Opinião

Opiniao 01 11 2016 3187

Chifre em cabeça de cavalo -Walber Aguiar*O que é a verdade?                     PilatosEstavam tristes, cabisbaixos, sem nenhuma perspectiva de luz  e esperança diante da terrível morte na cruz. Durante o percurso de 11 quilômetros, distância que separa Jerusalém da aldeia de Emaús, os dois discípulos conversavam. Qual seria o diálogo, o que os preocupava durante a longa jornada?Ora, Talvez discorressem sobre a filosofia dos gregos; a maiêutica de Sócrates, o idealismo sublime de Platão, a análise científica e sistematizada de Aristóteles. Sei apenas que buscavam a verdade. Poderiam ter falado dos quatro elementos de criação do universo, segundo os mitos ou a especulação filosófica dos pré-socráticos. Talvez abordassem os argumentos de Epicuro e sua busca pelo prazer, ou dos estóicos,  que perseguiam  uma  perfeição inexistente e obsessiva. Especulações à parte, discorriam sobre os últimos acontecimentos de uma sexta feira fatídica. Da esperança perdida, de uma redenção que  não mais se daria dali por diante. No entanto, um terceiro viajante se aproximou e ia com eles. Um estranho andava bem perto, ouvindo com atenção os argumentos lamuriosos. A grande ironia foi a pergunta do desconhecido: quais? , em relação aos últimos eventos. Ao chegarem à aldeia de Emaús, o Jesus histórico se deu a conhecer aos  viajantes. Espargiu luz na cara e na ignorância dos mesmos. Fez com que eles desejassem viver de novo, através de sua graça e grandeza. Aqueceu a frieza e a desolação de corações que outrora retumbavam no peito e energizavam a alma.Ora, “as mentiras do cristianismo”, conforme escrito por um colaborador da “Folha de Boa Vista”, entristece a alma daqueles que buscam algo maior que um simples e carcomido sistema. O cristianismo já não interessa, o que vale é a proximidade  com Cristo, a comunhão  que aquece o peito, a sublevação de valores que dão sentido à vida, numa autêntica contracultura cristã. À semelhança dos dois de Emaús,  atravessamos um deserto existencial, numa jornada sem nenhum encanto. Apesar das picuinhas doutrinárias e daquilo que pode ter sido relevante, o mundo não mudou muito. O que faz diferença é a Graça de Deus , e o único dogma que permanece é o amor. O que passar disso é inútil, é procurar “chifre em cabeça de cavalo”…*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected]     ————————————A razão de nossa vida é a Glória de Deus – Marlene de Andrade*“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam…”(Mateus 6:19).A Igreja é a noiva de Cristo, mas, infelizmente, ela tem se desviado do Evangelho.  Hoje muitas igrejas negociam com Deus de uma forma que afronta a Santidade do Senhor, pois estão deixando de falar de Cristo para falar de negócios.Não é errado ser próspero, mas a Igreja existe para honrar a Deus e não para comercializar bênçãos, ou indulgências.É um absurdo o que alguns ‘pastores’fazemnos canais de televisão ou nos púlpitos, quando declaram que a oferta à igreja trará carro, ou então, entre outras coisas,acasa própria.Cristo tem que ser exaltado e todas as coisas que fazemos devem ser para a Glória dEle e não  nossa. Nascemos paraglorificar a Deus e não a nós mesmos, ou a qualquer outro ser mortal. Os ‘pastores’ não podem ficar em evidência e nem tampouco se aproveitar da boa fé dos fiéis para tirar proveito das mesmas.Além do mais, a Palavra de Deus é uma revelação curativa da alma e é através dela é que nos aperfeiçoamos.

Lamentavelmente, os ‘cristãos’modernosnão querem Deus e sim somente os prazeres carnais, sendo assim desprezam os valores espirituais.Esse padrão compromete o relacionamento com Deus e é óbvio que o homem governado pelo seu coração acaba se dando muito mal. Isaias a este respeito declara: “Enganoso é o coração… (Jeremias 17:9 a)”A Igreja entre outras tarefas serve também para proclamar as Boas Novas de Jesus Cristo, nosso Salvador. Somos embaixadores de Cristo e não mercantilistas. Os ‘pastores’ que prometem vitórias sem limites aos fieis, mentem escandalosamente, pois a Bíblia nos assevera que no mundo teremos aflições. Precisamos baixar nossas cabeças e crer que as tempestades que nos chegam são para que possamos aprender a confiar mais em Deus e crer que Ele só quer o nosso bem. E tem mais: as tribulações que passamos no nosso dia a dia, nos aproximam mais de dEle e servem para nos quebrantar e nos tirar de nossos pedestais. Deus é o Verdadeiro Pedagogo e Ele nos disciplina com amor. Portanto, ir à igreja para obtemos riquezas é deixar de lado a perspectiva de uma vida futura muito melhor do que esta tão passageira, aqui na terra e sinal de idolatria do nosso ego e falta de temor a Deus.*Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT, pós-graduada em Perícias Médicas/Fundação Unimed, técnica de Segurança no Trabalho/Senaihttps://www.facebook.com/marlene.de.andrade47Tel.: 3624-3445———————————E eu pensava que já tinha visto – Afonso Rodrigues de Oliveira*“Persistem, ainda, comportamentos característicos dos homens, idênticos aos comportamentos subumanos dos chimpanzés”. (Waldo Vieira)Nesse meu mais de meio século de experiência no mundo profissional, sobretudo nas relações humanas, fui tolo em pensar que já conhecesse tudo sobre desorganização. Até que ontem, pela manhã, vivi um momento que me despertou. Como ainda estamos atrasados. Saí para pagar duas contas de telefone que vencem hoje. Uma minha e outra da dona Salete. Cheguei à lotérica e passei as contas para a moça. Ela fez o pagamento da dona Salete, depois apontou para minha conta e fez um sinal negativo com o dedo indicador, indicando que a minha conta não poderia ser paga. Fiz sinal de tudo bem. Você já sabe que não se consegue mais falar com a atendente. Tem que ser, ou por leitura labial ou por sinais.Quando recebi a conta de volta, baixei a cabeça, quase a enfiei pelo buraco do vidro e perguntei à moça, por que a conta não podia ser paga. Ela chegou-se bem perto do vidro e me disse que eu tinha rasgado o código de barra. Sorri pra ela, ela sorriu pra mim, e me mandei. Fui até a agência telefônica pedir uma segunda via da conta. E foi aí que o bicho pegou. Eu nunca imaginara ver, nos dias atuais, com a evolução tecnológica, tanta desorganização num ambiente de atendimento coletivo. Cara… me diverti à beça. Começou com a retirada da senha. A moça me deu duas senhas: uma com o número 87 e outra com o número 113, e me disse para eu ir à primeira que me chamasse.Fiquei aproximadamente uma hora assistindo a coisas que eu não imaginava assistir. Até que ouvi alguém chamar a senha 113. Uma moça lindamente simpática me atendeu. Perguntei se ela não se sentia estressada depois do expediente. Ela me disse que sim, sobretudo, com certos clientes. Olhei nos olhos dela pra ver se ela se referia a mim. Mas não era. Enquanto ela me atendia, peguei o papelzinho da senha 87 e comecei a construir, em origami, um barquinho bem pequenininho para uma criança que chorava pra dedéu, no colo da mãe dele. Finalmente, delicadamente a atendente pediu licença e foi pegar a segunda via da minha conta. Ela voltou logo, despedimo-nos e lhe desejei um bom relaxamento depois do expediente. Ela sorriu feliz e eu me retirei. Procurei a criança para lhe dar o barquinho, mas ela já tinha saído.  Saí pela rua pensando em como ainda temos muito para progredir num mundo que pensamos estar em progresso. Vou ser sincero com você: eu não trabalharia num ambiente daqueles. E espero que você faça isso com você. Procure não adoecer no seu trabalho. Pense nisso.*[email protected]