Cadeira de destro – Samuel Felipe Ramires Franco*
“Aquilo que não me mata me torna mais forte”Nietzsche
Cadeira de destro: Parece algo tão banal, porém, é prova cabal do preconceito que parece ter sido perpetuado hoje na sociedade contra os canhotos. Cadeira de destro: Quem dera preconceito se resumisse a isso. Dizem que o mundo de hoje é dominado por pessoas machistas, racistas…e destras! Afinal o mundo é deles. Jesus Cristo está assentado a destra de Deus, se começamos algo com o pé esquerdo sem sombra de dúvida dará errado. ERRADO? O que todo mundo tem contra esse lado? Ser canhoto é errado?
Cadeira de destro: Tocar violão é um entrave, usamos o abridor de latas de maneira contrária, o mause de forma trocada, a marcha do carro fica do lado direito do motorista, a espiral do caderno incomoda muito nossa mão, nos entortamos para escrever “clássica” cadeira de destro.
A genética explica o tal fato, afirmando que a referida característica á manifesta em um individuo por um par de genes recessivos (é necessário a presença de dois desses genes para pessoa ser canhota enquanto que nos destros apenas um genes basta), essas condições fazem a população de canhotos ser de apenas 1 canhoto contra 10 destros. Um canhoto se torna ambidestro por necessidade, já o destro o faz por puro luxo (pois ele não precisa disso).
Porém, em meio a todos essas situações, somos melhores nos esportes: boxe, judô, beisebol, esgrima e também mais criativos, pois o hemisfério do cérebro que usamos para escrever com a mão esquerda é o mesmo responsável pela criatividade e habilidades nos esportes. O coração, órgão vital para o funcionamento do corpo humano, fica do lado esquerdo do peito.
Cadeira de destro: Não passamos despercebidos, temos e fazemos a história: Napoleão Bonaparte, Joana D’Arc, Che Guevara, Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Michelangelo, Beethoven, Charles Chaplin, Alexandre o Grande, Júlio César, Isaac Newton, Albert Einstein, Machado de Assis. Ayrton Senna, Pelé, Maradona, Bill Gates e Barak Obama, todos são ou eram canhotos (pois muitos já morreram).
Em suma, sinto-me feliz em ser canhoto, em ser “diferente”, em ser “errado”, porque essa “diferença” me ensina a acertar e a superar os desafios e me torna cada vez mais forte, muito forte, até mesmo para enfrentar a cadeira de destro.
*Acadêmico do curso de medicina na UFRR – [email protected]——————————————–
Egocentrismo – Flávio Melo Ribeiro*
Sou Psicólogo e numa determinada tarde entrou no consultório um rapaz de aproximadamente vinte e dois anos, moreno, olhos tristes, cabelos cacheados, sorriso que mostrava sofrimento. Durante a psicoterapia ficou tenso e inclinado para frente. Falava com arrogância, mas seu discurso apontava sua insegurança. Sua queixa era que não conseguia manter um namoro. Relatou que depois de alguns meses e diversas DR (discutir a relação) o relacionamento acabava. Entendia que a relação estava ruim a ponto de terminar, mas não conseguia sair desse ciclo vicioso.
No decorrer dos atendimentos ficou claro o quanto desejava que as pessoas mudassem para que ele fosse feliz e pudesse tanto amar e ser amado, mas não fazia o básico: mudar a si próprio. Ele era egocêntrico: nas conversas adorava falar de si, das atividades que fazia e gostava, bem como interromper a fala do outro para expor suas opiniões. A ânsia em falar de si deixava pouco tempo ao outro, consequentemente, não conhecia com profundidade seus familiares, amigos e as namoradas que teve. Era comum apresentar olhar crítico, percebia com muita facilidade os defeitos e os apontava. Por vezes o fazia de forma engraçada, mas não menos agressiva.
Nos namoros não era diferente, percebia e apontava o quanto a namorada não lhe agradou, ou ficou distante, mas pouco percebia seus defeitos. Exigia atenção o tempo todo e para isso justificava que se dedicava inteiramente a namorada. Isto era verdade, mas não se dava conta que o fazia por carência, por medo de ficar sozinho e não de forma equilibrada.
Para quase tudo tinha uma justificativa e quem tudo justifica não consegue enxergar seus próprios erros, por conseguinte, deixava suas “namoradas” na defensiva, não encontravam nele um ombro amigo, ele era mais um filho do que um namorado.
No decorrer da psicoterapia a missão era faze-lo crescer, tornar-se adulto e um conhecedor do ser humano e suas necessidades. Ele precisou conhecer quem estava ao seu redor, perceber as necessidades dos outros, saber o que os motivavam, do que gostariam de compartilhar. Bem como, identificar o que no seu comportamento era maléfico nas relações. Aprendeu a ouvir mais do que falar, a respeitar e ser humilde; com o tempo foi se dando conta que precisava amar para então ser amado. Com essas mudanças foi possível aprofundar os aspectos subjetivos e emocionais que lhe apareciam como barreira.
*Psicólogo, CRP12/00449 – [email protected]——————————————-
Como fomos felizes – Afonso Rodrigues de Oliveira*
“Oh, doce amiga, é certo que seríamos felizes na ausência deste calamitoso Brasil”. (Mário de Andrade)
Não precisaríamos nos afastar do Brasil para ser feliz. Bastaria que tirássemos de nós, as calamidades que assolam o Brasil. Não sei se você teve, como eu tive, o desprazer de ouvir, pela televisão, o pronunciamento do Ministro da Fazenda. Ele, pela televisão, comparou o problema das pedaladas fiscais com uma compra num supermercado; onde você deve levar a lista dos produtos que quer comprar e não pode comprar mais do que está na lista, porque você só tem cem reais no bolso. Tomara que você tenha ouvido o Ministro e o tenha entendido, porque eu não o entendi. Mas tudo bem, estamos, todos, num verdadeiro balaio de caranguejos.
Nos últimos meses tenho caminhado pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Tenho observado, com muita curiosidade, as diferenças entre uma cidade e a outra. Diferenças que sempre existiram, mas que não foram tão observadas e notadas por mim. Adoro o Rio de Janeiro e me entristeci vendo o desmando administrativo que a cidade sofre. São Paulo, a meu ver, está bem melhor, mas mesmo assim, merecendo de mais cuidados em todos os sentidos. O que tenho visto e notado, daria assunto para o ano todo. Mas vou ficar por aqui. Apoio o Mário de Andrade e admiro o Ivan Lessa: “No Brasil, a cada 15 anos todos esquecem o que aconteceu nos últimos 15 anos”.
Não devemos viver no passado, mas não devemos nos esquecer dele em tudo que nos foi agradável. Sem sentimentalismo. O sentimentalismo nos engana quando pensamos que ele nos faz feliz. Mesmo porque só sentimos saudade quando fomos felizes. E para que sintamos saudade dos dias passados temos que viver com felicidade os dias atuais. E não seremos felizes se ficarmos nadando no lamaçal da nossa política atual. Aliás, um pantanal mais antigo do que andar pra frente. Vamos viver cada momento de nossas vidas como ele deve ser vivido. Com felicidade, amor e racionalidade.
Caminhando acelerado pela Avenida São João, ontem pela manhã, procurei diferenças do que conheci por aqui há 50 anos. E não estou exagerando, não vi nada melhor. Mesmo que você considere isso um exagero, acredite, não é. Porque não fiquei triste quando, por curiosidade, desci da Praça do Patriarca no Viaduto do Chá. Adorei o trato que foi dado ao espaço, mas decepcionou-me o desperdício no espaço. Foi naquele espaço que assisti a grandes exposições de arte nas décadas de cinquenta e sessenta do século XX. Aí senti saudade dos velhos tempos. Aí me senti feliz por ter vivido aqueles momentos daqueles tempos. Pense nisso.
*Articulista – [email protected] – 99121-1460 ——————————————–
ESPAÇO DO LEITOR
CARACARAÍ 1Em relação à matéria “Orla se torna um perigo para os visitantes”, o leitor Sérgio Vasconcelos comentou: “Infelizmente, este é o retrato da situação em que se encontra o Município de Caracaraí, jogado às traças. Faltam gerenciamento administrativo e um cuidado especial com o município. Desde a gestão anterior que a cidade está com um aspecto de abandono, muita sujeira e mato para tudo quanto é lado. Para piorar a situação, os setores da segurança pública, educação e saúde são alguns dos que também se encontram em total abandono”.
CARACARAÍ 2Ainda sobre o mesmo assunto, o internauta Sérgio Albuquerque encaminhou o seguinte e-mail: “O município deve ser administrado por alguém que realmente se envolva nos problemas que afligem a população. Há tempos estamos relatando esta situação e nada de concreto é feito para mudar este quadro. Temos uma Câmara de Vereadores que não se manifesta em defesa da população. O setor agrícola há tempos está em declínio, não se planta mais nem para a subsistência, tudo temos que importar”, disse.
QUEIMADAS“Apesar de todo o alerta, inclusive com punições aos infratores que insistem em colocar fogo nas suas residências, principalmente neste período de forte estiagem, muitos ainda burlam a fiscalização e continuam cometendo a mesma infração. Aqui na rua Francisco Custódio de Andrade, no barro Caimbé, existem dois vizinhos que insistentemente colocam fogo em pleno dia, logo pela manhã. É um desrespeito com os vizinhos. Por outro lado, é necessário que a fiscalização ambiental seja reforçada no nosso bairro”.
RORAINÓPOLISSobre o pedido de afastamento do prefeito de Rorainópolis, o leitor Célio Roberto Albuquerque Feitosa comentou: “O município está entregue à sua própria sorte. É vergonhosa a situação em que estão a Vila Nova Colina e o Distrito de Jundiá, que se encontram abandonados pela prefeitura. Apesar da demora, ainda é possível moralizar a situação administrativa do município”.