JESSÉ SOUZA

Operação policial e a esperança de que o Beiral do passado seja enterrado definitivamente  

A população roraimense espera que essa operação policial realizada nesta quinta-feira, na área central de Boa Vista, para combater o tráfico de drogas, não seja um “mais do mesmo” do que já vimos quando o alvo era o antigo Beiral, que foi extinto a partir da construção do Parque Rio Branco, onde está um dos mais importantes cartões postais da Capital, o Mirante Edileusa Lóz.

Por décadas, as forças policiais jamais conseguiram exterminar o tráfico de drogas que era praticado abertamente naquela pequena área de interesse social chamada de Caetano Filho, popularmente conhecido como Beiral, onde hoje fica o Parque Rio Branco. Havia promessas e operações policiais esporádicas que se mostravam paliativas. Precisou a área ser desapropriada e, no local, erguido um parque urbano para que o cenário mudasse.

No entanto, o tráfico de drogas apenas se mudou e ocupou todas as áreas ao redor do novo parque, mostrando que não adianta realizar uma operação para prender os zumbis do tráfico enquanto os verdadeiros traficantes ficam impunes e intocáveis, como sempre ocorreu no vergonhoso e histórico Beiral que ruiu a partir da construção do parque.

A operação policial de ontem não pode ser uma repetição do passado, pois  Boa Vista é uma cidade organizada e o Centro da cidade reconhecido por seus atrativos turísticos que inclui o Berço Histórico, onde estão as mais antigas escolas públicas da Capital, praças, centros comerciais, bancos, terminal de ônibus, táxi-lotação e moto-táxi, além dos mais importantes pontos turísticos. Por isso é necessário que esta área não seja dominada pelo crime.

Durante os 25 mandados de prisão cumpridos na área, pela Operação Redenção de ontem, já foi possível perceber que o fluxo da droga é movimentado não apenas por zumbis do tráfico, mas também por elementos perigosos envolvidos, além do tráfico de drogas, em homicídio, latrocínio, assaltos, violência doméstica, estupro, furtos, participação em organização criminosa, receptação e ameaça.

Falta agora pegar os verdadeiros traficantes, os mantenedores de toda essa estrutura, uma vez que, se isso não for feito, os 26 elementos que foram presos apenas serão substituídos imediatamente por outros pequenos traficantes, fazendo roda do tráfico girar novamente, continuando a desafiar as polícias e as autoridades ligadas à segurança pública, como sempre ocorreu no extinto Beiral.

*Colunista

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