Opinião

Opiniao 01 05 2017 3972

Avocação Política – Alexandre Roberto Andrade Cavalcante*Três ofícios possuíam maior status na Idade Média: o sacerdócio, a filosofia e a medicina. Com o passar do tempo, e com a substituição do sistema feudalista no século XVI para o qual vivemos hoje, o capitalista, os ofícios passaram a ser profissão. Adentrando na era do trabalho como profissão, três cargos se destacam por ganharem maior visibilidade e prestígio: a política, a ciência e a medicina.

Em seu livro Ciência e política: duas vocações, o sociólogo alemão Max Weber ressalta que, assim como o sacerdócio e a filosofia eram exercidas com vocação, essas duas figuras que se destacaram na era moderna, a política e a ciência, também passaram a ter como “pré-requisito” à vocação. Ou seja, a pessoa tinha que possuir vocação para agir nessas funções, pois essas duas profissões estão para servir a sociedade.

Junto com a ciência, a política e a medicina, outra profissão também se destacava: o empresariado. Mas a figura do empresariado não necessita necessariamente de vocação para ser exercida. A figura empresarial era tratada como algo normal, por isso o seu destaque tinha menos relevância no tempo. Mas hoje as coisas mudaram. Em nossos dias, o empresariado é uma das profissões mais visada pela maioria da população.

O que levou a isso? As pessoas passaram a alimentar e a acreditar cada vez mais no sistema capitalista. A sociedade está amando cada vez mais o dinheiro, e com o dinheiro advém o núcleo do capitalismo: o lucro.

Por conta dessa mentalidade voltada para o amor ao dinheiro, a ciência como vocação declinou, perdendo assim, a notoriedade que a profissão tinha. No lugar da ciência, a figura empresarial finalmente consegue seu lugar de destaque na sociedade.  O que se percebe nos hodiernos é que o empresariado é quase idolatrado. Então política e empreendedorismo são as profissões mais em alta na sociedade dos dias atuais. Mas como já mencionado nesse texto, a figura empresarial não necessita necessariamente de vocação. Resta a política como vocação. Porém será que a política está sendo exercida com vocação mesmo? Os escândalos de corrupção da Lava-Jato e a vitória de João Doria para a prefeitura de São Paulo estão nos mostrando o contrário. Política se tornou um negócio bem lucrativo. Esse “business” político pode ser bem representado também na figura polêmica do atual presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Ele deixou bem claro que não tem vocação para a política e atua com a visão empresarial.

Aquela ideia de viver para a política não existe mais. Há pessoas fazendo carreira na política e vivendo de política. A política precisa nos servir e não o contrário. Vivemos em tempos de “avocação” na política. Os problemas políticos no Brasil e no Mundo só serão solucionados se a população quiser viver mais de Democracia Direta e menos de Democracia Representativa.*Sociólogo

Povo parado dum país prostrado – Tom Zé Albuquerque*O último dia 28 de abril ficou marcado para o Brasil por uma greve (intitulada de “greve geral”, mas não abrangida em sua totalidade que fizesse jus ao nome). Em verdade, pelo formato do evento, não se dá pra saber ainda se o que aconteceu foi greve, foi manifestação ou foi protesto.

Este movimento nasceu do inconformismo da esquerda pelo seu desmoronamento do poder, a partir do impeachment que acarretou na saída da presidente da república petista, somado às inúmeras e recentes prisões de corruptos ligados ao poder (e iminente prisão do suspeito-mor), além da votação no Congresso Nacional que tornou facultativo o pagamento do imposto sindical. O que soa como contradição é o atual presidente do país (aliado e companheiro histórico – e inseparável) ser bombardeado exatamente por aqueles que o elevaram, apoiaram, o defenderam, o blindaram das denúncias de corrupção e, obviamente, destinaram seu voto.

Excessos ocorreram no dia da manifestação – ao ponto de determinada ala da sociedade rotular grevista de “vagabundo” – vez que este tipo de ato é legítimo sobremaneira por estar previsto na Constituição do Brasil.

Mas, e o direito de ir e vir do cidadão brasileiro, também previsto na Carta Magna do país? E o direito de exercer a profissão, também alojado no artigo 5º. da Constituição do nosso país? Evitar que um brasileiro trabalhe num país de quase 14 milhões de desempregados, maior parte dessa cruel estatística criada pelo governo petista, é um embuste.

Fazer greve, protestar ou participar de manifestação jamais pode ser tratado como ação de vagabundo. Porém, qual o adjetivo que se daria para pessoas que impedem o cidadão brasileiro de se deslocar ao seu local de trabalho, ora por barricadas de ferro velho, ora bloqueios de pneus queimados, ora por objetos arremessados em direção ao trabalhador? O nome vagabundo caberia para pessoas que acorrentam fios elétricos de metrô ou bloqueiam trilhos de trem com blocos de concreto, dando causa a acidentes de grandes proporções, fatais a pessoas inocentes, crianças, jovens ou pais de família? É infame aquele que destrói empresas privadas, por vezes construídas ao longo do tempo por famílias, de geração em geração? Pode ser tachado de calhorda aquele que se diz grevista e queima ônibus, arruína logradouros e depreda prédios públicos (portanto, dele próprio)?

Quando as comprovações do esquema do mensalão estouraram não vi nenhuma manifestação de apoio em preservação do patrimônio brasileiro. Para a operação Lava Jato, maior articulação criminosa já construída ao longo dos anos neste esculhambado país, não vi greve. Dinheiro público repartido ao privado oriundo do BNDES, empresa dos Correios e o desvio de dinheiro público, anistia de recursos a megaempresas, bilhões de reais destinados à infraestrutura em países comunistas… Não vi manifestação, nem protesto, muito menos greve. Quem sabe se a Ana Maria Braga e seu periquito ou algum ex-BBB tivessem convocado o povo, tivesse talvez havido reação da galera.

Colhi a real justificativa na greve do dia 28, e detectei sê-la pela contrariedade às reformas previdenciária (que, ao contrário que o governo prega, não há rombo) e trabalhistas (que, ao contrário do que os esquerdistas metralham (sem trocadilhos), precisa sim ser revista, aparando as arestas e quebrando os excessos), mas aí descobri que de cada 10 pessoas que inquiri, 9 delas não tinham lido o teor dos projetos de Lei em pauta. Isso mesmo, 90% da população estava fazendo greve sem saber o âmago textual que a motivou à manifestação. Em compensação, me deparei com oportunistas conhecedores da proposta, usando-a habilmente de forma vil; são candidatos irrefutáveis, de olho na cadeira parlamentar do pleito de 2018, bradando com gritos de luta, em campanha eleitoral antecipada de dar náusea. E o povo, claro, hipnotizado e pronto para pavimentar mais uma fábula.

Até os movimentos sociais estão se falsificando no Brasil, país da trapaça. Já não é tão difícil descobrir os reais escopos das greves, protestos ou movimentos. Ocorre que na próxima eleição a população vai votar. Em quem?*Administrador

Quebraram meu brinquedo – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Faça, todo dia, tudo que você pode fazer nesse dia, e faça cada ação em uma maneira diferente”. (Wallace Wattles)Conhece o Fernando Quintella? Ele vive me dando bronca, porque ando carrancudo nas minhas matérias. Segundo ele, elas poderiam ser mais bem humoradas. Porque, segundo ele, esse é meu estilo. E eu assino embaixo. Adoro me divertir. Mas como é que posso ser divertido se estão me massacrando com uma onda doentia de pessimismo? Mas vou embarcar na barca do Quintella. Deixa os negativos e negativistas pra lá, e vamos brincar a vida, no parque da Vida.

Mas semana passada os caras quebraram meu brinquedo. Eu mandei um emaranhado de letras pra você decifrar, e os caras decifraram e colocaram no jornal o problema resolvido. Aí tudo perdeu a graça. E agora? Você leu aí, a frase decifrada. Acho até que o Barão de Itararé, que foi quem a publicou nos anos sessentas, ficou tiririca da vida. Era algo bem simples. Mandei-a apenas para divertir você. Minha neta, de dez anos, destrinchou-a em poucos segundos. Imagino você.

Não tem mais graça porque você já sabe como era. Mas você não a viu como ela é originalmente. É assim, ó: EMBOCAFE CHADANÃO ENTRAMOS CA”. É quase uma tolice, mas é divertido pra dedéu, pra quem gosta de se divertir sadiamente. E prometo que os caras não vão mais quebrar nosso brinquedo. Porque agora é seu e meu. E agora decifre essa nova: um certo governador foi visitar uma grande obra no Estado e durante a visita os secretários perceberam que o governador estava com a cara amarrada. Na volta ao Palácio, ele falou para os secretários:

– Descubram que empresa é essa, de que nunca ouvi falar: EMOBRAS. O que é que ela está fazendo ali na obra?”

Os secretários entraram em ação, mas logo voltaram e, encabulados, falaram:

– Excelência… Há um equívoco. A placa que o senhor leu não é nenhuma empresa.

Decifre-a você e divirta-se. É simples pra dedéu. Divirta-se nesse feriadão. E reflita sobre as tolices que ainda fazemos, e que mesmo tolas aborrecem. E uma das tolices é a de ir para as ruas gritar contra mudanças.

Como é que vamos mudar sem mudar o que nos mantém no ostracismo cultural? Vamos mudar nossa educação apenas desenvolvendo-a. Porque não é ela, a educação, que vai mudar os corruptos, mas a nossa maneira de vê-los e evitá-los. E só nós podemos fazer isso; mas é preciso que nos eduquemos para isso. E concordo que a educação não melhora os corruptos. Aprendi isso ainda criança, com a frase: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. Depois falaremos sobre isso. Mas antes, pense isso.*[email protected]