administrações federais e estaduais pelo país à fora. Foi uma onde  que elegeu candidatos a presidente de República, governadores de estados, alguns senadores e deputados federais. Foi a onda dos “off side”, candidatos considerados de fora do mundo político, e que teve igualmente discutidos valores morais e cristãs, que afetam nossas vidas.

Estas eleições municipais tiveram outro cenário. Com as exceções de sempre, foram eleitos prefeitos gente do ramo, isto é, políticos com longa militância política. Num apanhado geral, embora preliminar porque feito ainda no calor das apurações, parece que os eleitores tupiniquim, como regra geral, ficaram desencantados com a prática dos eleitos em 2018, que do discurso contra a corrupção passaram eles próprios a roubar o dinheiro público, ou a fazer aliança com o que há de pior na política brasileira.

Aqui, em Roraima, especialmente com a maciça reeleição de muitos prefeitos, bem como a eleição de candidatos apoiados e financiados por tradicionais políticos locais deixa bem claro que o eleitor roraimense não tem a menor vontade de mudança. Temos claramente um pasmaceira e uma estagnação marcante em todos os municípios do interior de Roraima, que faz muito tempo, praticamente esvaziam de população e de atividades econômicas essas unidades interioranas, mas o eleitor prefere continuar na mesmice de sempre. Para que mudar? É igualmente visível, que os adversários da prefeita -que leva à tiracolo a enorme rejeição do ex-senador Romero Jucá (MDB), à ponto de escondê-lo como o principal coordenador da campanha de Arthur Henrique (MDB)-, em vez de focá-la como principal adversária preferiram se engalfinhar numa desmedida campanha pela segunda vaga, no segundo turno, que quase não ocorre.

Arthur Henrique e Ottaci Nascimento (Solidariedade) vão disputar a o segundo turno em Boa Vista com flagrante favoritismo do primeiro. Ele deixou de levar a eleição no primeiro turno por menos de 0,5% dos votos válidos, e vai enfrentar um adversário que terá de fazer um trabalho hercúleo de juntar, e tentar colar estilhaços políticos e pessoais, das forças políticas que se opõem ao grupo político ainda hoje comandado pelo senador Romero Jucá.

EXPECTATIVA

Pelas provas coletadas pela Polícia Federal, é bem provável que a eleição no município de São Luís, no Sul de Roraima, seja decidida no tapetão. É que o prefeito reeleito James Batista (MDB) foi flagrado com dinheiro e lista de eleitores. Parte do dinheiro encontrado pela polícia estava guardado em absorventes femininos e o telefone celular do prefeito foi encontrado quebrado num banheiro em sua residência. O adversário de James Batista foi Miguel Rodrigues (Democratas) que é irmão do senador Chico Rodrigues (Democratas), cuja candidatura foi registrada de última hora por decisão judicial. Se houver o julgamento em tempo hábil, é possível que a eleição naquele município seja anulada.

RENOVAÇÃO

Apenas oito, dos vinte e um vereadores da Câmara Municipal de Boa Vista (CMBV), foram reeleitos. Percentualmente, isso significa uma renovação de 66% na CMBV. Pode ser apenas uma troca de nomes, com aquela história de seis por meia dúzia, e só o desempenho futuro de cada um dos eleitos vai dizer se realmente haverá mudança de qualidade na composição do legislativo mirim de Boa Vista. A atual CMBV foi praticamente um poder meramente homologador do Poder Executivo. Será que a lição será aprendida pelos vereadores e vereadoras?

EMPRESÁRIOS

Um levantamento preliminar mostra que pelo menos quatro dos vereadores e vereadoras eleitas tiveram forte apoio de empresários. Esse mesmo levantamento indica que a eleição, especialmente para a CMBV, é fortemente influenciada pela capacidade econômica de cada campanha. É da natureza do processo eleitoral roraimense.