Operação policial que só confirma o reflexo da imigração desordenada Jessé Souza*
Durante uma operação policial, nos últimos dias de outubro, a Polícia Civil de Roraima acabou por revelar o que todos já desconfiavam: criminosos venezuelanos que integram uma facção esquartejava suas vítimas em acerto de conta no tráfico de droga e até mesmo exploração sexual de mulheres.
Um fato omitido por parte de parte da imprensa: durante os mandados de prisão e busca e apreensão, cumpridos em um dos abrigos no bairro 13 de setembro, foram presos três venezuelanos e apreendidas 153 trouxinhas de droga, bem como armas brancas usadas no crime e vários aparelhos celulares provenientes de furtos.
Não. Não se trata de tentar criminalizar todos os imigrantes em situação vulnerável que estão acolhidos nos abrigos em Boa Vista. Absolutamente não. O que se chama a atenção é para a superproteção aos abrigados, inclusive com impedimento para a Polícia Militar adentrar nestes locais em diligências em casos de furto de celular que poderiam resultar em flagrante.
Essa excessiva proteção permite que bandidos estejam sendo tratados no mesmo nível de famílias desabrigadas que fogem da miséria em seu país. E isso revela problemas na triagem, na chegada, onde nossas fronteiras são portas escancaradas para a ilegalidade; e onde o Exército não sabe mais se guarnece nossas fronteiras ou se protege os imigrantes que chegam, muitos deles por caminhos clandestinos.
Os abrigos contam com seguranças particulares, que na verdade não têm autonomia para nada, pois nem o Exército mostra forças para agir com rigor necessário, seja por temor de ser criticado pelos defensores absolutos do sistema adotado ou mesmo de ser chamado de xenófobo, já que é o próprio Exército responsável pela Operação Acolhida.
O serviço prestado pela Operação Acolhida é responsável por amenizar os impactos da imigração desordenada. Esse grande serviço é reconhecido internacionalmente. Porém, essa falta de rigidez na segurança, fiscalização, monitoramento e triagem dos abrigados provoca situações como essa, em que bandidos venezuelanos usam abrigo para praticarem crimes hediondos.
Não falta nada aos abrigados estrangeiros, como alimentação, serviços assistenciais, cursos e acompanhamentos para que possam trabalhar, estudar e até mesmo serem transferidos para outros estados. Por isso mesmo que é inadmissível que algum abrigado se debande para o lado do crime, além do que pobreza não é autorização para ninguém se tornar bandido.
Já vem sendo dito, há um certo tempo, que a Operação Acolhida não irá mais conseguir atender a crescente demanda que só aumenta a cada dia, com a chegada de centenas de estrangeiros diariamente. Mas o Governo Federal demonstrou que está satisfeito com o que está aí, como se estivesse indo tudo bem.
Mas não está tudo bem. E a tendência é a crise aumentar com o fim do auxílio emergencial, cuja última parcela começará a ser paga neste mês de novembro. Muitos venezuelanos são beneficiários desse programa social, e muitos deles irão ficar sem qualquer renda a partir do fim deste ano. As notícias não são boas diante de um quadro de crise que pode se agravar ainda mais.
Está comprovado que o crime organizado tem cooptado estrangeiros para o tráfico de droga e de armas, além daqueles que já eram envolvidos em crimes, mas que não encontraram dificuldades para se estabelecer em Roraima e se associar a outros bandidos. A operação da Polícia Civil mostrou com toda claridade possível tal realidade.
As autoridades locais precisam perceber que é preciso fazer muito mais do que colocar a polícia para trabalhar. Essa questão não irá se resolver somente com mais policiais nas ruas. Não mesmo.
*Colunista