Opinião
OPINIAO 01 04 2015 812
A queda do Airbus e o piloto suicida – DolanePatrícia*
Considerada a forma mais segura para viajar, o avião é um dos meios de transporte mais utilizados do mundo. No entanto, quando é noticiado um acidente aéreo, o medo toma conta de muitos.
Oavião Airbus da companhia alemã Germanwings, empresa da Lufthansa, caiu no sul da França. A aeronave ia de Barcelona, na Espanha, para Düsseldorf, na Alemanha, segundo autoridades aéreas. O voo 4U9525 viajava com 150 pessoas a bordo – 144 passageiros, dois pilotos e quatro tripulantes.
Nunca se ouve com naturalidade a queda de um avião e, quando existem150 pessoas a bordo, a situação é bem mais chocante. No entanto, quando se trata de uma queda onde se investiga ter sido proposital e cometida pelo piloto da aeronave, já ultrapassa até mesmo a imaginação dos criadores dos mais premiados filmes de ação.
Autoridades francesas afirmam que copiloto derrubou o avião propositalmente e ainda afirma que o mesmo possuía histórico suicida. A queda durou 8 minutos, os gritos dos passageiros só foram ouvidos no último momento.
O procurador de justiça de Marselha (França), Brice Robin, disse em entrevista coletiva que o copiloto do avião “deliberadamente fez a aeronave perder altitude”, o que levou à queda. “Eu penso que voluntariamente ele se recusou a abrir a porta e apertou o botão para o avião descer”, disse Robin.
De acordo com o procurador, o copiloto acionou a descida do avião “por uma razão que nós ignoramos totalmente, mas que pode ser analisada como uma vontade de destruir este avião”.
O avião decolou com meia hora de atraso, mas a companhia ainda não sabe informar o motivo. Aliás, a companhia não sabe informar muita coisa. Importa salientar que o “piloto suicida” está morto e não pode se defender!
O comandante do voo havia deixado a cabine para ir ao banheiro e não teve acesso ao local na volta. Apesar de ser uma hora meio imprópria para ir ao banheiro, a caixa preta possui gravação da tentativa de retorno a cabine, sem sucesso!
O copiloto estava na cabine, havia travado a porta por dentro. A gravação captou a respiração dele até o momento do impacto. Os investigadores obtiveram as seguintes informações da caixa preta: “O cara do lado de fora bate à porta delicadamente e não há resposta. Ele então bate com mais força e não há mais resposta. Pode-se ouvir ele tentando derrubar a porta”, completou o investigador, que pediu anonimato.
Apesar de dar pista sobre as razões que levaram à queda do avião, as gravações também levantam mais dúvidas. Não se sabe por que o piloto saiu e por que o outro não abre a porta. Assim, não se sabe também porque não foi feita uma devassa na vida do piloto, uma vez que se conhecesse hoje até a quarta geração do copiloto, suposto suicida. Soube-se inclusive da gravidez da esposa e da sua vida na infância. Já do piloto nada se buscou, não que tivesse sido divulgado.
O Ministério Público da França disse que Lubitz teria agido deliberadamente para “destruir o avião”. O avião teria sido desviado em direção aos Alpes Franceses e feito as manobras de descida de forma proposital. De acordo com os investigadores, as gravações da cabine indicam que as insistentes chamadas da torre de controle foram ignoradas.
Segundo o presidente do grupo Lufthansa, estava 100% apto a voar, sem restrições – passou em todos os testes da companhia. Ele começou os treinamentos, interrompeu por três meses e depois retomou. Andreas Lubitz recebeu o certificado para voar em 2013 e tinha 630 horas de voo. Conhecidos de Andreas também disseram que ele não apresentava sinais de depressão.
A caixa-preta recuperada é a que registra as conversas na cabine. O áudio revela que durante os primeiros 20 minutos de voo a conversa entre os dois pilotos fluiu normalmente. Mas, quando o piloto saiu para ir ao banheiro, o copiloto colocou em ação a descida do avião, o que só pode ser feito manualmente.
Em entrevista ao jornal alemão Bild, a ex-namorada do copiloto, uma comissária de bordo de 26 anos, disse que, quando soube da tragédia, lembrou-se de uma frase do piloto: “Um dia vou fazer algo que vai mudar todo o sistema, e todo mundo vai conhecer e lembrar meu nome”. Investigadores alemães encontraram antidepressivos no apartamento do copiloto da companhia Germanwings.
A promotoria informou também que encontrou documentos médicos “que apontam uma doença e o tratamento médico correspondente” na casa de Lubitz, em Düsseldorf, e na de seus pais, na cidade alemã de Montabaur.
Segundo o jornal americano “The New York Times”, Lubitz também tinha problemas de visão que poderiam ter colocado em risco seu trabalho.
Que existe o sigilo médico, todos concordamos, no entanto, o problema de visão já era grave o suficiente para quem iria pilotar um avião com centenas de pessoas a bordo.
O copiloto havia passado por tratamento para tentar conter tendências suicidas no passado.Era para a empresa ter conhecimento desse fato, antes de permitir sua atuação como copiloto.
“Todos os aviões devem poder bloquear e blindar a entrada da cabine. O Airbus desenvolveu seu próprio sistema. Se o piloto ou os ocupantes da cabine perdem a consciência, é possível acessá-la do exterior mediante uma chave. Mas se um ou os dois pilotos bloqueiam a porta através de um ferrolho, é impossível entrar.
“A investigação terá que elucidar se o único piloto que estava na cabine bloqueou, de fato, o sistema para que ninguém pudesse entrar.” El Pais
A aeronave passou por manutenção de rotina um dia antes do acidente. A respiração de Lubitz estava “normal” até momento do impacto.
Pode-se ouvir a porta ser esmurrada e os alarmes soando, acrescentou, e grito dos passageiros nos segundos finais. “A morte foi instantânea”, disse o procurador, lembrando que o avião voava a 700 km/h quando atingiu as montanhas.
A pergunta que não quer calar é: como uma conceituada empresa alemã possui no seu quadro de piloto, alguém com problema de visão e tendência suicida?
*Advogada, juíza arbitral, Personalidade Brasileira – Twitter: Dolanepatricia_
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No cadinho da cultura – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“A cultura é um cadinho no qual se fundem todas as culturas”.
Esse pensamento que você está lendo aí encima, é meu, porque é assim que vejo a cultura. Uma mistura de saberes, independentemente do grau cultural convencional, em cada um. Ainda somos incultos o suficiente para só julgar culto, os que decoraram os dizeres dos livros. Não imaginamos que acultura nasce entre os mestres nada instruídos, pelo menos no nosso conceito de instrução. Ontem resolvi dar um mergulho nas minhas agendas antigas, onde sempre anotei dizeres que considero cultos. Você nem imagina o que li. Mas antes dei uma olhadela no livro do Célio Turino, “Ponto de Cultura – o Brasil de baixo para cima”. E nele encontrei uma matéria do Emir Sader. Nele ele fala de como o fato da retirada do Estado do incentivo à cultura deixou nas mãos dos empresários, a orientação da cultura. (A citação do texto do Emir não está textual).
Continuei mergulhando e olha só o que encontrei do Aparício Torelly – (Barão de Itararé): “A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”. Mas, o mais interessante foi o que encontrei em relação a mim mesmo.
Não sei se me assustei, mas ri pra dedéu. Faz um punhado de anos que comecei a fazer umas esculturas meio empíricas. Nada de técnica. Quebrava mais as coitadas do que as construía. Tinha um monte de fragmentos ali no canto da parede.
Até que um dia recebi uma pressão danada para montar uma galeria. Claro que não levei a coisa a sério. E como a pressão continuou resolvi brincar para parar. Bolei o seguinte nome para a galeria: “Galeria Jeniau – Ex-posição: Fragmentos da Ex-cultura”. Ainda cheguei a juntar uma porção dos fragmentos. Mas não tive coragem de montar a galeria. Você teria?
Depois veio o movimento extraordinário dos Pontos de Cultura, que foram um dos acontecimentos mais importantes na cultura brasileira, no meu entender apaixonado. Mas, somos brasileiros. E os Pontos de Cultura sofreram um abalo que ainda não consegui entender. Mas entendi que se eu tivesse aberto minha “Galeria Jeniau”, teria sido acusado de ter destruído a cultura, tornando-a numa ex-cultura. Afinal, fui ou não fui um jêniu? Cara, você nem imagina as curiosidades que tenho anotadas nas minhas velhas agendas. Mas, pensando bem, nem preciso ir nadar nas velhas agendas. Parei de digitar quando ouvi alguém dizendo, na televisão, que as aulas serão repostas nos feriados, sem prejuízo para os alunos. Será que tirar uma criança de sua casa, num feriado, para ir à escola não é um prejuízo? Mas estamos falando de cultura. Pense nisso.
*Articulista – [email protected] – 99121-1460
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ESPAÇO DO LEITOR
ENTORPECENTES
Carlos Amorim comentou que, apesar de a polícia combater diuturnamente a venda de entorpecentes, inclusive com a prisão de alguns líderes do tráfico na Capital, ainda é possível ver na imprensa a notícia de jovens que estão perdendo seus valores por conta da venda e do consumo de drogas. “A perda dos valores morais e o abandono da família são alguns dos fatores que desencadeiam a destruição de pessoas de bem, que são levadas para este caminho sem volta. Está na hora de o poder público intervir para minimizar este caos que ronda inúmeras famílias”, frisou.
BURACOS
O vendedor Ronaldo Guimarães enviou a seguinte reclamação: “Já está, há bastante, tempo uma obra no final da rua Ataíde Teive, entre os bairros Equatorial e Cruviana, sem previsão de término, relacionada à ampliação de esgoto. Já foram endereçadas inúmeras reclamações e nada foi feito. O prejuízo no final fica para os motoristas que têm de arcar com a manutenção dos veículos”.
BALANÇAS
O internauta Roberto Freitas encaminhou o seguinte e-mail: “Os vendedores que possuem balanças na Feira do Produtor, ao que parece, estão necessitando passar por uma fiscalização de rotina. Ao comprar um peixe em uma das bancas instaladas no local, percebi que existia, antes do produto ser pesado, uma oscilação no peso que aparecia no leitor eletrônico. Achando estranho, questionei o vendedor que simplesmente ignorou minha reclamação. Ao endereçar a denúncia junto ao Ipem, nada foi feito. E o consumidor continua sendo lesado”.
REAJUSTE
O leitor Vinícius Lopes relatou que em menos de dois meses houve mais um reajuste no preço dos medicamentos. “Desta vez, o percentual fica em torno de 7.7%. Assim fica difícil para quem depende do uso controlado de medicamentos arcar com este reajuste. De nada adianta ter a tabela e o congelamento do salário mínimo se anualmente itens básicos como medicamentos, combustíveis, tarifas de água e energia recebem, pelo menos, duas correções a cada semestre. Este deveria ser o mesmo critério para o reajuste do salário mínimo”, escreveu.