Opinião

Opiniao 01 06 2017 4128

Solidariedade – Flamarion Portela*Num sentido literal, a solidariedade é um ato de bondade com o próximo. É o preocupar-se com uma situação difícil que alguém está passando e buscar meios de ajudá-la a resolver.

Para o escritor tcheco Franz Kafka, um dos grandes pensadores mundiais, a “solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”.

Mesmo num mundo cada vez mais competitivo, onde a cobiça, a ganância, a luta pelo poder e pelo status ganham mais espaço, a solidariedade ainda tem seu lugar garantido no coração das pessoas.

O povo brasileiro, por tradição, sempre teve um espírito solidário. É comum, sobretudo em grandes tragédias como enchentes, desmoronamentos, ou outras catástrofes naturais, ser feita uma grande mobilização pela sociedade civil, para ajudar as pessoas atingidas.

Em Roraima, atualmente, temos visto uma grande mobilização da sociedade e até mesmo do poder público, através do Governo de Roraima e da Defesa Civil, em torno de duas situações emergentes que ocorrem em nosso Estado.

A primeira delas, sem precedentes na história de Roraima, a grande migração de venezuelanos, que cruzam a fronteira todos os dias fugindo da grave crise econômica que atingiu o país vizinho. A situação é calamitosa, a ponto de já ser estudada pelo Governo Federal a criação de um campo de refugiados no Estado para abrigar os migrantes.

A mobilização do Governo, que criou um Centro de Referência ao Imigrante, junto com a solidariedade do povo roraimense, tem amenizado o problema de milhares de venezuelanos que estão espalhados pelas ruas e pela periferia de Boa Vista, em busca da sobrevivência, longe de suas casas e de suas famílias.

A outra situação, essa até mais corriqueira, é a enchente que atingiu o município de Uiramutã, com o transbordamento dos rios Maú e Uialã, deixando centenas de famílias desabrigadas. A governadora Suely Campos e a secretária Emília Campos, da Setrabes, estiveram pessoalmente coordenando as ações.

Imediatamente após a divulgação da tragédia, houve uma grande mobilização, sobretudo através das redes sociais, para arrecadar alimentos, roupas e utensílios domésticos para serem doados aos desabrigados e desalojados. E a solidariedade veio de todos os lados: da sociedade, organizações não governamentais e do próprio poder público.

Essas duas situações demonstram que a solidariedade supera até mesmo o preconceito que, de alguma forma, ainda existe no coração de algumas pessoas, contra indígenas e o povo venezuelano.

Fica ai o exemplo para todos. É preciso lembrar a cada dia os ensinamentos de Jesus Cristo de ajudar o próximo, de repartir o pão com aqueles que necessitam.Sejamos todos solidários. A Humanidade agradece!*Ex-governador de Roraima

Abuso de autoridade – Ranior Almeida Viana*Aprovado o Projeto de Lei do Senado n° 280 de 2016 que lista mais de trinta crimes de abuso de autoridade cometidos por servidores ou agentes públicos podendo ser eles: militares, policiais, promotores, juízes, prefeitos, deputados e senadores. Exemplos de abusos: conduzir de forma coercitiva um investigado que ainda não foi ao juiz, filmar uma pessoa que está sendo presa e outros.

Cito algumas das notícias de nossa Boa Vista, com as seguintes manchetes “Família de comerciante denuncia dois vereadores e policial militar por agressão” (Folha de Boa Vista 31/05) e a outra “Engenheiro e delegado vão parar no 1° DP após briga de trânsito” (Folha de Boa Vista 27/05). A lei de abuso de autoridade é um tanto quanto necessária, afinal a quantidade de agentes públicos acusados de agressões é enorme.

Os mesmos que deveriam zelar pela integridade dos cidadãos. E essa lei acaba sendo aprovada com certo atraso, pois a legislação em vigor é do período da ditadura.

Contrapondo a Lei do jeito que foi aprovada no Senado, atemorizava os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público (principalmente os da República de Curitiba). No caso dos juízes ao julgar determinado processo poderão vir a responder criminalmente pela decisão que tomar. Evidente que algumas condutas e decisões que são e já foram tomadas por juízes como, por exemplo, prender menor de idade junto com maiores reincidentes, prender uma mulher com homens e prender alguém para prestação de favores sexuais, casos desta forma merecem punição. Agora punir um juiz por exercer suas atividades e funções do dia a dia, francamente, não dá!

Voltando para nossa realidade local a calma e tranquilidade têm que imperar no comportamento dos motoristas e dos frequentadores de baladas independente de ser uma autoridade ou não. Já que os dois casos de agressões que chamam atenção foram registrados, onde uma foi oriunda de discussão de trânsito e outra em casa de show. Sabemos que dependendo do que ocorram nestes locais os ânimos ficam bem exaltados.

Entretanto precisaria sim ter sido mais discutida a lei de Abuso de Autoridade, mas já que foi aprovada, já era. No Brasil ocorre o abuso de autoridade há pelo menos 517 anos. Se as próprias autoridades não derem exemplo, como parar de achar que podem tudo, usar o artifício fortuito de dar carteirada e não argumentar com os braços, daí quem sabe as coisas não andem conforme tem que andar.   *Licenciado em Sociologia – UERR, Bacharelando em Ciências Sociais – [email protected]       

“Brasil mostra tua cara” – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Um Brasil cada vez mais a cara de Macunaíma, o herói sem caráter”. (General Elieser Monteiro)Relendo, ontem, essa frase importantíssima do General Elieser, comecei a refletir sobre um passado de apenas cinquenta anos. No início da década dos sessentas, vivi um momento bem acirrado na política no Brasil.

Foi um momento de movimentos agitadíssimos. Época em que o então Marechal Juarez Távora fez aquela declaração numa entrevista ao entrevistador Sargentelli. O Marechal terminou a frase dizendo: “… no dia em que os militares assumirem o poder neste País, teremos que ficar, pelo menos, trinta anos para que os senhores civis não consigam mais bagunçar”.

Sinceramente, não vejo risco em termos que viver mais um período de ditadura mascarada de governo militar. Foi terrível, foi. Mas necessária para que tenhamos mais clareza na nossa política. Mas ainda não aprendemos. Nem mesmo prestamos atenção ao fato de que estamos devendo nove anos aos militares, de acordo com seu programa que era para trinta anos, e só ficaram vinte e um. Mas o mais importante é que prestemos mais atenção a nós mesmos, enquanto cidadãos despreparados para a democracia. Falta-nos Educação.

Alguém já nos disse, chamando-nos a atenção para nosso despreparo na cidadania: “Não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o seu voto que faz o ladrão virar político”. É bom que prestemos atenção a essa advertência. Afinal somos todos responsáveis pelos maus políticos que nos roubam, nos maltratam e por aí afora. Continuarei repetindo: ainda temos bons políticos na nossa política. Mas eles são uma minoria que não consegue trabalhar porque são bloqueados pela esperteza dos desonestos, escudada na nossa ignorância política. Jarbas Passarinho certa vez falou: “No Brasil ainda temos bons políticos, mas não temos mais estadistas”. Verdade nua e crua.

Não é gritando, depredando e bagunçando nas ruas, que vamos resolver o problema político. É na nossa educação que está a solução para o problema que vem se arrastando através de décadas e décadas, sem que nos atentemos para nosso dever de cidadãos. Ainda não nos ensinaram que o cidadão deve votar por dever e não por obrigação. E por que não nos ensinam? Porque para os políticos desonestos isso não interessa. E como eles são uma esmagadora maioria, coitados de nós. Mas vamos fazer nossa parte, educando-nos para que possamos exigir, isso sim, nosso voto facultativo. Mas só quando formos cidadãos de fato e de direito, poderemos exigir o que merecemos como cidadãos, e não como marionetes, títeres de políticos desonestos. Pense nisso. *[email protected]