O REPOLHO E A ROSA
Conhecimento não foi feito para todo mundo, pois tem aquelas pessoas que nascem achando que foram brindados por Deus com a sabedoria plena e esquecem que todos nós nascemos iguais com aparência de joelhos, sem saber nada da vida e ao chegarmos ao fim dela, morreremos sem ter aprendido tudo.
O ser humano é o único ser vivo que pode apodrecer antes de amadurecer e tudo isso acontece quando ele brinca de ser Deus, de saber de tudo, de achar que foi concebido com toda genialidade que ninguém mais pode ter. Essa semana vamos abordar o tema da “forma de aprender”, ou melhor de “querer ou não aprender”. Faremos a analogia entre o repolho e a rosa e a forma como cada pessoa recebe o conhecimento.
Mortimer Adler fez uma citação sobre o propósito do aprendizado: “O propósito do aprendizado é crescer, e nossas mentes, diferentes de nossos corpos, podem continuar crescendo enquanto continuamos a viver”. Temos que ter consciência de que o processo de evolução é contínuo e que temos que ter humildade na absorção do conhecimento.
Quando observamos o crescimento de um repolho vemos que ele cresce se fechando e numa analogia simples com as pessoas que insistem em se fechar na sua ignorância o comportamento se assemelha. Existem pessoas que se comportam como grandes repolhos, ao serem convidados para algo que irá agregar conhecimento e valor profissional, eles se apresentam como os grandes baluartes do conhecimento, totalmente prontos e sem aceitar receber mais nada. Infelizmente esse tipo de gente mina de todos os cantos do mundo num ritmo alarmante.
Por outro lado, ao observarmos o crescimento de uma rosa, podemos ver que ela se desenvolve abrindo suas pétalas para o novo, para a luz e ao fazermos a analogia sobre a absorção do conhecimento identificamos as pessoas que estão sempre abertas ao novo, ao conhecimento, ou mesmo até mesmo a uma recapitulação do que um dia já foi visto.
Temos no comparativo do comportamento o verdadeiro espelho de nossa sociedade. De um lado uma plantação de repolhos prontos com suas verdades, conceitos e pré-conceitos e um sentimento de superioridade sobre todos os demais e completamente fechados para o novo. Do outro lado, temos as uma plantação de rosas, sempre aberta ao conhecimento, onde as pessoas perguntam para evitar o pré-julgamento, se comunicam para evitar os ruídos, trabalham fortemente para novas descobertas e fazem questão de trazer mais gente para o compartilhamento de novas experiências.
Ao chegarmos a essa conclusão, temos a tranquilidade de observar com maior clareza os movimentos na sociedade. Um dos mais evidentes é a criação de grupos radicais, que defendem suas verdades como se fossem as únicas. Outros grupos que se encontram em situações opostas e não aceitam a discussão por meio do diálogo e logo buscam o enfrentamento. Esse extremismo faz com que a nossa sociedade esqueça de uma regra divina: “Nascemos sem saber tudo e vamos morrer sem saber nada”. Mas para esses extremistas, radicais ou mesmo os rebeldes sem causa, fica a previsão sombria de seus futuros. Um futuro que estará coberto de dúvidas, mesmo quando acham que sabem tudo. Um futuro de questionamentos diários, mesmo quando acham que sabem todas as respostas. Enfim, um futuro de “pessoas superiores” que desconhecem o básico da humildade, respeito e gratidão.
Por outro lado, e ainda acredito ser o melhor grupo, vemos pessoas que buscam conhecimento constante, mas mais do que isso, buscam democratizar o conhecimento, eliminar os donos da verdade e substituí-los pelos amantes do diálogo. Vemos também as pessoas que querem identificar talentos e oferecer oportunidades para que todos possam ter acesso ao conhecimento. Quando as pessoas chegarem a um grau de amadurecimento necessário em relação ao conhecimento, teremos um mundo menos ignorante, menos radical, menos detentor de características de endeusamento e menos sombrio.
Esperamos que todos os dias o amadurecimento seja visto como o “alcance da plenitude”, e consigamos enxergar além do sorriso, da informação, dos aspectos estéticos, das belas embalagens e deixemos de ver a superficialidade para enxergarmos a importância do ser. Que a gente possa perceber que a felicidade da gente, vem do conhecimento, mas que antes de buscar conhecer mundo, você tem que se conhecer.
A definição da felicidade é genérica, mas a sua execução é específica e depende de si e não na terceirização da felicidade no outro. Precisamos desenvolver nossas percepções em favor da descoberta de valores e não apenas de preços e para isso, descobrir o quanto sabemos do nosso valor como pessoas e profissionais. Ao saber identificar o valor das pessoas daremos a oportunidade a nós mesmos, de valorizar as pessoas que sempre estiveram perto da gente, independente da condição de momento.
Vamos entender que o tempo nos ensina tudo, inclusive o óbvio, o problema é que nossas percepções não foram preparadas para o óbvio. Gostamos de complicar, de tornar difícil o que seria fácil e de gritar na hora que poderíamos falar num bom tom para se ouvir.
Vamos olhar o mundo como uma grande escola, onde aprendemos com todos, até com aqueles que sabem menos do que nós mesmos. Todos têm sempre algo a nos ensinar, até mesmo os repolhos da vida. Aprendemos a ficar em silêncio com os barulhentos ou faladores de plantão; aprendemos a ser tolerantes com os intransigentes, intolerantes e donos da verdade; aprendemos ser bondosos cercados pelos maldosos; aprendemos educação com os mal-educados; aprendemos a respeitar com quem nos falta com respeito; aprendemos a amar com quem nunca soube o que é amor e aprendemos a ter fé com quem nunca acreditou em nada.
Davi Barry escreveu sobre 10 coisas que levou muito tempo para aprender e que compartilho com você:
As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
Por isso, prego que as pessoas quando decidirem cultivar algo, que invistam em uma plantação de rosas e não de repolhos, pois além de não ter gosto de nada, ainda gera uma série de problemas estomacais como gases de péssimo odor.
Por: Weber Negreiros