Jessé Souza

O ultimo muro a paranoia 19 12 2014 421

O último muro, a paranoia Jessé Souza* Nos últimos anos, surgiu uma verdadeira campanha que disseminava a paranóica ideia de que os atuais dirigentes queriam transformar o Brasil em Cuba. Surgiram fervorosos comentários de que estaria em curso um movimento para implantar o comunismo no Brasil. Paralelo a isso, um movimento religioso extremista também começou a pregar a homofobia sob o argumento que estariam querendo acabar com a família. No golpe militar de 1964, a concretização da ditadura só foi possível graças a estas campanhas incisivas que andaram de mãos dadas: a paranoia do comunismo e o discurso de que queriam destruir a família como núcleo religioso e base de sustentação da sociedade. O resto da história todos já sabem aonde foi parar. Pois bem. Os Estados Unidos anunciaram ontem a retomada dos laços diplomáticos com Cuba, enterrando de vez uma guerra fria que nem existia mais. Foi a queda do último muro que restava de pé ainda do século passado. E, com este muro, ruíram também todos os argumentos paranóicos de que o Brasil queria ser Cuba e do investimento que o governo brasileiro fez naquele país, o qual definhou com o fim da utopia do socialismo e com o forte bloqueio econômico praticado pelos EUA. A vida dos cubanos não vai melhorar do dia para a noite, até porque o fim das sanções econômicas impostas pelo país norte-americano ainda depende da aprovação do Congresso Nacional americano. E Cuba ainda precisa se livrar de muitos entulhos que vão perdurar por longos anos. Porém, a retomada das relações com os EUA derruba também o muro da verborreia mental que ganhou força, no Brasil, para amedrontar pessoas de mentes fracas, que caem em qualquer manipulação ideológica. O Brasil nunca quis ser Cuba e os homossexuais não representam o fim da família. Em Roraima, por longos anos, os políticos mal intencionados pregaram a paranoia da internacionalização da Amazônia. Fantasiavam que Roraima seria tomado por “capacetes azuis da ONU” e que Roraima seria anexado aos Estados Unidos. Tudo para jogar a opinião pública contra os índios e contra todos aqueles que lutavam contra os políticos corruptos que viam em Roraima o lugar certo para acumular terras, poder e dinheiro. Por muito pouco, essa turma da paranoia não conseguiu vencer. Porém, deixou sequelas profundas na sociedade roraimense, que se assusta com qualquer manipulação ideológica, tal qual a paranoia do comunismo. Naquele tempo, que não faz tanto tempo assim, se dissessem que os ETs iriam invadir Roraima, seria bem provável que boa parcela da sociedade iria acreditar e se apavorar. Mas, enfim, descobrimos quem eram os verdadeiros perigos: os próprios políticos corruptos que se apropriaram de tudo, inclusive das terras públicas que foram transferidas para o Estado pela União. Abram os olhos. A paranoia é uma tática para encobrir os verdadeiros fatos. *Jornalista [email protected]